Todo mundo quer ter direitos, mas alguns esquecem que há uma coisa chamada “deveres”. Isso acontece muito no mundo religioso, onde todos querem que suas crenças sejam respeitadas, mas não querem abrir mão dela em prol de nada. Nem mesmo quando chega ao ponto de violar leis, como foi o caso de um professor italiano que foi suspenso por um mês, após seus alunos terem reclamado por ele ter retirado um crucifixo da sala de aula.
Eu não sei se eles achariam ruim se eu arriasse um ebó no canto da sala; afinal, é um símbolo religioso, não é? Quem sabe um painel de uma cena de sacrifício dos maias? Não seria muito diferente de rezar pra um instrumento de tortura e morte.
Em notícia trazida pela BBC Brasil, ficamos sabendo que o professor Franco Coppoli, que leciona literatura num colégio na região de Úmbria, retirou o crucifixo da classe alegando que religião e educação não devem se misturar. Afinal, por definição, um ensino deve ser laico e não dar maior ou menor importância a essa ou aquela religião. Em suma, separa-se ensino de religião, e quem quiser, que assista aulas em escolinhas dominicais.
Mas ninguém disse que religiosos são conhecidos pela sua tolerância a qualquer coisa que seja diferente de sua crença, seja ela qual for. Os ridículos aluinos – cujos cérebros foram lavados, passados e engomados num fundamentalismo idiota, mas adequado ao mito cristão, onde só eles estão certos e devem encher a porra do saco pregar de qualquer jeito – ficaram putinyhos e denunciaram o professor. Claro que eu levo em conta que em qualquer parte do mundo alunos odeiam priofessores e farão de tudo para sacaneá-lo. Pelo visto, aqui não foi diferente.
O Conselho Nacional de Educação, que é tão estúpido quanto os daqui, suspendeu o professor por um mês e eu nem sei porque, já que na Itália, aquela peça horrenda que chamam de “crucifixo” não é obrigatória nos colégios, mas é muito comum ter esta escultura em ode ao mau-gosto pendurada na parede.
É ridículo saber que um professor, querendo respeitar a própria Constituição do seu país deixe um bando de acéfalos irritadinhos e estes consigam atuar contra um profissional de Educação. Pensei que na Itália respeitassem os proifessores, mas tal qual aqui, aluno é sempre quem detém a última palavra, pois são “pobres coitados”. São estes pobres coitados que incendeiam índios (era uma brincadeira) ou metem a porrada em pessoas em pontos de ônibus (ora, pensamos que era uma prostituta, queria que a gente fizesse o quê?).
A Itália é um paisinho medíocre, cujas leis idiotas mostram o tipo de povo e políticos que moram lá. A separação entre Igreja e Estado foi firmada na Constituição promulgada após a 2ª Guerra Mundial, com o objetivo de dar direitos iguais a todas as religiões, mas cadê que ela é respeitada? Deve ser alguma radiatividade emanada pela Basílica de São Pedro. Isso se evidencia ao saber que a Suprema Corte italiana cancelou a sentença de prisão dada a um juiz que se recusou a entrar em tribunais onde existissem crucifixos nas paredes.
No ano passado, o tribunal da cidade de Áquila, na Itália, condenou o juiz Luigi Tosti a um ano de prisão por ele ter suspendido três audiências porque havia um crucifixo na sala do tribunal, segundo o site Consultor Jurídico. O juiz é judeu e achou que religião e justiça num Estado supostamente laico faz tanto sentido quanto colocar um pedófilo trabalhando num jardim de infância.
Não é a primeira vez que Tosti sofre uma condenação por causa de suas idéias. Em fevereiro de 2006, a Suprema Corte dos Magistrados (uma espécie de Conselho Nacional de Justiça da Itália) fez o juiz mudar de cidade e cortou o seu salário por causa de seu “comportamento culposo”. O juiz propôs, em 2004, a colocação de símbolos de sua religião como a Menorá. Como sabemos muito bem que cristãos não tem tanto apreço assim por judeus (não me refiro apenas a católicos, mas a protestantes também, não é mesmo Lutero?), logo o juiz foi visto meio de lado. Colocar um menorá é ruim, cruz pode e uma estátua de Buda deve dar prisão perpétua.
Essa é a realidade do Cristiuanismo. Quando eles não ganham na base da ordem, punem. Se nem com púnição resolvem, mandam exterminar geral. A História está aí, que não me deixa mentir.
No final das contas, o juiz judeu Luigi Tosti recebeu uma sentença de sete meses de cadeia por ter se recusado a desempenhar sua função, ao desempenhar a sua função. Se vocês conseguiram entender isso, nem se incomodem em me explicar. De louco já estou farto.

Discordando um pouco do autor (hehehe) a Itália têm “pérolas” nas leis assim como qualquer outro país, o que dizer então dos políticos, há algum país livre da corrupção? Mas voltando ao tema do presente artigo, esse laicismo que deve existir, não só na Itália como em outros países, trata-se de algo utópico, uma vez que na prática podemos observar que isso não tem efetividade. No Brasil vê-se isso de forma clara. Símbolos religiosos em repartições públicas, Tribunais, Camaras, Plenários. Infelizmente é essa a herança que um longo tempo de cultura religiosa nos delega. Aos poucos quem sabe isso deixará de existir, mas extirpar isso de uma forma rápida e imediada de nosso sistema acredito que seja algo que não irá acontecer é algo que já está a muito enraizado e que necessitará de um tempo para mudar. Todavia, ver essa iniciativa por parte de estudantes mostra o quão forte é ainda a “lavagem cerebral” feita em igrejas, templos, galpões etc.
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– O Sr promete dizer a verdade. Somente a verdade. Em nome de DEUS?
– Sim, eu Juro!
– …….
– Sr. Meritíssimo; meu cliente …
:lol:
Laico? Tem certeza? :roll:
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Ao que eu saiba, não existe isso no Brasil. Aqui podemos mentir descaradamente.
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Uma coisa que eu sempre tive medo foi de estatua de santo. Aquele cara subnutrito pregado numa cruz, aquelas expressões de dor nas estatuas sempre me assustaram.
Há poucos anos, aqui no Brasil, queriam aprovar uma lei para tirar os cricifixos dos tribunais, adivinhem se a lei passou?
Sem contar que o nosso dinheiro é uma propaganda teísta e eu não posso colocar uma camiseta ou um adesivo no meu carro com alguma frase atéia pois iria sentir o amor e a compaixão dos filhos de deus.
Eu não me importo se as pessoas querem louvar uma estatua ou um ser imaginário, mas façam isso sozinhas e não tentem me convencer de nada, eu sou feliz sem deus algum.
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@Nelson Pieka Rivaldo,
“(…)e eu não posso colocar uma camiseta ou um adesivo no meu carro com alguma frase atéia pois iria sentir o amor e a compaixão dos filhos de deus.”
É impressionante a quantidade de pregos, riscos e coisas quebradas que vão aparecer do nada, no seu carro. :shock:
@Rodrigo
É, infelizmente parece que aqui perjúrio não é crime, aliás, o que você acha dos nossos parlamentos? As sessões começam com “Sob a proteção de deus, iniciamos nossos trabalhos”, muito laico, não?
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Particularmente não me incomodo nenhum pouco com o uso de imagens (de qualquer seita) no setor onde trabalho (repartição pública). Tenho minha mente formada sobre o assunto e procuro levar numa boa, até mesmo porque se eu fosse me incomodar com isso, eu já teria sido “queimado” no inferno umas 300 vezes (palavras de uma senhora companheira de trabalho, após ouvir algumas verdades sobre as imagens).
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Não nos é dada a rebeldia suficiente para que possamos, num ato temerário de insubordinação, extirpar da parede esta ou aquela imagem sacrossanta. De fato o retrato de um ser humano afixado num instrumento de suplício com forte expressão de agonia e resignação não parece muito acolhedor a olhos leigos. Mas por que cargas d’água deveríamos aturar tais símbolos impertinentes que pendem na parede de instituições por vezes incumbidas de trabalhos alheios à religião? A Constituição prevê que suportemos a pluralidade de manifestações em favor dos direitos humanos. Mas seria o escol do Legislativo capaz de prever que a difusão da religiosidade em meios laicos representa – mesmo que sutilmente – a corrupção, por encorajamento, de setores progressistas da sociedade, como a área científica, que deveria aflorar do ambiente de ensino, por exemplo, mitigando o temível e sempre ignorado analfabetismo científico e, conseguintemente, a letargia de grupos humanos na ignorância da realidade? Como desejar tempos melhores se a iniciativa de desasnar a população por certos caminhos é rejeitada?
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