Batalha Aérea: Formigas atacam cupins em pleno voo, sem sair chão

Se tem um animal que eu admiro muito são as formigas. Elas são a que melhor guardam semelhanças com o ser humano. São ruins, depravadas, assassinas, escravagistas, psicopatas, maníacas, autocráticas e mais maus que os pica-paus (sim, foi intencional). Aquelas desgraçadas devorariam cada um de nós, mal deixando os ossos pra trás. E como toda elite guerreira, elas se armam de toda forma possível para destruir seu inimigo. Cupins que o digam, pois normalmente são atacados por uma versão insecta de uma bateria antiaérea.

Mas a Natureza é ética

Eu já mostrei aqui como formiguinhas lindas e amadas podem ser éticas e amistosas. O problema é quando pisam no calo delas (isso se chegar a tanto), porque aí o pau come e é cada um por si e salve-se quem puder. Elas não só achavam muito comum ter veneno (meh, qualquer um pode ser peçonhento!) que volta e meia desdenham aquela chatice de chegar perto da vítima para injetar substâncias tóxicas no inimigo. Comando de verdade ataca o inimigo à distância e a Seleção Natural acabou por permitir quem tivesse a melhor adaptação pudesse sobreviver. No caso da Crematogaster striatula, a adaptação veio sob a forma do equivalente biológico de uma .50.

A doutoranda Aline Rifflet, do Centro Universitário Jean-François Champollion, estuda as C. striatula e como esta possui um ferrão móvel e retrátil, podendo ser direcionável para qualquer lugar. A isso soma-se o fato do Smilinguido do Mal dar um jato de veneno no primeiro sacripanta que tirar onda com a cara dela.

A C. striatula é uma formiga de origem africana. Por lá, a prato principal das queridíssimas formiguinhas são cupins. Por lá, há uma guerra declarada entre várias formigas, e seu principal arsenal é o veneno secretado pela glândula de Dufour, juntamente com OUTRA glândula de veneno. Assim, as formiguinhas boazinhas saem na porrada entre si e acaba sobrando pros cupins, que não possuem uma defesa eficaz contra isso e acabam virando banquete.

Eu já falei que a Natureza é ética?

Quatro colônias foram utilizadas para a pesquisa. Bandejas de plástico foram usadas como uma espécie de território experimental, o qual as operárias marcaram devidamente, mediante as ordens incontestáveis dadas pelos chefes (manda quem pode, obedece sem questionar). Operárias e soldados de cupins foram os investigados primeiro para serem colocados nas bandejas. O comportamento das formigas consistiu em:

  1. Detecção
  2. Postura de alarme
  3. Recrutamento de curto alcance
  4. Emissão de veneno
  5. Domínio da presa

Os agentes químicos liberados pelo Smilinguido de Satã, basicamente, fazem 3 coisas: Reúnem outras operárias, servem de repelente para outras formigas e paralisam os pobres cupins, já que as mandíbulas da C. striatula não estão lá para morder e sim para injetar mais veneno na vítima indefesa, violando qualquer tratado internacional sobre crimes de guerra.

Mas a Natureza é ética. FPD são só os seres humanos.

Como toda boa doutoranda (que é praticamente um estagiário de luxo), Rifflet teve a feliz incumbência de ficar dissecando as glândulas das formigas operárias, ou seja, praticamente uma proctologista do reino Insecta, tendo o direito de publicar sua pesquisa na PloS One.

 

3 comentários em “Batalha Aérea: Formigas atacam cupins em pleno voo, sem sair chão

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