Pais incompetentes chilicam pelos dados que eles mesmos colocam pro YouTube acompanhar

Em 2015, ciosos do bem-estar público, deputados estaduais do Espírito Santo aprovaram uma lei proibindo que restaurantes deixassem sal em cima das mesas, com a desculpa que era uma questão de saúde pública. Acharam um absurdo? Eu também. Quer outra lei esperta de inteligente? São as que regem comerciais de bebidas alcoólicas. Primeiro, as pessoas que estiverem no comercial devem aparentar (não significa que tenha) mais de 25 anos. Sim, isso num país cuja maioridade começa aos 18, mas dependendo do que seja, só com 21 anos. Em segundo lugar, as pessoas NÃO PODEM estar bebendo a respectiva bebida. Terceiro (e este é o meu favorito), o comercial não pode dar nenhuma indicação que é pra você comprar o produto. Sim, isso mesmo, uma propaganda que não é pra fazer você comprar. É a mesma coisa que simplesmente não ter propaganda.

Isso tudo esbarra no conceito que o Estado sabe maquis que você. É a mesma coisa sobre a regulamentação da publicidade visando o público infantil, como se crianças tivessem dinheiro no bolso, e é essa a base deste artigo, no qual vou comentar porque a decisão de multar o YouTube porque ele coletou dados de acesso de crianças em seu site é uma boçal estupidez.

Para começar, devemos lembrar que crianças são consideradas incapazes. Assim, crianças não podem comprar notebooks, computadores ou contratar serviço de Internet. Devemos imaginar que elas tenham pais ou responsáveis. Ou que tenham pais responsáveis (nem sempre é a mesma coisa). Lembraram disso? Quem é responsável pela educação da criança? Seu responsável legal, é óbvio.

De acordo com o Meio Bit, grupos de defesa dos direitos das crianças dos Estados Unidos apresentou uma queixa formal na Federal Trade Commission contra o YouTube e seu amo e senhor: o Google. A acusação é que ambos (ok, só o Google, já que ele é dono daquela bagaça) não respeitaram a COPPA, a Child Online Privacy Protection Act, uma lei que protege menores de 13 anos contra abusos que possam vir a ser praticados por sites e empresas online.

Sim, sites que acessa quem quiser, e serviços online que assina quem quiser ou pode.

Leia lá o texto. Eu espero.

Pois é. O que querem é que o Estado faça papel de babá. Isso porque pais parecem estar muito ocupados na educação de seus filhos. O Tubo está rastreando dados de visitação? Meu amigo, isso é ÓBVIO. Quando um produto é gratuito, bando de imbecis, VOCÊ é o produto. Ademais, o que de tão horrível há nisso? Será que vira queixa-crime?

– Mr. Sheriff, meu filho teve seus direitos ofendidos pelo YouTube

<Xerife cospe na cuspideira e fala com voz de John Wayne>

– O que foi, Fergus? O que esse YawlTuby fez?

– Ele viu que meu filho assistiu Little Painted Chicken em loop. Meu filho está traumatizado.

– Malditos comunistas!

Isso é insano. Primeiro, para ter conta no YouTube é preciso clicar lá no EU ACEITO. E se você achou que o que tem lá não é do seu agrado, por que, diabos, você ainda acessa o Tubo? Vaio lá assistir Daily Motion ou deixe de ser mão de vaca e compre os DVD, ou ainda assine Netflix, ou ainda deixe ver o programa da Fátima Bernardes e da Ana Maria Braga. Lembre-se: você não é obrigado a acessar YouTube.

No mundo mimimillenial, o Estado Babá tem que tomar conta das criancinhas indefesas, porque um monte de adulto vagabundo não quer controlar os seus filhos. Aliás, eu ainda não entendi o que o Tubo faz demais. Ele vê o que você acessa? Simples. Cancela sua conta Google e entre lá. Mas o pessoal quer os serviços do Google. Será que em troca da privacidade total, estariam dispostos a… sei lá, PAGAR? Acho que não.

Sim, gente. Netflix sabe o que vocês assistem. Também sabe o que seus filhos na conta Kids assistem. Onde está o problema? Aliás, vocês acham que as pesquisas do IBOPE para medir audiência da novela das 9 é para que? Para gerar dados a serem apresentados aos anunciantes. Simples!

Mas e a publicidade infantil? Bem, eu me lembro que s canais de TV tinham comerciais entre os desenhos e eu ficava puto porque queria ver a bosta do desenho, não aquela dona vendendo iogurte. Dane-se o iogurte, quero ver o Mighthor baixando a porrada naqueles homens das cavernas do mal.

Mas vamos supor que a criança se influencie. Ela vai fazer o que? Assaltar os pais e ir comprar os produtos anunciados? Não, não. Vai ficar enchendo o saco dos pais (tudo o que eles não querem, pois querem ser deixados em paz e filhos são mero acidente de percurso em suas visões tacanhas). Olha como é simples.

– Pai, eu queria aquele rebimbocador da parafuseta do Meu querido pônei.

– Agora, não.

– Mas pai, eu quero.

– Se der, a gente compra, ok?

Complicado? Bem, você terá que ter ensinado antes esta dinâmica. Porque pode ser assim.

– Pai, eu queria aquele rebimbocador da parafuseta do Meu querido pônei.

– Hummm.. não.

– EU QUEROO

– Não.

– EU QUERO OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

– E EU FALEI QUE NÃO! E se continuar ensaiando choro, eu vou lhe dar motivos para chorar!

Nessa parte, vocês me acham um monstro sem coração espancador de criança. Na verdade, nunca precisei espancar filhos. Só a voz de autoridade “NÃO É NÃO!” Basta. Mas, pra isso, você precisa ter autoridade. Mas hoje em dia é assim:

– Pai, eu queria…

– Taqui, agora vai lá brincar e deixa papai aqui sossegado.

Para depois

– Porra de comerciais que obrigam a gente a comprar o… o que era mesmo?

O Felipe Neto está sendo criticado porque ele faz propaganda de trecos. Bem, deixe-me ver… ei lá, em nenhuma parte é dito que você seria obrigado a ver Felipe Neto. Eu acho que os vídeos dele são uma bosta, então não vejo. No big deal. Se seu filho manda em você, e você precisa desenhar um pentagrama no chão e evocar o poder de algum órgão governamental, lamento dizer, mas você deveria perder a licença de paternidade. Você falhou completamente, seu inútil!

A publicidade infantil é o que garantia ter programação infantil de qualidade. Sem a publicidade de produtos voltadas para crianças, quem irá financiar? Boston Medical Group? Por isso não temos mais programas infantis, tendo como sobra este lixo que temos hoje. O que sustenta o Discovery Kids na TV por assinatura é o pacote com aqueles programas toscos tipo Alienígenas do cacete a quatro.

Mas não, não é nada disso. Ninguém está se preocupando com crianças. É pura extorsão para tirar dinheiro do Google através dessas multas. Mais ou menos quando a União Europeia transformou a Microsoft em ré porque fornecia um navegador de internet no seu sistema operacional (curiosamente, não falou nada dos Macs oferecendo o Safari e o Linux o Firefox). Assim, mandou que o Windows viesse sem nenhum navegador. A pessoa que baixasse um.

É, pois é. Mas conseguiram mostrar àqueles luditas a estupidez disso. Determinaram que, junto com o Windows, fosse um DVD com os programas de instalação de vários navegadores. As pessoas continuaram instalando o Internet Explorer. Mas isso era apenas para tirar dinheiro da Microsoft.

Muitas pessoas estão achando isso certo. Pessoas preocupadas com sua privacidade. Pessoas que dão seu telefone a qualquer um, pessoas que compram com cartão de crédito com qualquer um, pessoas que preenchem formulários completíssimos, descrevendo toda a sua vida. Mas o Estado é que tem que punir estas empresas pelos dados que você mesmo deu e assinou os termos de uso.

Nisso juntou duas grandes forças: gente querendo ganhar dinheiro às custas de empresas e pais querendo motivo para não fazerem papel de pais. Enquanto isso, Demervalzinho está pouco se lixando para a propaganda. Ele só quer é ver Vingadores subido com qualidade imunda, mas é digrátis

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