Pesquisadores estudam novas interações entre deficientes e máquinas

O Kinect da Microsoft é uma revolução no mundo dos jogos eletrônicos (no Cet.net não usamos anglicismos desnecessários. Se tu usas, és um idiota!). Se antes usávamos teclados, joysticks (este não tem uma tradução à altura e eu sugiro aportuguesá-lo para jóistique), alavancas e outros tipos de controle, hoje usamos a nós mesmos, coisa que nossos pais, avós e bisavós já faziam em termos de diversão. O próximo passo é facilmente imaginável, mas meio difícil de implantar: usar interfaces homem-máquina, onde nossas mentes se fundiriam a computadores e as ordens seriam transmitidas diretamente aos processadores e os softwares fariam o resto.

Arthur Clarke já tinha elaborado isso em seus romances da série 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Mas até que ponto isso fica no terreno da ficção?

Antes, nossa interação era (e em maioria ainda é) tátil, para depois aparecer programas de reconhecimento de voz, leitura biométrica etc. No ano passado, noticiamos que cientistas britânicos pesquisavam um computador que pudesse ler pensamentos, enquanto outros pesquisadores criaram um sistema "híbrido" em tempo real, para analisar as interações entre os seres humanos e máquinas. Com o Kinect, temos um novo modo de ver o mundo, e o caminho para uma interação total entre a mente humana e a "mente" de um computador é inevitável. Muitas moléstias poderão ser contornadas, desde um simples pé quebrado até a esclerose lateral amiotrófica. Enquanto a mente da pessoa estiver plenamente funcional, o computador poderá atender a todas as suas necessidades ou o mais próximo disso que for possível.

O Second Life é um "jogo" que meio que constrói um mundo virtual todinho novo. Se bem que isso não é bem um jogo, já que a interação entre os avatares das pessoas o faz mais uma rede social. Eu testei. Achei um saco. Entretanto, para muitas pessoas com problemas de locomoção ou degenerativo, esta pode ser uma boa chance de elas. Havendo uma interação do sistema do Second Life com o mundo real (dizem que isto existe. Perguntarei a Platão), pessoas incapacitadas fisicamente poderão executar tarefas, nem que seja um simples acender de lâmpadas ou ligara TV; o princípio é o mesmo.

Só damos valor ao que deixamos de ter. Isso dito por alguém que ficou com o joelho imobilizado por uma semana, onde confiei a minha cura aos supremos poderes de deus da minha ortopedista,drª Solange. Se por causa de um joelho escangalhado — talvez por não ter se dobrado ao Senhor –, eu já estava com problemas de locomoção, com doenças realmente sérias o quadro torna-se bem grave.

Um sistema desenvolvido como parte do projeto The SM4ALL (Smart hoMes for All, ou Casas Espertas para Todos, no idioma de Machado de Assis) é a mais recente tecnologia que usa eletroencefalograma (EEG) para captar os sinais cerebrais, traduzindo-os em comandos que são retransmitidas a controladores específicos que poderão executar tarefas ou mesmo se conectar no Second Life ou no Twitter. Em outras palavras, você pode até ter a doença de Lou Gerig, mas isso não oi impedirá de agir como idiota e xingar sua celebridade favorita.

Usar controles vocais é uma alternativa, mas quando você tem que trabalhar com muitas variáveis, a linguagem acaba não sendo suficiente, pois você teria que verbalizar, por exemplo: ligar computador, entrar no site do Facebook, ligar a luz da sala e acessar o RedTube. Por pensamento, é tudo mais fluido, mais direto; mesmo porque, para verbalizar é preciso que você pense nessas coisas com antecedência.

A única tristeza disso é saber que demorará para chegar ao alcance das pessoas, dado os preços dos aparelhos e treinamento/acompanhamento médico. Nenhum dos aborrecentes mimizentos fará campanha em blogs, Twitter ou no YouTube para que esta tecnologia esteja disponível para todos que dela precisarem. Mais fácil ficar choramingando pelo preço dos joguinhos.


Fonte: New Scientist

20 comentários em “Pesquisadores estudam novas interações entre deficientes e máquinas

  1. usar interfaces homem-máquina, onde nossas mentes se fundiriam a computadores e as ordens seriam transmitidas diretamente aos processadores e os softwares fariam o resto

    E quando o sentido inverso também for possível? Baixaremos bioarquivos de todos as extensões possíveis?

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  2. Acho que não tardará para que toda essa tecnologia resolva todos os problemas de limitações físicas. O único problema é quando tudo isso se tornará disponível para todos…

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    1. @Nihil Lemos, Só que esse problema não é do escopo da Ciência, sim da Tecnologia. Apesar de invenções e desenvolvimento científico estarem a todo vapor, resta a inovação abrangê-los para distribuição no mercado. Não obstante, é melhor ter conhecimentos para serem futuramente aplicados em larga escala do que não tê-los.

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  3. Infelizmente, não tenho como confirmar a informação que recebi (falta de tempo mesmo), mas cerca de dez anos atrás, em um curso que participei, uma representante da Microsoft em palestra afirmou que a tecnologia já estava bem avançada nesse sentido naquela época.

    Disse ela que chips neuronais já existiam e que permitiriam que o usuário controlasse máquinas com o pensamento. Falou ainda em substitutos para os monitores que gerariam imagens 3d que poderíamos interagir utilizando as mãos.

    Apenas achei suspeito quando ela disse em resposta a um questionamento de por que isso não era divulgado nem comercializado que essas coisas só iriam para o mercado quando a tecnologia que temos hoje se esgotasse.

    Mas torço para que logo cheguemos a um mundo de próteses que substituam com perfeição órgãos e funções perdidos ou danificados. Acho que estou ficando velho, mas esse tipo de notícia me faz lembrar das séries do Homem de 100 Milhões de Dólares e da Mulher Biônica.

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  4. O kinect é o projeto natal, né? Desculpem, eu só conheço o mundo de PSP ._.

    Vendo o projeto, a lista dos centros tecnológicos que estão trabalhando em conjunto, é maravilhosa. Eles já possuem 3 anos… Talvez com a interação do Kinect, o projeto avance mais.

    Acredito que o preço dessa facilidade (quando concluída) vá ser exorbitante, não sei como eles poderão popularizar o projeto, pois com o nível de segurança que os equipamentos deverão ter (imagine sua casa ser toda eletrônica e depender dos seus comandos, e algum dia, alguém invadir o sistema, como ficará?) serão altos demais. Talvez até haja manutenção periódica, mas só de imaginar o complicado que será montar essa proteção ao sistema, dá nervoso x_x

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  5. Apenas achei suspeito quando ela disse em resposta a um questionamento de por que isso não era divulgado nem comercializado que essas coisas só iriam para o mercado quando a tecnologia que temos hoje se esgotasse.

    Conspiracionistas de plantão alegam que existem supostas tecnologias ocultas 50 anos à frente daquelas que conhecemos hoje. E os motivos eu nem vou comentar.

    FIM DO DESVIO

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    1. @Renato Kistner,
      50 anos é tenso. Que tal uma ou duas gerações de P&D à frente? Aí até que dá para acreditar. Ah, aí não teria a mesma graça para os fãs de Roswell. :roll:
      Não vai comentar os motivos? Porque? Manda ver em algum artigo da Voz, estou certo que tem um que era em “homenagem” a um ufólogo. :mrgreen:

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      1. @Joseph K,

        50 anos é tenso

        Pois é…

        Não vai comentar os motivos? Porque?

        São motivos ligados a NOM, metas Iluminatis, satanismo, ocultismo. Nada a ver com CET, muito menos com o artigo em tela. E o pior: sem provas concretas, apenas indícios.

        Manda ver em algum artigo da Voz

        Quem sabe na Zona?
        _________________

        Em tempo, voltando ao assunto deficientes/máquinas. Meu avô tem problema com equilíbrio e pernas fracas. Outro dia, me deu uma vontade de amarrá-lo em um Segway só pra ver como ele se sairia. E agora lendo o artigo, fiquei imaginando que se EU um dia ficasse sem mobilidade nas pernas, duas rodinhas até que me cairia bem. E óbvio, hands free. :razz:

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    1. @chatomor, Ainda prefiro uma tradução que vi muitos anos atrás, quando ganhei o segundo videogame de minha vida. Era um Odyssey (Estou ficando realmente velho, o primeiro foi um Telejogo).

      Com ele vinha o manual que se referia aos hoje chamados joysticks como “controles manuais”. Acho que ainda é a tradução mais adequada.

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    2. @chatomor, Mas nesse caso de interação homem/máquina, é exposto uma mistura de ambos. O projeto das casas para deficientes não segue essa linha, a pessoa ainda continuará deficiente mesmo operando todas as funcionalidades da casa. Só comentando :3

      Outra coisa, ainda no assunto mistura de homem/máquina, minha opinião é que é melhor os cientistas seguirem a linha do Kinect mesmo do que pensarem em coisas ao estilo Saikano. Penso que seja mais fácil e com resultados rápidos (mesmo que a longo prazo o.o)

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  6. Isso me lembra o brinquedo que os japas fizeram que se parece com umas orelhas de gato.
    “Velhas” tecnologias com novos usos… é mais que justo que se comece por “bobeiras” e jogos “bobos” que dão dinheiro, mas o futuro pode ter boas surpresas a preços salgados.

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  7. PS: Direto ao artigo: essa noção de uma mente “habitando” o mundo físico por meio de manifestações eletrônicas é bem cyberpunk, na linha do Finlandês do Willian Gibson.
    Tá, eu sei, eu sou fã da trilogia do Neuromancer, mas não podia perder a deixa.

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