Não basta encontrarmos novos mundos, outros exoplanetas. Temos que saber mais detalhes sobre ele, como é, do que é feito e como é a previsão do tempo. Com ela, saberemos muito sobre o planeta, se bem que qualquer mínima pela de informação é saber muito mais do que se sabia 5 minutos antes. Agora, astrônomos estão engajados em analisar os céus amigos de um outro planeta: Kepler-7b.
Kepler-7b é um dos cinco primeiros planetas, que orbitam a estrela Kepler 7, descoberta pela sonda Kepler, que só não foi usada pelo próprio Kepler, pois nem telescópio ele tinha (sim, queridos, Kepler deduziu as 3 Leis do Movimento Planetário observando a olho nu!).
Kepler 7 é uma estrela ligeiramente mais quente e significativamente maior do que o nosso Sol. Kepler-7b é um planetinha tão pequeno, com uma vez e meia o tamanho Júpiter, mais quente e com a metade da massa do maior dos planetas Sistema Solar. Ele descreve uma órbita completa em torno da sua estrela-mãe a cada cinco dias, a uma distância de aproximadamente 9.000 mil km, ou 0,06 UA (1 UA = distância da Terra ao Sol). Esta gracinha está a 1000 anos-luz da Terra, isto é, a luz demorará mil anos saindo daqui até chegar lá.

Após três anos estudando Kepler 7b, através de observações no espectro infra-vermelho do telescópio espacial Spitzer (de quem já tinha falado AQUI), o pessoal da NASA construiu um mapa de baixa resolução mostrando nuvens altas no hemisfério ocidental do gigante gasoso lá nos cafundó da constelação de Lyra.
Durante as primeiras observações, Kepler 7b apresentava uma mancha esquisita, um ponto brilhante, que não se sabia se eram nuvens, uma tempestade ou ondas de calor (lembrando que as imagens captadas são radiações infra-vermelho, que nada mais são que calor). Ao se aproximar mais do planetão malvadão, o telescópio Spitzer trouxe mais dados demonstrando que aquilo lá eram nuvens.
O dr. Thomas Barclay, longe de ser diplomata, economista ou missionário, é pesquisador do Departamento de Astrobiologia e Ciências Espaciais do Centro de Pesquisa NASA-Ames. Em um comunicado à imprensa, Barclay, que não é dono de nenhuma ilha, disse que Kepler-7b reflete muito mais luz do que os planetas mais gigantes que foram encontrados até agora. Ele ainda disse que os padrões de nuvens do planetinha encontrado parecem não mudar muito ao longo do tempo, e o sistema climático é bastante estável.
Eu só espero que não repitam as maravilhosas conclusões que tiveram nos primeiros anos de estudo de Vênus, conforme nos conta Carl Sagan, no livro Cosmos:
A ausência de algo visível em Vênus levou alguns cientistas à curiosa conclusão de que a sua superfície era um pântano, como a Terra no Período Carbonífero. O argumento – se pudermos usar esta palavra – foi mais ou menos este:
– Não posso ver nada em Vênus.
– Por que não?
– Porque é totalmente coberto de nuvens.
– De que são formadas?
– De água, naturalmente.
– Então por que as nuvens de Vênus são mais espessas do que as da Terra?
– Porque há mais água lá.
– Mas, se há mais água nas nuvens, deve haver mais água na superfície. Em que tipo de superfície há muita água?
– Nos pântanos.
E se há pântanos, por que não ciacádeas, libélulas e, talvez, até dinossauros em Vênus
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Observação: não há absolutamente nada visível em Vênus.
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Conclusão: deve ser coberto de vida. As nuvens amorfas refletem nossas próprias predisposições. Estamos vivos e admitimos a ideia da vida em outros locais. Mas somente o acúmulo e coleta cuidadosos de evidências podem-nos dizer se um determinado mundo é habitado.
Ainda coletamos mais informações sobre Kepler 7b. Mas, entretanto, contudo, no entanto, todavia, é muito mais do que se sabia ("Olha lá! Kepler 7b tá brilhando, u-huuuuuu!").
Ué? Vocês querem ler a publicação científica indexada? Por que não pediram antes? Taqui, ó! (em PDF)

Com uma ajudinha do titio
Tycho.
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Mais ou menos. Kepler só teve acesso aos dados de Tycho depois que ele morreu.
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Observação: Não podemos ver nada.
Conclusão: Dinossauros!
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