Lembram quando eu critiquei aquela palhaçada do WarkaWater? Aquela porcaria promete captar a umidade atmosférica e foi experimentada em Veneza, um lugar tão seco quanto o deserto de Atacama. E uma iniciativa idiota, criada por um designer e um arquiteto. Só podia dar naquilo, mesmo. Quando engenheiros de verdade entram em cena, sai um sistema que usa energia fotovoltaica e energia solar para filtragem e produzir água potável de alta qualidade a partir de uma água imunda dos cafundós da Tanzânia.
A drª Andrea Schäfer sabe da sua responsabilidade de conduzir a humanidade para a perfeição, através da sua missão herdada pelo seu nome, enfocando sua intrínseca perfeição. Sendo engenheira, ela sabe que nada é tão bom que não possa ser melhorado, e se não estiver precisando de conserto, é porque deu perda total. Ela trabalha no Instituto de Tecnologia Chucrute, digo, Karlsruhe, na Alemanha. Além de dar uma pala na Instituto de Ciência e Tecnologia Nelson Mandela, na Tanzânia.
Como um engenheiro só é pouco, a doutora Schäfer recrutou o dr. Bryce Richards, professor de Engenharia, Física e Fotônica da Universidade Heriot-Watt, em Edimburgo, um quintal da Inglaterra, e se eu fosse Bryce, colocava o nome "Reed" no filho.
Os bons doutores desenvolveram um sistema de filtração de água usando energia solar para produzir água potável de alta qualidade a partir de água salobra. O filtro criado por eles separa eficazmente substâncias indesejáveis, além de bactérias e até mesmo vírus! Ou seja, médico brasileiro adorará esse sistema, pois mandará seus pacientes passarem pelos filtros para acabar com a "virose".
Como na Tanzânia a concentração de flúor é muito elevada, o sistema foi projetado com a combinação de duas tecnologias para a separação de partículas menores. Esta técnica criou um sistema autônomo móvel, e dispositivos assim são sempre úteis naqueles rincões afastados, como na região norte da Tanzânia, que é extremamente quente e seco. Daí eu quero ver os manezildos usarem o Warkawsathefuck.
O sistema pode ser operado com energia solar e/ou eólica. Combina membranas de ultrafiltração com poros de cerca de 50 nm de diâmetro e as membranas de nanofiltração e osmose reversa, com tamanhos de poros abaixo de 1 nm de diâmetro.
Nome disso aqui em cima é "protótipo". Quero ver o WakaWTF!
Osmose é o fenômeno que ocorre quando temos uma solução é separada pelo solvente por uma membrana semipermeável. O solvente irá em direção da solução, diluindo-a, tentando manter a mesma concentração entre os dois lados separados pela membrana semipermeável. A força sobre essa área de transporte é chamada "Pressão Osmótica".
Osmose reversa é um processo não-expontâneo em que obrigamos o solvente fazer o sentido inverso: da solução em direção ao solvente puro (ou quase). A força para que isso aconteça precisa acarretar em uma pressão maior que a pressão osmótica. Basicamente, este é o processo de dessalinização. E como isso requer energia, é preciso ter bombas que façam isso. Por isso a combinação de máquinas que usam sistemas eólicos e solares (porque, né?, de noite não tem Sol).
Schäfer e Keith Richards, estão agora à procura de empresas para a fabricação e instalação do sistema de suporte e operação, o qual pode atender a cerca de 50 pessoas com água potável de alta qualidade e de água para uso doméstico. E de forma que realmente funciona e não graças a obras mágicas do 3D Studio.
Fonte: Press Release da Mãe da Criança

Aí sim, os caras matam a cobra e mostram o pau.
Até porque, se não tiver um protótipo funcionando, nada de investidor. E sem investimento, por particulares ou governos, adeus água pura nos cafundós do mundo.
Sem contar que o sistema podia ser usado no Nordeste brasileiro também…..
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Acho absolutamente louvável estes projetos que usam a osmose reversa como princípio de funcionamento (bem explicado pelo André, no texto) mas acredito que a destilação pura e simples seja muito mais barata e muito eficaz (aqui temos um exemplo: http://www.sundwater.com ), no quesito produtividade – realmente não vejo grandes problemas em usá-la. Mas, parabéns à drª Andrea Schäfer e sua equipe pelo feito de usar as energias naturais (sol e vento) para seu projeto, esse é o futuro.
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Seu gasto de energia será duplicado: 1) Para aquecer , 2) Para resfriar.
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@André, Hmm, boa! Ponto importante a considerar mas levando em conta que o processo, por destilação, usa apenas energia solar como fonte, não há “perdas” ou “gastos”. Talvez compense a energia gasta para gerar a pressão extra, necessária à osmose reversa, sem considerar a troca dos filtros. De qualquer maneira deve haver alguma grande vantagem na osmose reversa, que ainda não enxerguei, pois, muitas embarcações, offshore, brasileira a utilizam.
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Mas a energia para resfriamento é bem grandinha. POR ISSO o warkawater é engodo. Imagino que o gasto de energia para fazer uma bomba funcionar seja menor que o total de energia gasto para resfriar algo, já que este será bem menos eficiente que um motor de impulsionamento.
Mas aí já é coisa para os engenheiros.
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@André, Vapor d’água batendo em alguma placa qualquer, mesmo a 60 graus, vira líquido (hehehe, ensinando o padre nosso ao vigário), então não vejo motivo para gastar energia resfriando o vapor, deixa resfriar a água sozinha depois (pensando em economizar energia). Um sistema fechado com o condensador recolhendo o destilado (hmmm! pensei em algo muito bom) sem a necessidade do resfriamento desse condensador…será que funciona? Sim, funciona com eficiência, já montei algo parecido a isso, com sucesso e ainda em funcionamento em Iperó. Claro, não montei um sistema por osmose reversa (por questões de custo), então não posso afirmar qual dos dois seria mais eficiente. Mas acredito que estes pesquisadores estão pensando nisso, tomara.
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Vapor d’água batendo em alguma placa qualquer, mesmo a 60 graus, vira líquido (hehehe, ensinando o padre nosso ao vigário)
Sim, claro. Faz o teste aí e veja o que acontece. Deve ser por isso que a 30ºC água não evapora.
não vejo motivo para gastar energia resfriando o vapor, deixa resfriar a água sozinha depois (pensando em economizar energia).
Você nunca trabalhou com um sistema de destilação ou sequer viu um de perto, não é mesmo?
Um sistema fechado com o condensador recolhendo o destilado (hmmm! pensei em algo muito bom) sem a necessidade do resfriamento desse condensador…será que funciona?
Er… não.
Sim, funciona com eficiência, já montei algo parecido a isso, com sucesso e ainda em funcionamento em Iperó.
Du-vi-de-o-dó. Microescala não vale nada. Vc vai recolher o vapor COMO? Colocando um cão-pastor para colocá-lo dentro de um cercado?
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@André, Siiiimm, trabalhei e montei isso em 1978 e até 8 anos atrás – minha última visita – estava funcionando perfeifamente (sim, micro escala, eu sei), convertia 40 litros/dia de água salobra em água limpa. Foi montado um eficiente concentrador de energia solar, aquecia-se a água que vinha de um poço perdido – o vapor era condensado em uma redoma de alumínio e o resultado – água – era devidamente coletada. O objetivo desse projeto não foi a purificação, em si, da água mas testar a eficiência dos concentradores solares. Para nossa surpresa, funciona certinho, como você acha que aprendi a destilar meu uisqui? Mas claro que não vou discutir a eficiência disso em larga escala – para isso estão aí meus colegas mais novos, fazendo ciência.
Vai um gole de uisqui caseiro?
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