Mentira tem perna curta, é cabeluda e mata pessoas

Eu vivo falando para as pessoas não compartilharem merda. Claro, sou ignorado. Pessoal acha que as historinhas tristes merecem ser compartilhadas, mesmo quando está na cara que são mentira. Mas o que custa? Vai que é verdade? Bem, pergunte a Daniel Picazo. Por causa de uma fanfic, ele foi assassinado.

As pessoas não entendem o poder da fanfic. Jornalistas, são piores, porque qualquer fanfic que ganhe engajamento é vendido como notícia sem ninguém checar se aconteceu ou não, já que jornalismo de recursos precisa de qualidade.

Outro dia, como é de praxe, pessoal estava compartilhando merda no Twitter. Era uma doce fanfic de alguém que ficou preocupado com um funcionário do McDonalds, um segurança. O coitado estava com frio, e o herói da fanfic foi lá e ofereceu o seu casaco. O segurança choroso disse que não podia vestir, porque iria tampar o uniforme. Então, um bando de idiotas exigiu que o McDonalds tomasse uma providência, o que era muito esquisito se ele fizesse, já que era um segurança de empresa privada.

Eu apontei os detalhes que não faziam sentido e me disseram que não estavam exigindo providências do McDonalds. então eu mostrei um screenshot do que a pessoa falou e eu fui xingado, como é normal acontecer quando eu pego os outros na mentira.

Já o caso de Daniel é muito pior. Morador do México, Daniel foi vítima de uma fanfic escrota. Saiu rolando nos whatsapps da vida entre os moradores da Cidade do México que Daniel era um ladrão de crianças. Da mesma forma que as fanfics inócuas (ou quase) se espalham, Daniel começou a ser perseguido. Encontraram-no, meteram-lhe a porrada, queimaram-no vivo e ninguém deixaram que o resgate se aproximasse para socorrê-lo. Daniel foi morto por uma mentira,

Mas vai que é verdade, né? Mas não era. E agora? Quem vai pagar pela morte dele? Ninguém. E vocês continuarão compartilhando merda, como a hostória imbecil do motorista de Uber que solta um gás boa noite cinderela para a passageira dormir e ser abusada sexualmente. Isso num carro fechado, mas curiosamente, o motorista não é afetado.

Mas vai que é verdade, né? Pergunte a Rafael Macedo o que ele acha do “vai que é verdade?”

Mas eu posso ficar tranquilo. Amanhã, é certeza que vocês continuarão replicando todo tipo de mentira para se sentirem superiores.


Fonte: G1

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