Passatempo é algo que os seres humanos cultivam desde que são seres humanos. Jantar também, mas arrumar comida era mais difícil do que arrumar algo pra se divertir (mesmo porque, entretenimento ajudava a distrair da fome). Além de explorarmos os ambientes em busca de comida, aprendemos a nos divertir caçando. Também aprendemos a caçar outros indivíduos em atividades como guerras, por exemplo; afinal, guerras são o divertimento dos homens, como diria o capitão Rodrigo Cambará. Passou-se alguns séculos até que formássemos grupinhos de exploradores (normalmente, gente rica, pois pobres estavam muito ocupados explorando 16 horas de jornada de trabalho, sem contar com as horas-extra.
Conta a lenda que em um certo jantar do The Explorers Club, no ano de 1951, foi servida uma incrível iguaria: carne de mamute. Se bem que alguns dizem que foi carne de Megatherium, aquela preguiça gigante. Seria que isso é boato? Será que é verdade? Pode a Ciência do século XXI provar ou desmentir a veracidade dessa história?
De acordo com o site deles mesmos, o The Explorers Club é uma sociedade profissional multidisciplinar internacional dedicada ao avanço da pesquisa de campo, preservando o instinto a exploração, fundada em 1904. Eles chegaram no Pólo Norte primeiro, assim como no Pólo Sul, no cume do Monte Everest, no ponto mais profundo do oceano etc. Eles financiam expedições e fazem jantares anuais entre seus sócios. Mas isso é nos EUA, um país que não odeia Ciência e aventura, diferente do Brasil, cuja maior aventura é sair de casa para trabalhar e voltar ileso.
O clube também mantém coleções, uma biblioteca e uma estupenda sala com diferentes mapas. Sério, eu quero muito ir visitá-los! Garanto que eles conseguem pagar os faxineiros (estou olhando pra você, Museu Nacional!)
No jantar anual do Explorer Club, em 13 de janeiro de 1951, no Grand Ballroom do Hotel Roosevelt, em Nova York, o menu estava pra lá de chique! caranguejos, sopa de tartaruga, bifes de bisões e uma iguaria final, digna de reis. Há quem diga que esse incrível acepipe era carne de mamute de 250.000 anos! Esta maravilha culinária só pôde ser possível porque tinha sido preservado numa geleira e retirada com cuidado. Outros, entretanto, não acreditaram muito nisso. Afinal, era um absurdo! O mais lógico é que era carne de um Megatherium, uma preguiça superdesenvolvida (essa coisinha fofa na imagem abaixo).
Mas temos um probleminha. Os relatos eram inconsistentes a respeito de qual animal pré-histórico foi servido. As percepções das pessoas são enganosas, somos sempre trolados por nosso cérebro. Como saber então? Todo mundo comeu e descomeu o jantar. Não sobrou nenhuma evidência, certo? Errado! Sobrou um pedaço da carne esta foi guardada. Isso porque um dos sócios do clube não pôde comparecer. Este sócio era o naturalista Paul Griswold Howes, o curador de um museu de história natural e curador-diretor do Museu de Bruce em Greenwich. Muito provavelmente, você nunca ouviu falar dele, mas ele escreveu artigos para a Scientific American além de outros trabalhos. Ele montou uma vasta coleção de história natural, contendo milhares de espécimes, as quais foram alocadas no Museu Bruce. Ele foi nomeado curador-assistente e taxidermia do museu em 1918 e curador-chefe em 1938. Ele mesmo desenhava e pintava seus dioramas geográficos, além de produzir 14 filmes coloridos sobre Biologia e viagens.
Howes, que faleceu em 1984, guardou a carne, devidamente conservada em método próprio, a qual acabou parando no Museu Peabody de História Natural da Universidade de Yale, e lá ficou por décadas, até que alguém soprou a poeira do frasco e pensou “hummm… por que não?”
Jessica Glass é doutoranda do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Yale. Ela resolveu testar se aquilo era carne de mamute, mesmo. O que ela poderia usar? Bem, que tal DNA? E assim foi feito. Os resultados mostram que… bem, não era bem carne de mamute. Muito menos de preguição gigante. Aquilo era tão-somente carne de tartaruga marinha.
O estudo foi publicado no periódico PLoS ONE, e claro, você poderá lê-lo inteirinho, pois é de acesso aberto.
Mas, afinal, por que gastar tempo e recursos para testar um pedaço de carne velha? Bem, parafraseando outros exploradores: Ela estava lá!
Falando em Mamutes. Lembro que ainda na minha infância ouvi uma estória sobre terem encontrado o DNA de um Mamute preservado nas geleiras, e, que, iam cloná-lo colocando no útero de uma elefanta. Alguém lembra disso?
De qualquer forma essa sim é uma dúvida que valeu ter sido retirada, ao contrário de outras sobre à relação entre celulares e má desempenho acadêmico de adolescentes.
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Lembrei da Era Vitoriana.
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Tartaruga… TARTARUGAAAAA!!!
Putz, que chatice, fiquei decepcionado.
:P
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