Hoje é sábado e estamos no pré-apocalipse. Aguardando apenas os mortos saírem das tumbas e o Senhor Jesus vir nos julgar. Ou então todo mundo contaminado tendo que ir trabalhar de qualquer jeito, ou somos descontados no salário. O que acontecer primeiro. Nisso, sempre tem alguém para dar atenção a coisas que realmente importam, como detecções e tratamento do corona vírus, mas tem sempre um zueiro pronto a usar seus recursos a estudar coisas… como direi? Não tão importantes?
Não, não estou falando do Tedson dessa vez. Aquilo é totalmente inútil mesmo. Estou falando do pessoal que analisou o “silly walk” do Monty Python.
“The Ministry of Silly Walks” foi um esquete Monty Python que foi ao ar em 15 de setembro de 1970. É sobre pessoas com andar esquisito. Bem, veja o esquete. Não faz diferença se você entende inglês.
O dr. Nathaniel J. Dominy é professor de Antropologia da Universidade Darthmouth e estuda o comportamento, ecologia e morfologia funcional de humanos e primatas não-humanos, e deve ter muito tempo livre. Junto com seus colaboradores, ele estudou o silly walk do esquete acima. Não sei por quê. Talvez… porque sim.
No esquete, o diretor do Ministério do Andar Esquisito, avalia pessoas para saber se elas têm o andar esquisito nos parâmetros impostos pelo ministério. Muito bem, o que os pesquisadores fizeram foi analisar o próprio Ministro.
Eles mediram a ocorrência e o grau de flexão do joelho no plano sagital de movimento e calcularam o grau “esquisitice”, digamos assim, em três ciclos de marcha. Os resultados apontaram grandes desvios em relação à caminhada típica em dois ciclos da marcha do Ministro e compararam com o postulante ao certificado como possuinte de andar esquisito.
Claro, você pode achar isso um absurdo, mas a “pesquisa” visa reforçar um ponto no esquete: a absurda burocracia inglesa (e olhem que eles nem analisaram o Brasil!).
Dominy e seu pessoal apontaram como a ineficiência burocrática do esquete pode ser comparada à do processo de revisão por pares associado à pesquisa acadêmica nas ciências da saúde, particularmente quando se solicita financiamento.
Sim, o paper, tal como o esquete, é uma crítica, mas talvez um simples artigo não gerasse algo de maior alcance do que um paper meio WTF à primeira vista, e muito provavelmente não ganharia um artigo meu. Ou ganharia. O mundo é esquisito como o andar de certas pessoas.
A pesquisa foi publicada no periódico Gait & Posture