O Brasil é um país tosco que vive na Era Pré-Científica. Aqui rezadeiras ganham comendas, índios mágicos são contratados para controlar o tempo, universidades têm departamentos paranormais e Homeopatia é especialidade médica reconhecida. A França, assim como vários países de verdade, vai num caminho contrário do Brasil, por motivo intrínseco óbvio. A nova resolução do Ministério da Saúde é, de forma resumida, Homeopatia é o cacete, e eles não vão mais financiar ninguém vendendo água com açúcar em pílulas.
Mas você vai querer saber mais, né?
A ministra da Saúde da França é a médica Agnès Buzyn (sim, ela tem Twitter). Ela cismou que esse negócio de rigor científico tem que ser seguido rigorosamente, e a única coisa até hoje que foi provado quanto a Homeopatia é que este lixo é uma enganação. E se você discorda, eu DESAFIO a postar as publicações científicas com revisão de pares. Não, revista de Homeopatia não serve. Quero algo do The Lancet, New England Journal of Medicine e similares. No Paper, No Science!
O governo francês vinha reembolsando tratamentos à base de Homeopatia já há um bom tempo, só que C’est fini. A partir de 2021, o financiamento de tratamentos com base dos pseudoremédios da multinacional Boiron vão cessar. Ah, você vai dizer que eles são coitadinhos pois a Big Pharma malvada quer acabar com tratamentos dos pobrinhos, certo? Pois começa que Boiron não é uma empresoca pequena; pelo contrário, é uma das gigantes da indústria de remédios homeopáticos (isso se não a colocarmos como a maior). Eles até têm escritório no Brasil, onde distribuem seu arsenal de “remédios” em rede de farmácia própria. Vocês podem ver os dados da Boiron e me digam se isso é farmacinha de fundo de quintal. [1] [2] [3]
Ah, mas e as rivais? Também vão tomar na cabeça! Motivo? Um grande estudo nacional concluiu que a medicina alternativa não funciona, já que se Medicina Alternativa funcionasse, seria chamada “Medicina” (PDF disponível para vocês darem uma olhada).
A Boiron sentiu a água bater na bunda e já veio com miguem que as ações vão cair, ela passará por maus bocados, que isso afetará seus empregados. É apenas lenga-lenga de quem não tem nada e quer continuar recebendo por isso. As “evidências” que a Boiron apresenta se baseiam no fato que médicos prescrevem receitas com seus “medicamentos” E medicamentos de verdade. Assim é fácil funcionar, né? Famosa sopa de pedra!
A diretora executiva da Boiron, Valerie Poinsot, disse com olhos grandes e lacrimejantes e orelhas caídas que, tadinha, a Boiron perderá 50% das vendas na França. O remédio é tão bom que só por meio de reembolso do governo francês que conseguem vender. Apresentou algum trabalho científico demonstrando a eficácia? Não, então, já era. Corta esse reembolso aí!
Alemanha já está em processo de parar de financiar este lixo. Grã-Bretanha já limou isso. Suécia, Bélgica e Áustria também não apoiam esta pouca vergonha, mas estamos falando de países civilizados que não odeiam a Ciência, diferente do Brasil que acredita piamente que remedinho homeopático é fito por velhinhas no interior do Mato Grosso e a Big Pharma malvada quer destruir tudo, vendendo remédios que não funcionam só para matar o paciente e ela ter prejuízo.
Só para vocês terem ideia do montante envolvido, só a França reembolsou 126,8 milhões de euros para tratamento homeopático, além de 20 bilhões de euros para medicamentos. Você estava falando o que, mesmo, de Big Pharma? Não, Boiron e suas correlatas não são empresas pequenas e isso não é ação da Big Pharma, é sensatez de impedir pacientes de se “medicarem” com um lixo sem nenhuma ação físico-química ou bioquímica, e se você me diz que, sim, tem, pode começar a colocar as equações químicas aqui nos comentários, com os devidos mecanismos de reação.
Enquanto isso, toma mesmo na cabeça, homeopatas malditos. Estou esperando o dia que o Brasil tomará uma atitude dessas.
(nunca, obviamente!)
Ah, e antes que eu me esqueça…
Fonte: Bloomberg