O mistério das múmias inglesas

Normalmente, quando falamos em "múmias" logo lembramos do Egito e seu querido rei Tutancâmon (Tut, para os íntimos). Entretanto, várias civilizações mumificavam seus mortos, ou deixavam no tempo mesmo, onde as múmias acabavam se formando por vias naturais, como é o caso das múmias em Atacama, no Chile, da cultura dos Chinchorros. Agora, 2 esqueletos de cerca de 3 mil anos de idade foram achados nas Hébridas Exteriores, feitos de ossos de, pelo menos, 6 pessoas diferentes.

As Hébridas, são ilhas que formam um arquipélago na costa oeste da Escócia. São as ilhas mais antigas de todas as ilhas britânicas e há várias pesquisas arqueológicas ocorrendo por lá, onde em algumas daquelas ilhas se falava gaélico (em algumas variantes), pré-céltico e grego arcaico. Nem mesmo eu entendo grego arcaico e muito menos pré-céltico. Fico pensando como aquele pessoal se entendia antigamente. Hoje o pessoal não conseguem nem escrever em português, quanto mais em gaélico (eu sei um pouco de gaélico-irlandês. É uma merda, mas menos pior que hebraico). Aliás, teve certa vez que…

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A escavação na ilha de South Uist, nas Hébridas Exteriores. No sítio arqueológico de Cladh Hallan, o único no arquipélago a ter múmias pré-históricas. O que foi encontrado lá está dando um nó na cabeça dos pesquisadores.

O dr. Mike Parker Pearson, professor de Arqueologia da Universidade Sheffield, é um dos pesquisadores que está confuso com o que foi encontrado. O que foi encontrado são dois esqueletos de, pelo menos, uns 3000 anos. Um deles é o garotão ali em cima.

Legal, né? O problema não é o que você está vendo aí, mas o que você não vê. Não vê em nível genético, pois quando fizeram testes de DNA nos ossos, ficou evidenciado que ali haviam partes de 6 pessoas diferentes! E você que achava que os ingleses de hoje eram esquisitos…

Isso aconteceu há 10 anos, e durante este tempo os pesquisadores têm muitas perguntas sobre o porque daquilo. Transplante de órgãos não era uma opção num povo que nem escrita tinha desenvolvido ainda. O que diabos aqueles ossos estavam fazendo ali?

De acordo com artigo publicado no periódico Journal of Archaeological Science, a pesquisa direciona para o fato que as grandes famílias viviam sob o mesmo teto, e podem ter compartilhado seus restos mortais com os restos mumificados de seus antepassados há muito mortos. Algum tempo depois, acabaram montando uma espécie de quebra-cabeças bizarro, misturando partes de uns e outros.

Acredita-se que o processo de mistura, digamos assim, foi um ato de fusão de identidades, como para reunir todas as gerações num único esqueleto, como se todos fossem um só. O conteúdo mineral dos ossos sugere que eles foram colocados em uma turfeira ácida, o que ajudou a preservá-los em uma forma primitiva de mumificação antes que eles fossem retirados e mantidos acima do solo.

Testes de datação dos ossos revelou que a mandíbula veio de alguém que havia morrido em torno de 1440–1260 AEC, enquanto o restante do crânio veio de um homem que morreu cerca de 100 anos antes, e o restante do corpo de alguém que morreu 500 anos antes disso.

Analisando o DNA mitocondrial, que é transmitido apenas por mulheres, os pesquisadores descobriram o osso da mandíbula, um osso da perna e um osso do braço todos vieram de indivíduos de famílias diferentes. Nas outras partes foi quase impossível conseguir material genético em bom estado para análise.

O lugar onde os dois esqueletos mumificados foram encontrados poderia ter sido uma espécie de "casa dos mortos" ou mausoléu, mas por enquanto é só o que se sabe do lugar onde eles foram encontrados. Para saber mais, você pode acessar o site sobre o assunto da BBC (não, ainda não está atualizado, mas tem muita informação boa lá).

7 comentários em “O mistério das múmias inglesas

  1. Legal. É sempre interessante encontrar artigos falando sobre a cultura dos povos antigos. É uma pena que poucos veículos de informação publiquem artigos como esse.

    Aliás, ao menos que eu esteja atrasado, o certo é “múmias”. :|

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  2. Legal! Mostravam-se economistas natos. Para quê gastar dinheiro com caixão, velório, bam bam bam ? Ou energia abrindo novos buracos ? Junta tudo e joga em um mausoléu :!:

    A cada dia mais eu aprendo novas coisas com os antigos… :razz:

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  3. @André, onde você aprendeu gaélico? Eu queria muito aprender bretão, mas como ambas são línguas célticas serve mesmo ele… Eu sofri para achar algum material, se tiver algo aí, posta um link, por favor. =P

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  4. André, depois do link do periódico, o artigo não está bagunçado? So queria tirar essa dúvida mesmo.

    E eu só consigo pensar em Frankenstein nesse artigo. Talvez sejam os antepassados da família de Victor.

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