Químico eletrocuta bactérias e elas ficam serelepes

Lembram do artigo sobre a bandagem elétrica que acaba com biofilmes de bactérias? Aí você ficou: MUAHAHAHAHA, mete eletricidade nessas disgramadas e mandem-nas pro Inferno das Bactérias. MUA-HA-HA! Agora, imagine que você está dando um rolé num parque e vê uns caras colocando eletrodos numa piscina natural para dar uns choques no que tiver á e descobre que as bactérias lá não só estavam vivinhas da silva como adorando a eletricidade a ponto de se alimentarem dela. Bizarro, não?

Abdelrhman Mohamed é engenheiro químico (com ele a oração e paz) e doutorando em Engenharia Química, com ênfase em Bioengenharia, na Universidade de Washignton. Em 2018 ele participou de uma pesquisa Parque Nacional de Yellowstone. Longe de estudar os hábitos alimentares de ursos, Mohamed foi dar uma olhada nos gêiseres e fontes termais de lá.

Sua pesquisa teve lugar na Bacia Geyser Heart Lake, em que ele e seus colaboradores analisaram quatro piscinas de água aquecida naturalmente. Deixaram alguns eletrodos inseridos na borda da água, aplicaram corrente elétrica e foram embora. Pesquisa fácil, não é mesmo? Bem, depois de cerca de um mês, eles foram lá e pegaram os eletrodos, voltou pro laboratório e seguiu as instruções de do dr. Paul Hohenschuh, professor emérito da Escola de Engenharia Química e Bioengenharia, que é quem realmente vai ganhar a fama pela pesquisa (mas Mohamed assinou a pesquisa como primeiro autor, mas já sabemos quem vai ficar com as verbas).

Tecnicamente, um organismo vivo se mantém vivo por meio de reações químicas. Reações químicas precisam ser ativadas por meio de energia de fontes externas, e uma forma de promover este tipo de reação química é através de processos de oxi-redução, em que fluxos de elétrons transitam entre diferentes substâncias químicas.

Bem, se você aplicar corrente elétrica, pode ter reações químicas (chamamos isso de “eletrólise”) e isso pode ter efeitos em seres vivos bem simples, como bactérias. Ao se ceder energia elétrica, pode-se direcionar o sentido da reação e se isso favorecer nas reações químicas necessárias, VOILÀ!, você tem uma bactéria que “come” eletricidade.

Só que tem um detalhe. Isso não acontece com todo tipo de bactéria, só as chamadas “eletricamente ativas”, mas ainda se sabe pouco sobre elas. O lance, então, é testar in natura se a aplicação de corrente elétrica de fonte artificial tem algum efeito sobre os serzinhos e… bem, sim, tem efeito sim.

O que Mohamed fez foi aplicar esta corrente elétrica artificial, permitindo aos seres vivos do lago trocarem elétrons com os eletrodos sólidos colocados lá. O problema dessa técnica é (ou era) a baixa oferta de equipamentos de análise adequados. Não é apenas jogar uma pilha AA; química não é bagunça. E se você não tem um equipamento do qual necessita, você constrói um. Sendo assim, Mohamed e seu pessoal criou um potenciostato operado por bateria de baixo custo que é capaz de controlar o potencial de um eletrodo que pode ser implantado e operado remotamente, permitindo o enriquecimento de microrganismos com eletricidade em seu ambiente nativo.

O aparelho foi testado em quatro fontes termais alcalinas, com temperatura variando de 45 a 91 °C e pH relativamente constante de 8,5 a 8,7. A análise da comunidade microbiana mostrou uma mudança na estrutura da comunidade microbiana após 32 dias sendo “eletrocutada”. O impacto da polarização na comunidade microbiana foi mais substancial nos eletrodos que geraram as maiores correntes catódica e anódica, sugerindo um impacto direto da polarização na comunidade microbiana dos eletrodos.

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Power Sources, mas não está aberto. Problema seu. Arrume um modo alternativo para ler. Não quero nem saber.

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