
Sabe aquela cena clássica de filme policial em que os traficantes escondem drogas dentro de produtos inocentes e você pensa “HAHAHA, roteirista idiota. Ninguém inventaria tamanha idiotice”? Pois bem, no sábado passado, dia 18 de outubro, uma operação conjunta entre a polícia e o departamento de impostos especiais (Haddad: Hein? Impostos? Impostos! Queremos!) interceptou dois caminhões-contêiner com um carregamento inusitado: alguns caminhões estavam, supostamente, transportando batatas fritas e salgadinhos. O que encontraram? Ele, o Plot Twist: Eram garrafas de xarope.
MAS CALMA! Porque entra em cena o Plot Twist Triplo Carpado: eram xaropes que passarinho não usa para acalmar a tosse, já que eram proibidos por excesso de codeína.
Ahá! Eu não disse até agora onde era: O meu lugar favorito: Uttar Pradesh!
Os meganhas de Shiva protagonizaram um episódio que poderia facilmente ser roteirizado por Vince Gilligan depois de uma maratona de Bollywood. O comboio de caminhões ia da cidade de Ghaziabad até Jharkhand. Ao dar a dura nos motoristas, foram dar uma verificada na mercadoria e os oficiais descobriram 1,19 lakh (119 mil, para nós mortais do sistema decimal ocidental) garrafas de xarope para tosse proibido escondidas entre caixas de batatas e snacks. É tipo encontrar um cadáver no armário, só que em versão farmacêutica e multiplicado por 119 mil.
O valor estimado da carga ilegal? Cerca de 3 crore de rúpias (antes que você fique tentando fazer a conversão no Google, deixe-me ajudar: isso são 30 milhões de rúpias, ou cerca de R$ 183.672,00). Essas unidades são porque os indianos praticamente inventaram grande parte da Matemática que usamos hoje e estão pouco se lixando pro Sistema Métrico, decidindo que milhão e bilhão eram unidades ocidentais demais e mantiveram o lakh (100 mil) e o crore (10 milhões), só para deixar a Matemática mais interessante.
Voltando ao xarope, escreverei por extenso: cento e oitenta e três mil reais em xarope para tosse. Estamos falando de uma quantidade tão absurda que daria para medicar todos os doentes de uma cidade média por uma década inteira (ou uma família de indianos morando em Jharkhand). Isso se fosse legal, claro. Só que não é.
A operação foi liderada pelo Superintendente Adicional de Polícia Anil Kumar, que deve ter tido aquele momento cinematográfico de abrir uma caixa de “Lays sabor cebola” achando que vinha uma lufada de vento para amenizar o calor e se deparar com dezenas de frasquinhos suspeitos. O xarope em questão era o Escuf, que contém fosfato de codeína, uma substância narcótica que, nas mãos erradas e nas doses erradas (ou certas, dependendo do ponto de vista), transforma um remédio para tosse em algo bem mais sinistro. A codeína é aquele tipo de ingrediente que faz o xarope funcionar maravilhosamente bem para acalmar uma tosse irritante, mas que também pode ser usado para fins recreativos, e aí a festa vira problema de saúde pública.
Os três patetas suspeitos foram em cana e estão vendo Ganesha nascer quadrado. Eles presos foram identificados como Hemant Pal de Shivpuri (Madhya Pradesh), Brajmohan Shivhare e Ramgopal Dhakad, ambos residentes de Gwalior. Claro, esses nomes nada significam para vocês, mas não quero saber e vou noticiar isso. Não gostou, chama o Datena!
Durante o interrogatório, o trio aparentemente cantou a pedra mais rápido que um canário em uma ópera italiana. Eles admitiram ter escondido o xarope proibido dentro de caixas de salgadinhos para evitar detecção, uma estratégia que funcionou até… bem, não funcionar mais. Revelaram ainda que estava combinado que um cúmplice em Jharkhand os receberia e iria direcioná-los ao local de entrega, transformando isso em uma verdadeira rede interestadual de distribuição farmacêutica clandestina.
E aqui a história ganha contornos ainda mais sombrios. Os investigadores suspeitam que a remessa apreendida estava ligada a uma rede de comércio de narcóticos interestadual operando através de Jharkhand e Bihar. Mais que isso: há uma teoria de que o xarope ilegal era destinado à venda durante as próximas eleições da Assembleia de Bihar como parte de uma operação de contrabando mais ampla. Porque aparentemente misturar política, drogas e eleições é uma receita que nunca sai de moda em todos os lugares do mundo.
Sim, nesse paisinho europeu que você acha civilizado, também. Política é algo sujo desde a Aurora do Homem.
A Índia tem enfrentado uma crise com xaropes para tosse contaminados. Em início de outubro, o país teve que investigar a morte de pelo menos nove crianças, todas com menos de cinco anos, supostamente causadas por xaropes contaminados com dietilenoglicol (DEG), uma substância tóxica usada em solventes industriais. Estados como Madhya Pradesh, Rajasthan, Uttar Pradesh e Punjab baniram diversos xaropes após testes revelarem contaminação acima dos limites permitidos. E você aí reclamando de um metanolzinho na bebida para dar um sabor que você reconhece sem enxergar mais (para sempre).
Os discípulos do Singham confirmaram que a apreensão do xarope da lata é uma das maiores dos últimos meses na região, o que demonstra tanto o tamanho da operação criminosa quanto a eficácia das autoridades em combatê-la. O caso foi registrado sob as seções relevantes da Lei de Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas (NDPS Act), e a investigação continua para rastrear os mentores intelectuais do esquema e desmantelar a cadeia de suprimentos por trás do comércio ilegal.
Fika a Dika: se quiser batata frita, não compre salgadinhos na Índia, a não ser que você queira ficar doidão. E se quiser batata frita em outras partes do mundo, façam vocês mesmos. Essas Ruffles da vida são péssimas!
Fonte: India TV News

Mas Ruffles é a batata da onda, pô! (#comentandodoasilo) xD
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