Ancestrais de bactérias já eram hiperresistentes antes de aparecerem animais

Bactérias são serezinhos muito interessantes, apesar de serem maníacas psicopatas. Elas já nos acompanham desde antes de sermos humanos. Aliás, antes de metazoários aparecerem (chique falar “metazoário”, né? É o nome frescurento para “animais”). Aliás, antes de quaisquer pluricelulares botarem os pés (eu sei!) na Terra.

Pesquisa indica que as Enterococcus possuem um tatatatatataravô de 450 milhões de anos e já eram poderosos agentes infecciosos antes que animais fossem moda.

Os Enterococcus não são uma espécie, mas um gênero de bactérias gram-positivas. Essas fofinhas são organismos anaeróbicos facultativos, isto é, elas possuem capacidade de respiração celular não só em ambientes ricos em oxigênio, como em lugares com baixa concentração do mesmo. Sim, issso mesmo! Natureza não tá nem aí se você pensava que seres OU eram aeróbios OU anaeróbios. Natureza está pouco se importando em como você classifica os seres, daí surgiu outra classificação: a de seres que vivem nos dois tipos de ambientes.

Embora não sejam capazes de formar esporos, os enterococos são resistentes a uma ampla gama de condições ambientais, como variações de temperatura entre 10 e 45 °C, pH que pode variar de 4,5 (bem ácido) a 10 (bem básico) e até mesmo altas concentrações de cloreto de sódio. Sabem um lugar que elas vivem muito bem assim? No interior do seu, do meu, do intestino de muita gente. Entendeu o nome “enterococcus”?

Os enterococcus não vivem apenas no intestino, mas até no trato urinário. Esta desgracenta fica lá e nem a bile a ataca, muito pelo contrário. Este ser das trevas secreta uma enzima chamada gelatinase, a qual ataca o colágeno PB e PE, além de causa hemólise, expondo a hemoglobina, que também é atacada. Isso faz um prato cheio para agentes infecciosos, causando infecções do trato urinário, bacteremia, endocardite bacteriana, diverticulite e até mesmo meningite.

O dr. François Lebreton é pesquisador do Gilmore Labs, da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, que longe do que temos no Brasil, não fica 9 meses em greve e muito menos fica mamando toneladas de verbas do governo federal sem produzir nada, e mesmo sendo universidade particular não é uma uniesquina que faz curso vagabundo, aprovando aluno de qualquer jeito só porque pagou mensalidade.

Lebreton estuda genômica funcional e resistência a antibióticos. Por isso, ele começou a caçar os antepassados de algumas bactérias para estudar os efeitos da Evolução que deram a resistência microbiana a antibióticos, de forma a desenvolvermos medicamentos melhores.

Assim, ao examinar a história evolutiva desses microorganismos safadeenhos, descobriu-se que os poderes X-bactérias deles desenvolveram há muito, muito tempo capacidades wolverinísticas de se safarem dos antibióticos que ainda estão sendo pesquisados e muitos deles se mostram inúteis. Isso vai ser útil para não se perder tempo com algo que fundamentalmente não funcionará de qualquer forma, concentrando tempo e esforço (aka dinheiro) para pesquisar algo que realmente seja efetivo.

Ao analisar os genomas e os comportamentos dos enterococcus atuais, os pesquisadores liderados por Lebreton conseguiram meio que “voltar o relógio”, para descobrir seu ancestral mais antigo.

Sabemos que a vida apareceu lá pelos idos de 4 bilhões de anos (ou 6 mil, se você for fundamentalista). Quando os primeiros animais surgiram, as lindas bacteriazinhas que surgiram pularam de alegria, pois tinha organismos das quais elas poderiam parasitar tranquilamente. O fato disso causar doenças era secundário, já que Natureza só é boazinha em desenho animado e em fábulas religiosas (desculpem o pleonasmo), como a Bíblia e o Veganismo.

O que Lebreton e seu pessoal intuíram é que, já que os enterococcus vivem tranquilamente nos intestinos da maioria dos animais terrestres atuais, é muito provável que algum parente seu já tivesse essa características com os primeiros animais, agora extintos, óbvio.

Ao comparar os genomas dessas antigas bactérias com as atuais, descobriu-se que novas espécies de enterococcus apareciam sempre que novos tipos de animais também apareciam, isto é, havia co-evolução, com duas espécies vivas vivendo em simbiose, e quando uma nova espécie se diferenciava de outra, as bactérias que tinha conseguido produzir descendentes capazes de viver na nova espécie de animal prosseguia em frente na sua luta pela vida.

Isso inclui quando novos tipos de animais conseguiram sobreviver à catástrofe do que foi chamado Extinção do Permiano Final, há 251 milhões de anos atrás. Ter capacidades X-Bactérias Wolverinísticas ajudou muito nesse caso.

A pesquisa determinou que os genes adquiridos pelos enterococos que davam essa resistência incrível foram obtidos há centenas de milhões de anos, deixando estas lazarentas com capacidade de ferrar qualquer ser humano, antes de sequer aparecer seres humanos, o que só se daria centenas de milhões de anos mais tarde.

Agora fica… fácil. Ou quase.

Se já se sabe mais ou menos onde e quando surgiram estas capacidades de sobrevivência dos enterococcus, fica muito mais fácil determinar o que pode mandar estas maléficas pra vala, combatendo uma imensa gama de doenças infecciosas. A não ser que você prefira ficar rezando, esperando Jesus vir te ajudar. Eu ouvi um amém?

A pesquisa foi publicada no periódico Cell.

Um comentário em “Ancestrais de bactérias já eram hiperresistentes antes de aparecerem animais

  1. Amem…doim!
    Interessante essa resistência adaptativa conseguir ser traçada até essa longa data. Agora o Tedson pode dizer que experimentou bactéria pré-histórica.

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