"Floquinhos de neve" é um termo surgido nos tempos ainda do Orkut (que Deus o tenha. Sabendo em qual comunidade entrar, aprendia-se e ensinava-se muita coisa). "Floquinho de neve" porque qualquer coisinha os deixava magoadinhos, e eles se derretiam. Outro termo surgiu para isso: "geração leite-com-pêra", pois vovó já traz tudinho pronto pra eles, essas fofuras. Esses anjinhos caídos do Céu (dica: Lúcifer foi o primeiro).
Papais superprotetores sempre dão um jeito de fazer as palavras de Fernando Pessoa soarem como um documentário: "Nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada". Um exemplo é o caso de uma família de São Paulo que foi na justiça defender o filhotinho de 17 anos (uma criancinha, que vota para presidente e pode dirigir). Por quê? Porque ele se ferrou nas provas e papai e mamãe não aceitam.
De acordo com a família, o moleque desde 9 anos de idade tem dificuldades na escola. Até então, ninguém deu a menor pitomba. No ano passado, foi reprovado no tradicional colégio particular Oswald de Andrade (tradicional = caro pra cacete e lá não dá moleza a aluno, o tipo de coisa odiado por pedagogas). Ao mudar de escola – SURPRISE MOTHERFUCKER! –, descobriram magicamente que o garoto sofre de transtorno de atenção. Mas calma que tem mais história no meio disso.
O moleque era tão bom que foi reprovado em novembro, o que não é de se surpreender quando as notas variavam de 3 a 4. Só em Artes e Educação Física ele tirou notas boas. Ou seja, fez algum desenhinho tosco, beleza. Sabe as regras da Amarelinha, tá aprovado. Colocou para somar 2 + 2: fodeu!
Papai e mamãe usaram seus poderes e invocaram o Capitão Planeta o Conselho de Classe. O Conselho de Classe ratificou a reprovação (estão percebendo? Continuemos). Papai e mamãe acharam um absurdo, mas matricularam o filho em outro colégio.
Eles apelaram para os Antigos Espíritos do Mal, e correram para a Gestapo Pedagógica: a Diretoria Regional de Ensino. A D.R.E. Deu razão aos pais, cof… cof… cof… porque o garoto estava reprovado em novembro quando o ano letivo terminava em dezembro, afinal Matemática não é o forte daqueles seres abissais, sob a ordem de Ctulhu em pessoa. A D.R.E. bateu na mesa e disse que o garoto tinha que ser aprovado.
Ainda sem nada que embasasse isso.
O novo colégio viu o pepinão que estava e pediu uma avaliação do garoto (não, não partiu dos pais. Até esse momento, eles estavam só no mimimi, meu filhinho mimimi). O primeiro colégio correu para Yggdrasil e conclamou os poderes supremos dos Asgardianos, digo, do Conselho Estadual de Educação. Now shit became serious!
O Conselho revisou tudo e, show!, o colégio Oswald de Andrade estava certo e tudo seguido como de procedimento. Ó a merda formada! Nisso chega o laudo, caído de paraquedas, entregue por Jesus em pessoa (e olhem que eu sempre pensei que essas coisas demoravam de ser analisadas). Não é que o garoto tem transtorno de atenção, mesmo? Uau! Quem diria?
Papai e mamãe se recusam que seu filho foi mal e evocaram os poderes mais malignos da face da Terra. Vindos direto do submundo, do reiuno de Hades. O próprio Sheitan, o Execrável não fica no caminho deles: os advogados. Partiram pro Tapetão e conseguiram reverter a condição do floquinho de neve.
Hoje eu tive uma conversa em que me disseram que pessoas menos esclarecidas tinham maior tendência a serem enganadas e serem manipuladas por políticos etc. Eu contraargumentei que não, que políticos só estão lá porque foram eleitos por uma população, não só burra, mas egoísta, que visa o bem próprio e não da coletividade. Porque, argumentei, se propaganda manipulasse alguém, eu queria muito bem ver uma fabricante de cerveja convencer os outros a comprar a sua marca ao mostrar alguém pesquisando a cura do câncer. As propagandas falam a linguagem do povão, dando a ele o que suas imagens mentais já existem. Cerveja > Praia > Mar > Mulher gostosa. Coloquem uma dona feia trabalhando de empregada doméstica tomando uma cervejinha numa birosca na favela, e vejamos o quanto irá vender.
Mas os pais do pequeno floquinho, quando virem os índices educacionais, reclamarão que só tem vagabundo, ninguém quer estudar. Algum chato lembrará que o filho deles se ferrou, mas tirarão da manga a carta de "é dodoizinho, coitado". Agora, eu queria fazer uns testes. Tem smartphone? Joga vídeo game? Acompanha séries? Quem tem déficit de atenção pra uma coisa tem pra tudo. mas a resposta nós já sabemos. Enquanto isso, a máquina do judiciário fica mais uma vez emperrada, e como sempre o maior adágio do Direito se faz valer: Quem ganha não é a Justiça. Vence quem tem o melhor advogado.
Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal fica resolvendo roubo de galinhas.
Venceram os advogados. Tolos foram os alunos que sentaram a bunda com os livros e estudaram. Viram que não precisava, bastava cair no tapetão, que é onde se resolve as coisas neste país e sua população decadente, mesquinha e egocêntrica.
Fonte: Folha
A insanidade corre solta na sexta, às vezes na quinta, numa vez mais recente na quarta, mas, nunca antes na história deste país ela se mostrou tão aloprada ainda na TERÇA!
PUTA MERDA, BRASIL! QUE PORRA FOI ESSA?
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E quando esse garoto (mal formado) for trabalhar? A mamãe dele vai pedir pra ele não ser demitido por que ele tem déficit de atenção?
É cada uma…
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Grande feito! Conseguiram que o filho tivesse o mesmo tratamento de um idiota.
Parabéns.
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Exato! ao invés de ensinar o garoto a viver num mundo que não dá a mínima para as deficiências (reais ou não), estão mostrando a ele um mundo de fantasia.
O que ele vai escutar daqui a pouco é: “não quero saber de falta de atenção, quero é o trabalho feito no prazo”
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17 não pega progressão continuada? vulgo aprovação automática
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Não é uma regra.
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Filho com déficit de atenção, pais com déficit de responsabilidade, Justiça com déficit de consciência e todos com déficit de vergonha na cara.
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Minha mãe curou meu “déficit de atenção” há 25 anos, na base da porrada. Santo remédio.
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Prazer, Nestor Bendô, 26 anos. Ainda estou em tratamento.
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Entendo perfeitamente!
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Depois esse cara cresce e funda um movimento tipo o “Retardados online” e os pais ficam se perguntando onde foi que erraram.
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Depois que eu vi que tem bergamota/tangerina descascada (sim, vendem os “gominhos” soltos em uma embalagem biodegradável) desisti de tentar alguma coisa. Nem tirar MC gui da minha cunhada consegui.
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O que mais espanta é ainda insistirmos em avaliação de aprendizado por meio de métricas objetivas (como se fosse possível quantificar o processo de construção de conhecimento), bem como esta estúpida cultura do vestibular que só incentiva a educação bancária. Os principais responsáveis são justamente os colégios de elites.
Educação bancária para as elites + mimimi de condomínio dá nisso. Plantaram e agora colhem.
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“Educação bancária” era o que dizia muito uma colega de trabalho, pertencente ao sindicato/Sinte, professora de matemática, PT fundamentalista que hoje está no PSTU e paulofreiriana juramentada. Certas coisas são de uma coincidência espantosa e de uma capacidade reveladora inequívoca…
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mas “educação bancária” sempre foi uma expressão associada a paulo freire. O que há de revelador nisto?
estranho seria um educador tradicional criticar a educação bancária…
paulo freire tem milhares de problemas, mas se há algo válido em sua proposta é a crítica à educação bancária
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Não, nem isso é válido em Paulo Freire.
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Claro, porque a educação elitista tradicional é a solução…
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Não, melhor mesmo é a lavagem cerebral ideologizadora!
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Aquela que prega a divisão dos alunos em fileiras, respondendo aos horários fabris das escolas, segundo uma disciplina quase militar e completamente avessa à criatividade?
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Não. Aquela que prega que todo e qualquer VAGABUNDO pode ser aprovado, nem que só saiba desenhar um rabisco torto para uma Pollyana chamar de lindo.
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Por que nesse e em outros tipos de situação se usa o nome “Pollyana” para se referir aos defensores do politicamente correto?
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Não defensores do politicamente correto, mas cegos por volição à realidade do mundo. Quanto ao termo:
https://www.google.com.br/search?q=Pollyanna&oq=Pollyanna&aqs=chrome..69i57j0j5j0.12368j0j4&client=ms-android-samsung&sourceid=chrome-mobile&espv=1&ie=UTF-8
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Só complementando:
Também adoram sacar da manga uma “Falácia da Solução Perfeita” (atrelada à utopia que veneram) para atacar qualquer coisa que vai contra suas crenças e ideários.
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Ah, sim, é porque normalmente se usam para essas pessoas. Mas eu pensava que deveria ser alguma fala de uma mulher chamada Pollyana. Obrigado por me esclarecer essa dúvida.
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Mas é, de fato. A Pollyanna da série de livros em questão é uma personagem que faz lavagem cerebral em si mesma ignorando todas as calamidades que acontecem na sua vida. Para ela, independentemente das surras, da orfandade, do sofrimento e tudo o mais, é só beleza e musiquinhas.
Já para os nossos Sith paulofreireanos, não interessa se os alunos são vadios, medíocres, retardados, ignorantes, esdrúxulos, obscenos, débeis mentais, moloides, infantis, animalizados, obtusos ou infames: todos são tão capazes quanto os grandes gênios (aqueles que se dedicam, buscam excelência, praticam retidão, se policiam e constroem uma boa imagem), portanto devemos tratá-los de maneira igual (senão melhor).
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Oh!… Pobres floquinhos de neve!! Não aguentam acordar cedo para as “aulas” ditatoriais da direita yankee-burguesa-capitalista-neo-liberal, nas quais serão cobrados (Ohh! Injustiça!!) por “conhecimentos” marretados em suas criativíssimas cabeças pueris durante as tediosas “aulas” predecessoras.
Não podemos deixar isso acontecer! Vamos despertá-los para esta incomensurável injustiça!! Vamos perguntá-los acerca de sua vasta noção de mundo, sua opinião embasadíssima sobre as mais variadas áreas do conhecimento humano. E vamos debater tudo isso, todos sentados em um democrático círculo. Assim poderemos adicionar todo um colorido e doçura à pálida e insípida matemática!
…
Seu pollyanismo é burlesco, sua “argumentação” inócua e completamente em descompasso com a realidade dos fatos dentro de uma sala de aula. Vá pregar essa pedagogia vira-lata onde a Ciência é rala, vai!
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Aquela que prega a divisão dos alunos em fileiras, respondendo aos horários fabris das escolas, segundo uma disciplina quase militar(…)
Cresci com minha educação de qualidade garantida por Colégios Militares, onde aprendi não só o que estava proposto na grade curricular, como também disciplina com horários, prazos, trabalhos etc, respeito para com os outros e às regras e normas do nosso dia-a-dia, e a ter devoção, entrega e originalidade no que se faz, para que seja bem feito, coisas que julgo serem essenciais para uma boa e legítima educação.
(…)e completamente avessa à criatividade?
Avesso à criatividade é você, que pega ideias prontas, vomitadas por um retardado e as toma para si, sem o mínimo de opinião própria e originalidade.
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Eu te invejo. Meu Fundamental foi numa pocilga cheia de retardados e meu Médio foi num particular daqueles “Tal Universidade é Meu Curral” wannabe. Minha disciplina foi para as cucuias, quando eu me vi morando sozinho durante o meu Superior. No entanto, esta inveja é daquelas sem retorno, sem arrependimento, porque eu simplesmente não tive a oportunidade de frequentar tais instituições de ensino, por ser de uma cidade muito pequena.
Fico apenas com uma velha história, do tempo que meu pai estava começando a namorar com a minha mãe: vovô dizia que ele podia ir para qualquer farra, contanto que acordasse às 5:30 religiosamente, ao ÚNICO chamado dele. O segundo chamado dele era uma mãozada nos punhos da rede, forte o suficiente para lançar um homem ao ar.
Também fico com a máxima: o trabalho só tem hora pra começar.
Você acabou de conhecer a minha disciplina. Sinta-se à vontade para opinar sobre ela, agora.
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Posso te dizer, como falam lá no Sul, que tu é um rabudo! Por não ter seguido o bonde dos que estavam ao teu redor e hoje é um cidadão inteligente e culto.
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Eu não diria culto, pois não tenho a bagagem de nosso anfitrião, por exemplo. Também não diria inteligente, pois se o fosse eu já seria rico, coisa que não sou.
Eu só prezo pelo bom senso. Não seria engenheiro se não o fizesse.
Sou só um pouquinho acima da média: tenho primos com menos formação (comecei o Mestrado, mas decidi abandonar) e que estão em melhor situação econômica do que eu.
Os outros é que se satisfizeram com a mediocridade. Entre meus antigos colegas de ensino fundamental há serralheiros (conheço um que ganha mais que eu, inclusive), moto taxistas, balconistas, frentistas, garçons, mecânicos… Toda essa galera que caiu na lorota da pedagogia do esperneio e deixou o trabalho duro de lado.
Já disse o Dr. André: garanto que meu filho vai respeitá-los, quando estiverem atendendo a ele.
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Outra coisa, a respeito da “aversão à criatividade” quando se trata do que vc classifica como “disciplina quase militar”, já comentei aqui antes, algo que, na minha opinião, também se encaixa nisso:
“Quando estudei no Colégio Militar, tínhamos o incentivo à prática científica todos os dias, nas aulas que fossem. Havia interesse na instrução científica, tanto por parte dos alunos como dos responsáveis pelo ensino.Competições como feiras de ciências (muitas com bons prêmios), concursos literários e olimpíadas de matemática, física e química, eram acirradas, lembro de programas como o “jovem embaixador” e clubes de ciência, de astronomia, etc.
São coisas que estimulam os alunos no estudo e causam interesse no mundo científico.
É esse estímulo que está faltando por aí.”
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Tão elitista que é o utilizado em todo tipo de centro sério de ensino.
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Invente um método de avaliação melhor e fique milionário.
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como eu havia dito: “como se fosse possível quantificar o processo de construção de conhecimento”
avaliação métrica de aprendizado na educação é processo paralelo ao do desenvolvimento do capitalismo
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Vossa senhoria não se acha tão esperto? Me diga, como foi sua educação? Não foi uma “Educação Bancária” com avaliações de aprendizado por meio de métricas objetivas? Tenha os bons préstimos de nos falar mais sobre isso, por gentileza!
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2x: Claro, porque a educação elitista tradicional é a solução…
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A educação elitista tradicional nos deu todos os gênios da antiguidade até o surgimento de seus pollyanismos paulofreireanos. Seus pollyanismos nos deram a notícia que nos empresta seu espaço de comentários.
Está procurando uma palha num agulheiro, filho.
https://ceticismo.net/?s=Educacao
https://ceticismo.net/2012/04/16/paulo-freire-e-patrono-da-educacao-brasileira-matem-me/
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É só olhar para os dados de evasão escolar do país para verificar como a educação tradicional funciona bem — e, aliás, não há nada de irônico nisso, pois a única função da educação tradicional é segregar.
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Bem vindo à realidade: passei 10 anos da minha vida sendo um dos poucos alunos que queria alguma coisa de futuro, num colégio estadual que migrou paulatinamente para o seu sistema milagroso, enquanto a massa de retardados débeis mentais me desrespeitava e me impunha humilhações quase diárias. Me mantive fiel aos resultados, essas amarras segregadoras, como você chama, e hoje sou alguém com um pingo de perspectiva de futuro, enquanto o mais bem-sucedido deles, na medida do que me vem à cabeça, é guitarrista numa banda de forró.
Evasão escolar é reflexo da vontade de cada aluno e da atitude dos pais. Você pode espernear o quanto quiser, mas a verdade é que inventar um sistema de aprovação automática não faz nenhum vagabundo virar gênio.
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Non sequitur. A evasão escolar se deve ao fato de que seus pobres e injustiçados alunos e seus responsáveis não enxergam mais o nexo causal entre aplicação nos estudos e sucesso profissional com consequente ascensão social. Pra que estudar Engenharia, Medicina, Física, Química, Astronomia (pff…) se eu posso ser um pedagogo (curso mais mamão com açúcar que tem, bastando não discordar do militonto que está “esquerdando” na frente) que nunca entrou numa sala de aula, mas que está inerentemente autorizado a “ensinar” aos professores destas áreas a dar aula? (Depois reclamam da falta de emprego…)
Única função é segregar?
HAHAHAHAHAHAHA… Essa educação que você chama de “tradicional” não está preocupada em segregar, cara pálida! Está preocupada em passar conteúdo útil (o qual parece que você não teve!) e não os seus pollyanismos demagógicos e de rebeldia mimada, presunçosa e preguiçosa.
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baboseiras?
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Sim. Bullshit.
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