Crianças de cinco anos de idade podem raciocinar sobre o mundo ao seu redor, por meio de múltiplas perspectivas, e simultaneamente! Em outras palavras, seria como se as informações fossem processadas ao mesmo tempo, com (quase) todas as infinitas possibilidades.
A nova teoria não poderia ter surgido em outro lugar que não fosse o Japão, se bem que pesquisadores australianos também colaboraram. Eles fizeram uso de um ramo da matemática chamado “Teoria das categorias”, para explicar o porque das habilidades de raciocínio específico das crianças idades, especialmente em cinco anos.
Teoria das categorias, como tudo na Matemática (que é o “complicado”*), é algo que soa esquisito (e é). Ocorre quando você possui duas inferências e toma um “atalho” para uma relação final (estou resumindo, como podem ver). Vejam o diagrama ao lado.
X, através de processo a, resulta em Y. Y, através de processo b, resulta em Z. As setas são chamadas “morfismos” e estão relacionados a uma função (a , b etc). Assim, o “atalho” X indo para Z é um morfismo composto, pois há uma associação de funções, onde a se associa a b , afim de propiciar a ida de X até Z. Simples, não? Vamos dar um exemplo: Joãozinho é mais alto que Mariazinha. Se eu disser que Mariazinha é mais alta que Alicinha, então eu posso associar os dois parâmetros e poderei afirmar com certeza, por meio de inferência transitiva, que Joãozinho é mais alto que Alicinha.
Entretanto, as associações devem estar dentro de uma mesma classe. Eu posso dizer que Joãozinho é mais alto que Mariazinha, mas se disser que Mariazinha é mais gorda que Alicinha, Joãozinho não passa a ser automaticamente mais alto e mais gordo que Alicinha, posto que eu apenas afirmei que ele era mais alto que a rolha de poço da Mariazinha, mas não falei nada na relação de massa entre os dois. Eu só posso associar classe iguais; no caso, a altura.
De acordo com a teoria publicada no periódico PLoS Computational Biology, as habilidades de raciocínio das crianças com cerca de 5 anos seguem estes processos, mas de forma simultânea. Da mesma forma, essas crianças também começam a compreender que há mais de um tipo de fruta do que as maçãs em uma mercearia – o que se chama “inclusão de classe”, na matemática. Apesar de décadas de experiências anteriores, as causas dos perfis muito semelhantes de desenvolvimento cognitivo através de tais paradigmas aparentemente dessemelhantes do raciocínio têm sido um mistério.
Steven Phillips, do Instituto Nacional de Ciência Industrial Avançada e Tecnologia (AIST), no Japão, e seus colegas mostram que tanto inferência transitiva e a inclusão de classe Inclusão desenvolvem-se nas crianças, porque envolvem a capacidade de aplicar duas linhas de pensamento sobre um problema no mesmo tempo, enquanto que crianças mais novas estão limitados a uma única linha de pensamento (X resulta em Y e fim).
Outros experimentos irão testar a teoria baseada em previsões sobre outros paradigmas e níveis mais complexos de raciocínio. Isto significa dizer que os pesquisadores abordarão múltiplos problemas de inferência, usando classes diferentes, observando o comportamento dos pequenos em como lidar com os problemas propostos e como solucionam e/ou prevêem resultados dessas inferências.
* A proposição remete a uma série de propriedades de classes. Se algo se mexe, pertence à Biologia. Se fede, pertence à Química. Se é complicado, é da Matemática. Se ninguém entende, é puramente Física;. Se não faz sentido, é Economia. Se mal se mexe, fede, ninguém entende, é complicado, não faz sentido e não serve pra nada, é Teologia.
Em exemplos informáticos: As crianças de 5 anos são equipadas com um processador QuadCore de 0.44GHz.
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