Estamos mais perto da velocidade Warp? Slow down!

Duas coisas que nós, fãs de ficção científica, amamos é a chamada Velocidade Warp (ou Velocidade de Dobra, Dobra Espacial, Hiperespaço etc), onde podemos cruzar distâncias enormemente gigantescas num piscar de olhos.

Em todas as obras de ficção científica, distâncias relativísticas são facilmente cruzadas por algo peculiar, que é a velocidade de Dobra Espacial. E quem tá interessada em estudar mais sobre isso é a NASA, que pesquisa como pode fazer algo do reino da ficção se tornar realidade.

De princípio, falemos sobre o Hiperespaço. Isaac Asimov já falava em hiperespaço, que não é uma velocidade, mas um lugar, por assim dizer. Que lugar é este? Não é algo que possamos ver com nossa tecnologia, pois ela não faz parte de nossa realidade. Nossa realidade (ou o que chamamos de "realidade") está encerrada em 3 dimensões: altura, largura e profundidade/comprimento/você-estendeu. Einstein e sua Teoria da Relatividade nos brinda com mais uma dimensão: o tempo (que nem foi ideia original de Einstein, mas não entremos em maiores detalhes agora). Assim, mesmo parados, estamos viajando… no tempo. Em frente, sempre em frente. O Hiperespaço é uma região fora dessa realidade. Ele auxilia no problema de viajar daqui até, digamos, Alfa-Centauri, distante cerca de 4,3 anos-luz. Se eu viajasse à velocidade da luz, eu demoraria 4,3 anos para chegar lá (isso para mim, já que temos o problema de dilatação do tempo e demorará, para as pessoas da Terra, milhões de anos). Só tem um detalhe. Algo inerente à própria Natureza e é explicada por uma simples frase:

Thou shalt not travel at or beyond the speed of light!

 

Poderíamos imaginar a dobra espacial como o próprio nome sugere. Pegue uma folha de papel e desenhe um ponto em cada extremidade do papel. A folha seria o Espaço, como conhecemos em nossa "realidade". Se você dobrar a folha ao meio, os dois pontos estarão coincidindo, e você poderia, em tese, pular de um ponto para outro. Claro que aí teríamos a pergunta: "Se a nossa realidade é a folha de papel (com altura, largura e comprimento), o que teria fora da folha?". Resp.: Mais uma dimensão, não-observável por nós.

Poderíamos fazer um revés desse raciocínio, usando o conceito criado em 1884 por Edwin Abbott Abbott, que ele batizou de Flatland: A Romance of Many Dimensions (cuja obra você pode ler AQUI). É um romance satírico, mas nos explica muito sobre dimensões.

Aliás, eu até explicaria esse lance de muitas dimensões e como é a quarta dimensão, mas tem gente muito melhor que eu para explicar isso:

O "ser-maçã" está fora da realidade do quadradinho infeliz. Ele sequer sonharia ver o que viu. Da mesma forma, é difícil percebemos como seria outra dimensão, restando-nos modelos matemáticos.

O Daily Mail veio com uma conversa que a NASA pretende desenvolver pesquisas para vencer a velocidade da luz. Jornalista falando de Ciência é a mesma coisa que tartaruga tentando costurar. Antigamente, para sair da Zona Norte do Rio e ir em direção à Barra da Tijuca, demorava-se muito, porque tinha que subir o Alto da Boa Vista etc.. Com a criação da Linha Amarela, o trajeto foi encurtado, demoramos bem menos tempo, saindo de Bonsucesso e indo direto até a Barra. Pelo raciocínio do Daily Mail, ônibus passaram a correr tanto quanto um carro de Fórmula 1, por exemplo, mas o que aconteceu foi que os veículos tomaram um atalho e é isso que o hiperespaço é.

Há ainda o conceito dos wormholes (ou buracos de minhoca), aberturas no espaço-tempo que serviriam como "túneis". Só que a predição é que, se existem, são extremamente instáveis e poderão te jogar em qualquer lugar do Universo (até mesmo no Congresso Nacional).

O Gizmodo trouxe uma reportagem sobre isso, cuja versão em português não foi feita pela Herbert Ritchers e, por isso, está sofrível. (agradecimentos ao @eloimarques pelo link).

Lendo o texto vem a brilhante parte onde os cientistas dizem como vão conseguir energia para um veículo capaz de viajar em velocidade Warp:

Havia apenas um problema com isso tudo: de onde a energia viria? Embora soubéssemos que dobras espaciais eram teoricamente possíveis, os físicos sempre argumentaram que seria necessária uma bola de matéria exótica do tamanho de Júpiter para gerar a energia. Claramente, isso não seria viável. Mas felizmente o Dr. White encontrou a solução que muda o jogo completamente.

A equipe da Eagleworks descobriu que a energia necessária é muito menor do que se pensava. Se eles otimizarem a espessura da dobra espacial e “oscilar sua intensidade para reduzir a rigidez do espaço tempo,” eles serão capazes de reduzir a quantidade de combustível para uma tangível: em vez de uma bola de matéria exótica do tamanho de Júpiter, será preciso apenas 500 kg para “mandar uma bolha de 10 metros a uma velocidade efetiva de 10c.”

Matéria exótica. Ok. ONDE, em nome de Hades, eles vão conseguir matéria exótica? Em 2085, é bem capaz de ela ser comprada em qualquer farmácia, mas por enquanto é um pouco difícil, né? Ela não está disponível por aí e nem tem em grande quantidade. Táquions, por exemplo, não estão disponíveis em qualquer supermercado. No máximo, encontramos superfluidos no interior de estrelas de nêutrons, segundo notícia trazida pelo excelente blog AstroPT.

Ah, mas isso é hoje. No futuro poderemos até ter uma nave que nos leve para fora da Galáxia.

Ok, e no passado, muitos cientistas criaram motos perpétuos. Nem por isso eles deixam de ser algo impossível.

E outra coisa: não é velocidade de 10c. É a distância percorrida 10 vezes mais rápido do que a luz viajaria (lembram do exemplo da Linha Amarela?). De qualquer forma, o gasto de energia seria estupendo e não vejo como especular isso para daqui a umas d´pecadas? Não, melhor dizer séculos. Ou nunca. Não sabemos. De repente, descobrem como usar fusão de deutério regulada por cristal de dilíthium. Se eu acho que pesquisar isso é estupidez? Claro que não, já que isso agrega novos conhecimentos e novas maneiras de entender o mundo, desenvolvendo tecnologia paralela, que assim como o Viagra, pode não ter o seu uso definitivo como foi pensado primariamente.

Se bem que deverá ser mais fácil cruzar a galáxia do que sair de Itaquera e chegar no Capão Redondo. (agradecimentos ao @lealcy pelas informações da malha viária paulistana).

7 comentários em “Estamos mais perto da velocidade Warp? Slow down!

  1. Eu fico muito irritado quando ufólogos dizem que os físicos tem muito a aprender porque os ETs já viajam acima da velocidade da luz pra virem até aqui.

    A explicação da ufologia é simples: a tecnologia do ETs são superior à nossa (sim, isso na cabeça deles é o suficiente). Como se quebrar as leis da física fosse uma questão tecnologia.

    Talvez a matemática dos ETs também seja superior à nossa e a soma de 1 + 1 dá 3.

    Se os ufólogos gastassem algumas horas estudando física não seriam tão… ufólogos. Aliás, se gastassem algumas horas estudando física, poderiam até argumentar sobre wormholes ou hiperespaço, mas nem isso eles conseguem, já partindo pra brutalidade quebrando as leis da física mesmo.

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  2. Excelente artigo. É sempre bom rever os vídeos do Sagan. :smile:

    Em particular, sobre o hiperespaço, deixo, como pequena curiosidade acadêmica, com a permissão do André, um artigo do Zampino que nos mostra, dentre outras coisas, como se “comporta” a geometria euclidiana e os efeitos sobre medições do tempo em um espaço de Minkowski:

    Clique para acessar o zampino1.pdf

    Abraços.

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  3. Pare de se irritar com esse tipo de gente. Imagina se eu fosse ficar irritado cada vez que eu vejo algum ufólogo, criacionista, ateu de fim de semana, criptozoologista, conspiracionista e tantos outros retardados que estão espalhados pelo planeta falando asneiras por aí. Eu estaria louco já.

    O fenômeno UFO já foi investigado por muitas autoridades e ninguém chegou a uma conclusão. A maioria esmagadora dos casos são objetos ou fenômenos naturais mal interpretados. Existem alguns casos que não foram identificados sua origem, mas não quer dizer que é um ET nos visitando. Temos muito a aprender sobre nosso universo. O próprio magnetismo era um misterio há alguns anos atrás e hoje é bem compreendido. Vários outros fenômenos foram descobertos pela ciência e estão ainda em fase de entendimento, como o caso dos sprites.

    Assim como uma viagem espacial é dificil (e sempre será) para nós também é para outra espécie inteligente de outro planeta. Se um dia tivermos algum tipo de contato com vida inteligente alienígena a probabilidade dela ser uma máquina e não um organismo biológico é gigantesca. E se estão tão avançados quanto os ufologistas creem, seremos dizimados.

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  4. Uma bola do tamanho de Júpiter? Ri muito!

    Não conhecia o termo, mas achei bem mais simples do que os buracos de minhoca. É necessária mais parafernália que matéria exótica para a ocorrência de um.

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  5. Eu nunca entendi bem uma coisa:
    A velocidade da luz é um limite físico real ou é uma hipótese teórica que foi usado por Einsten para “amarrar” a teoria da Relatividade?

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