Hoje, chegaram, desenharam um pentagrama no chão, escreveram palavras cabalísticas, sacrificaram uma picanha, com um vinho merlot (prato de pipoca é o cacete!) e chamaram meu nome 3 vezes na frente de um espelho quebrado. Diante da minha glória, perguntaram-me sobre um problema de um livro didático de Matemática. E sim, o livro tinha muitos problemas, mas não o que esperávamos encontrar.
O fac-símile do livro está abaixo. Vejamos se vocês conseguem identificar o problema do problema.
Vamos à resolução do problema.
Se ao colocar 12 figurinhas em cada página, Luís completa 24 páginas. Temos que ele possui 12 x 24 = 288 figuras. Se ele colocar apenas 8, temos que 288 ÷ 8 = 36 páginas. Certo?
ERRADO!
A conta está certa, mas o raciocínio está errado. E tem uma coisa que eu vivo tentando explicar, mas as pessoas ignoram. Matemática NÃO É fazer contas! Matemática utiliza contas como ferramentas, mas nem sempre. Temos Integrais como demonstração.
Vamos aplicar Lógica, essa Destruidora de Mundos.
12 figurinhas por página completa uma página. Quantas páginas serão completadas caso Luís coloque apenas 8? NENHUMA! Porque eu tenho que partir do ponto que 12 figurinhas completam uma página. Eu não posso colocar quantas eu quiser, pois 12 figurinhas completam a folha. Ou será que “completar” significa colocar quantas eu quiser?
Completar 1. transitivo direto e pronominal acrescentar a (algo) o que lhe falta para torná-lo completo ou perfeito. 2. transitivo direto |
Então, concluir seria apenas colocar uma figurinha por página? E o espação em branco? Enfeite? Não faz sentido! Eu não posso dar a interpretação que eu quiser, pois isso é Matemática, e Matemática é, desculpem, EXATA! Ou está certo ou está errado, não se admite meio-termo. Não é uma questão só de números, e sim de Lógica. Querem um exemplo?
Vamos supor um dado comum, desses com 6 faces. Qual a probabilidade de eu jogar um dado para cima e obter o número 7? Matematicamente, eu poderia dizer que é uma chance em 6, ou seja, 1/6 de chances. Só tem um detalhe: dados comuns não possuem o número 7, já que são numerados de 1 a 6.
Ah, mas eu posso ter um dado que ao invés de ter o número 6 eu tenha o número 7. |
Poder, pode, mas não é isso o que o problema diz.
Entendam, eu não tenho obrigação de interpretar um problema de Matemática para forçar o significado até que as palavras digam o que a autora, que deve ser tudo, menos formada em Matemática, quis dizer. Aliás, é bem isso mesmo. Um monte de gente com “mestrado em Educação” escrevendo livros fora de sua expertise (na verdade, a expertise dessa ralé é nenhuma).
Se você é professor e cai umas tosqueiras dessa na sua mão, você tem o direito de NÃO USAR este lixo. Lembre-se: sua função é ensinar. Não usar merda de livro didático que lhe empurraram, porque diretorzão ganhou bônus da editora (sim, tem isso!). Eu entendo perfeitamente que em muitos colégios professor não escolhe os livros com os quais irá trabalhar. Isso acarreta um monte de lixo que sacrificou árvores para fazer papel e imprimir coisas como isso aqui:
Ok. Ciência diferente. Tá bom.
Com tão péssimos livros, escritos por um bando de ignorantes que sequer brincaram com um álbum de figurinhas, não admira que o Ensino esteja a merda que está.
Considerando-se ainda que cada cromo tem seu lugar próprio para ser afixado, fica claro que os autores nunca tiveram um albúm em mãos.
A astrologia realmente precedeu a astronomia, mas achar que a primeira é ciência demonstra que esse “Baú” deveria ter sido enterrado bem fundo e esquecido.
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Esse deve ser o bau do Olavo.
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E deve ter sido tirado do reto dele.
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A astronomia estuda os mistérios de uma noite estrelada. Deixa o Neil deGrasse Tyson ouvir isso.
Eu só queria saber o que mais pode sair desse baú de informações.
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Se cavocar mais sai algo relacionando a química com a alquimia.
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Legal é o livro Matemática Básica (2013) do Luiz Cabral com um monte de erro de digitação na resolução e nos gabaritos. Esse já garantiu o ingresso VIP para inferno.
E já ouvi professor de matemática dizendo que a probabilidade de um aluno do fundão acertá-lo com um giz é de 50% (ou erra ou acerta).
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Astronomia e astrologia são ciências diferentes, nas palavras do Professor Farnsworth,
”Eu não quero mais viver nesse planeta”.
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Tenho medo de ver a formulação dê questões do ensino público. Deve ter coisa muito pior que isso daí.
Sua formulação está correta, mas a outra apresentada também está. Apesar de ficar implícito que seja um álbum de figurinhas, com marcações para cada figurinha, nada no problema me garante que é assim. Então pode-se dizer que ele encheu 36 páginas. Vai que o moleque é maluco, comprou figurinhas na banca e um álbum na loja de fotografias pra preenche-lo como quisesse.
A formulação é ruim, não uma pegadinha ou problema lógico, como você deixou a entender em boa parte do texto.
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A formulação é ruim, não uma pegadinha ou problema lógico, como você deixou a entender em boa parte do texto.
EXATAMENTE pela formulação ser ruim que temos o problema lógico, fio.
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Tu disseste bem e creio que essa é mesmo a raiz da confusão. Tivessem usado o termo “fotos”, não haveria mal-entendidos.
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“Entendam, eu não tenho obrigação de interpretar um problema de Matemática para forçar o significado até que as palavras digam o que a autora, que deve ser tudo, menos formada em Matemática, quis dizer.”
Não sei se estou vendo uma expressão feminista, defendendo que qualquer mulher é tão capaz de ser autora de livro didático quanto qualquer homem. Ou machista, pois, se o livro está errado, sem dúvida foi escrito por uma mulher.
Qualquer que seja a situação, eu não me importo. hohoho
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Às vezes, um livro é apenas um livro, mesmo que tenha sido escrito por pedagoga.
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