O corpo safado que fez a Terra levar ferro

Estrelas (entre elas o nosso Sol), são basicamente formadas por hidrogênio e hélio. Naquela imensa fornalha termonuclear, núcleos se fundem produzindo elementos cada vez mais pesados. Dependendo do tamanho da estrela, elas podem explodir sob a forma de supernovas, espalhando todo o seu material estelar. Quanto maior a estrela, mais núcleos pesados são formados. Hidrogênio se funde em hélio, que podem se fundir formando lítio, boro e carbono. Estrelas de massa realmente alta (para padrões de estrelas, e nosso Sol nem é tão grande assim) irão iniciar a queima de núcleos de carbono e estender mais a sua existência. As de massa ainda maior irão também fundir neônio depois de usar o carbono e assim por diante. Isso até produzir ferro, então, tudo muda. A síntese de núcleos mais pesados a partir do ferro absorve ao invés de liberar energia, e a estrela começa a esfriar. Com o tempo, este nucleozão de ferro comporá asteroides. Estes asteroides são capturados pela gravidade terrestre e cruzam os céus; então, recebem o nome de meteoros. Quando caem no chão, a rocha formada é chamada de “meteorito”.

Pronto, resumi bem a origem do ferro no planeta. Já posso abrir uma cerveja porque meu trabalho está feito, certo?

O dr. Peng Ni é pesquisador do Departamento de Geociência da Universidade Carnegie. Ele pesquisa como a formação de tektita e processos planetários como erupção vulcânica na superfície lunar, o cobre se comporta como um elemento moderadamente volátil e pode ser perdido na fase de vapor durante a evaporação. Não apenas isso, o cientista que diz “NI” estuda como muitos dos meteoritos que atingiram a atmosfera do nosso planeta e colidiram com a superfície faziam parte de objetos maiores que se separaram em algum momento da história do nosso Sistema Solar. Com isso, ele estuda meteoritos ferrosos e a semelhança de suas composições químicas entre diversas amostras de meteoritos, bem como se originaram de corpos parentais comuns.

NÃO, CALE-SE! Eu explico.

Muitos meteoritos com núcleos ferrosos (tem ferro, pô!) parecem ter a mesma composição química. Como isso seria um imenso golpe de sorte, a ideia mais aceita é que, independente de quando caíram na Terra, estes meteoritos vieram de um corpo muito maior (chamado “corpo parental”) que tenha se fragmentado há muitos séculos, e seus pedaços têm caído aqui em diferentes épocas.

Ni e seus colaboradores tentam decifrar os processos geológicos que moldaram esses corpos parentais de forma a entender como se formou o nosso Sistema Solar como um todo, e por quais processos a Terra passou em sua formação da Terra.

A forma como Ni estuda a composição é por meio da assinatura isotópica do ferro nos diferentes meteoritos e a sua composição quantitativa, analisando os processos de aquecimento a altas temperaturas, simulando o interior de estrelas, para despois resfria-los e analisar seu processo de cristalização.

Não apenas isso, a análise leva em conta os traços dos isótopos encontrados nos meteoritos e em amostras de rochas, os quais podem ajudar a elucidar os processos que forjaram esses corpos parentais e compará-los com rochas aqui, na própria Terra. Não que nosso planeta tenha vido de algum pedação de rocha nos confins do Universo, mas no processo de acreção, quando vários corpos se juntaram para formar a terra, muitos desses minérios podem ter vindo parar aqui, vindo lá do raio que o parta, onde o Judas Intergaláctico perdeu as botas andorianas.

A pesquisa foi publicada no periódico Nature Geoscience

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