A bela deusa que chega à Lua, no escurinho de seu cantinho

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Sente-se, criança. Há algo que este velho irá lhe contar. Há muitas luas passadas, as pessoas olhavam para o horizonte e nada viam, mas eram capazes de ouvir… ouvir o lamento desolado do guerreiro Houyi. Conta-se que dez sóis abrasadores haviam subido juntos aos céus; seu calor era insuportável, a água escasseava e a população morria de sede. Houyi se prontificou a resolver o problema e derrubou 9 dos 10 sóis, ficando apenas um, para iluminar os passos da Humanidade. Como recompensa, Houyi, o guerreiro, foi presenteado com o elixir de longa vida, mas ele não quis tomá-lo.

Houyi olhou para baixo e chorou, pois sabia que a vida eterna seria só dele, e ele não suportaria de viver sem sua esposa. Quando Houyi saiu para caçar, Fengmeng, seu aprendiz invejoso e exigiu que a esposa de Houyi lhe entregasse o elixir, mas esta sabia o que iria acontecer em seguida. Ela bebeu todo o conteúdo do frasco e o mundo mudou para ela. A bela esposa subiu aos céus e foi morar na Lua, onde poderia acompanhar seu esposo nas noites solitárias.

Esta história é repetida até hoje. É a história de Houyi e sua esposa Hang’e faz parte da tradição chinesa e o regime comunista-ateísta-maoísta-capitalista chinês reconhece a importância de sua História. Por causa dessa cultura que nomearam sua missão em direção à Lua de Chang’e.

Antes que você me corrija, o nome da divindade mudou pois o ego de imperadores não suporta competição, nem que seja por um simples nome parecido. Assim, o imperador Wen, da dinastia Han, fez com que os registros que mencionassem Hang’e fossem mudados para “Chang’e”. A diferença? Nenhuma, mas assim são as tolices humanas.

No dia 2 de junho às 6:23 da manhã, horário de Pequim, a China fez história ao lançar a missão Chang’e-6, que pousou com sucesso no lado oculto da Lua, que de oculto não tem nada e se nós não podemos vê-lo, é pior para nós. Quanto ao lado oculto, bem. Esta região nunca é vista da Terra devido ao bloqueio da Lua, um fenômeno conhecido como acoplamento de maré. Mas quiadiabéisso?

Quando dois corpos celestes estão presos em uma órbita apertada, as forças de maré começam a exercer sua inflexível influência. As marés levantadas pela atração gravitacional mútua drenam lentamente a energia rotacional de um dos parceiros. É como se esses amantes celestiais fossem inicialmente dançarinos descontrolados, girando freneticamente ao ritmo de sua própria música Interior. Mas, à medida que as forças de maré entram em ação, um deles é suavemente forçado a sincronizar seus movimentos de acordo com os passos de seu par.

Finalmente, depois de bilhões de anos de ajuste suave, um deles fica travado em rotação síncrona perfeita com sua órbita ao redor do outro. É o clímax da dança, quando os dois corpos estão perfeitamente sincronizados, movendo-se como um só através do espaço infinito.

A Lua é a evidência viva desse espetáculo celestial de acoplamento de maré com a Terra.

A importância de Chang’e chegar lá é para aprendermos mais sobre esta nada usual região, mas como toda sonda que pousa bem é uma conquista, somem aí mais uns créditos para a humanidade. A seguir, um vídeo em animação de como foi o pouso da Chang’e e depois o vídeo feito pela câmera da sonda registrando o pouso.


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