Analisando séries e filmes de super-heróis XXX

Thor: A Ópera Rock

Ao ver Thor: Amor e Trovão eu tive um vislumbre de como várias histórias idênticas são contadas de formas diferentes. A rigor, como é típico da Marvel, a história fez uma salada de várias histórias diferentes, algumas não sendo propriamente do Thor. De início, já posso te adiantar: não é uma história de um carniceiro de deuses e sim uma história de amor… ou mais de uma.

Disclaimer:Não é porque tem XXX que é um artigo cheio de sacanagem, mas de repente é.

Gorr foi criado por Jason Aaron e Esad Ribić, aparecendo pela primeira vez em Thor: God of Thunder #1, em janeiro de 2013. A premissa dos dois é a mesma: ambos sofrem num planeta miserável, Gorr perde sua família (no HQ é mais de um membro) e ao chegar perto do seu deus e ver que ele cagava e andava para a população do planeta, Gorr é tomado de ódio e usa a necroespada para matar o deus dele e, assim, começa sua saga em livrar toda a Existência dos diversos deuses. A necroespada não tem maiores explicações, porque se explicações tivesse, filme da Marvel não seria.

O filme corta para um Thor Paz & Amor, praticamente um hiponga. É filme da Marvel e PG-13 é levado no 11; então, o olho que o Thor perdeu foi substituído por outro olho igualzinho ao que ele tinha, lembrando que em Guerra Infinita, ele ganha um olho praticamente tirado do cu (podem voltar lá no diálogo com o Rocket e verificar). Thor estava que nem hiponga, ao som de Enya, meditando até que é chamado pelos Guardiões da Galáxia para combater aquelas corujas espaciais esquisitas, e é aí que você verá o tom do filme: Thor se despe da túnica, aparece como num show de rock e… EI, TÁ TOCANDO ROCK???

Sim, Thor: Ana Raio e Zé Trovão é uma Ópera Rock. O cartaz é de uma capa de disco de Rock, a trilha sonora é Rock, Thor se veste como roqueiro, Stormbreaker é praticamente uma guitarra, o design é de Rock, tudo remete a Rock, uma maravilha feita pelas mãos zueiras do Taika Waititi.

Não satisfeito, Taika ainda traz de volta Jane Foster e, curiosamente, ela estava bem, sem ser aquela merda enjoada dos outros dois filmes do Thor. Fiquei surpreso, apesar de ele continuar com a Zueira. Pelo amor de Deus, o Taika faz o Thor viver romancinho com a Jane, só faltando tocar Raindrops Keep Fallin’ on My Head, tentando remendar a cagada e dar uma explicação para onde foi Jane depois dos eventos de Dark World, e mencionada como tendo dado um pé na bunda do Thor em Ragnarok.

Jane Foster aparece empunhando o Mjolnir, para surpresa do Thor, que junto do pessoal esqueceu que Mjolnir tinha sido quebrado em Ragnarok, e Taika aproveitou isso. Aí vira uma espécie de quadrângulo amoroso com o Thor querendo o Mjolnir de volta e o Stormbreaker com ciúmes, porque sim. É filme do Taika, é pra ser zueira, mesmo.

Jane Foster aparecendo com o Mjolnir nem é novidade, já que num dos episódios de What If, ela usa a arma e martela o martelão. Depois que ela efetivamente empunha o Mjolnir, quando na saga Bomba Divina, Thor deixa de ser digno de empunhar o Martelo. Thordis (ou como eu prefiro chamar “Thorina”) acaba ficando com o direito de empunhar o Mjolnir, mas, no filme, a explicação é outra: Thor meio que joga um feitiço sem querer no Mjolnir para ele proteger Jane Foster. O que ele não sabia é que ela fica com câncer e está cada vez mais doente exatamente porque o Mjolnir drena a força vital dela. Talvez por não ser uma deusa, não sei, o filme não explicou.

Gorr continua saindo rapando geral, e Thor vai pedir ajuda na cidade dos deuses, encontrando com Zeus, mas é apenas para ser piada e, claro, agradar as mulheres mostrando a bunda do Thor e músculos inflados digitalmente. Não agregou nada ao andamento do filme, mas foi engraçado, ainda mais por causa do gancho na cena pós-créditos: Hércules vai enfrentar Thor; mas isso fica pro futuro.

Vamos ser honestos, eu já estou cansado e o filme, apesar de divertido, é uma historinha mequetrefe. Encurtando, o plano do Gorr é usar o Stormbreaker para ir até o Celestial Eternidade e lá fazer seu pedido, de forma que todos os deuses sumam, PUF! Isso é interessante, pois Gorr não vê os celestiais como deuses.

Thor chega lá, junto com Jane Foster cada vez mais doente, e manda aquele papinho pro Gorr, que acaba sendo iluminado e resolve dar uma chance à paz, trazendo sua filha de volta à vida. Jane Foster morre e Thor adota a guria, já que Gorr também morre.

Ótimo, ok, beleza. Sobre o que é o filme?

Temos um pai que perde a filha, entra em desespero, acaba sendo enfeitiçado usando um objeto mágico que o controla e desanda a uma torrente de carnificina, manipulando o pobre para que haja uma extinção geral que vai afetar em todo Universo.

Thor: Amor e Trovão é a versão engraçadinha de Dr. Estranho no Multiverso da Loucura. Enquanto Wanda é possuída pelo Darkhold, Gorr é possuído pela necroespada. Só muda o objeto mágico, o resultado é o mesmo, mas e daí? Uma narrativa pode ser feita de diferentes maneiras e estilos. Enquanto Sam Raimi fez um filme de terror, Taika foi pela zueira e meteu Rock até Guns n’ Roses fazer bico, mas a história é literalmente a mesma, o que mostra que Marvel está sem criatividade e nem dá bola para isso, já que bastou ter cena pós-crédito, as pessoas já ficam satisfeitas..

Isso significa que o filme é ruim? Não, claro que não. É muito divertido, com a qualidade Taika de deixar um filme vindo de duas tosqueiras vagabundas, remendou ao seu jeito e transformou num videoclipe.

Daqui a pouco ele é chamado para trabalhar em Bollywood.

5 comentários em “Analisando séries e filmes de super-heróis XXX

  1. Se não me engano, o Mjolnir não rouba a força vital da Jane, mas “limpa” os efeitos da quimioterapia, então o câncer dela continua avançando quando não está transformada.

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    1. Não.

      Em 1h26min, tem o diálogo: “Eu preciso de você, Jane. Preciso de você viva. Seria ótimo ter você enfrentando Gorr ao meu lado, mas o martelo está matando você. Toda vez que você usa, ele drena sua força mortal”

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