Aromas do Tempo: cientistas dão aquele cheirinho nos Faraós-oh-oh-oh

Qual é o cheiro de uma múmia de 3.000 anos? Não é uma questão que a maioria de nós já tenha ponderado, mas cientistas descobriram agora que cada múmia egípcia antiga tem sua própria impressão digital aromática distinta – variando de amadeirada e picante a floral e empoeirada.

Em um aromatizado e envolvente estudo Museu Egípcio, no Cairo, pesquisadores fizeram algo sem precedentes: eles capturaram e analisaram os aromas que emanavam de nove múmias diferentes. E não, ninguém cheirou nenhum suvaco de múmia (acho).

O dr. Matija Strlič (é um homem) é químico, e com ele a oração e a paz. Matija é vice-diretor do Institute for Sustainable Heritage da Universidade de Ljubljana, no Reino Unido. Ele pesquisa coisa cheirosa e coisa velha. Nem sempre o que é velho é muito cheiroso, mas mesmo que seja fedorento, pro Matija é o sétimo céu!

Bem, nosso amigo químico (sempre tenha um amigo que seja químico. Você será uma pessoa melhor, já que a grandiosidade dos químicos sempre melhora o mundo) resolveu investigar como eram os perfumes no tempo dos reis egípcios (parem de chamar de faraós). Dessa forma, usando técnicas semelhantes às empregadas por perfumistas que capturam a fragrância de flores raras, a Matija e seu pessoal literalmente “aspirou” os aromas antigos em cartuchos especiais para análise.

He he he. Entenderam? Aspiraram. he he he, é piadinha de químico, porque mandaram pro cromatógrafo cheio de sacanagem. Eu quero um cromatógrafo de presente no meu aniversário. :(

A equipe descobriu que esses restos preservados da elite do antigo Egito carregavam buquês complexos de aromas — alguns agradáveis, outros nem tanto. Muitos exibiam indícios de fumaça, ervas e até traços de flores, enquanto outros exalavam notas de madeira e terra envelhecidas (leiam isso fazendo cara esnobe e levantando o dedinho).

A inspiração para essa pesquisa incomum veio quando Strlič teve um encontro casual com uma múmia recém-escavada em um laboratório de conservação. Segundo ele, tinha quase um cheiro cosmético, “agradavelmente doce e herbal”. Essa experiência desencadeou uma jornada científica no mundo aromático do antigo Egito.

O estudo revelou mais do que apenas cheiros interessantes — ele abriu uma janela no tempo, vivenciando a cultura e o comércio do pessoal do Nilo. Os diferentes aromas vêm de várias fontes: materiais de embalsamamento originais, como óleos e resinas, tratamentos modernos de conservação e até mesmo o envelhecimento natural de materiais como envoltórios de linho e sarcófagos de madeira.

Algumas múmias carregavam traços de ingredientes de lugares tão distantes quanto o Sudeste Asiático, mostrando o quão extensas eram as redes de comércio há milhares de anos. Os antigos egípcios não eram apenas especialistas em preservação, mas também mestres perfumistas que entendiam a importância de enviar seus mortos para a vida após a morte com um cheiro divino.

Os pesquisadores agora estão trabalhando na recriação desses aromas antigos para que os visitantes do museu possam sentir os cheiros autênticos da história. Imagine ser capaz de sentir o cheiro dos mesmos aromas que enchiam as antigas câmaras de embalsamamento egípcias há milhares de anos! Aquela cafungada no cangote de Ramsés II ou o aroma envolvente de Ankhsenamun. Cleópatra, não. Já é bem recente, ainda mais levando em conta que na linha do tempo, ela está mais perto do pouso na Lua do que da construção da Grande Pirâmide.

Então, da próxima vez que você visitar a coleção egípcia de um museu, lembre-se: por trás daquela caixa de vidro não está apenas um corpo preservado, mas uma complexa história aromática esperando para ser contada. O “cheiro da eternidade”

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of the American Chemical Society

Um comentário em “Aromas do Tempo: cientistas dão aquele cheirinho nos Faraós-oh-oh-oh

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.