Itajaí cria programa para tratar viciado com placeb… Homeopatia

A Prefeitura de Itajaí segue a linha do Leão do Proerd do Mal. Muito provavelmente, algum sacripanta lá achou que maconheiro não é gente, e sim um bando de nóia. Como dar cabo de maconheiros, mas sendo ético e responsável? O Governo Prefeitural, dessa forma, se aliou a outros psicopatas da Univali e mandaram pra frente um projeto estabelecendo um cronograma de trabalho para a preparação dos profissionais que participarão do CocaCrack 3 (isso parece nome de filme da Asylum. Quero muito ver esse cracudo com poderes). Este projeto visa, aos olhos da imprensa e sociedade, oferecer tratamento a viciados em drogas por meio da Homeopatia. A verdade é que querem é ver os caras se ferrarem, sem tomar nada que preste.

Indo assaltar a geladeira por causa da larica, usando óculos escuros por não ter colírio, esta é a sua SEXTA INSANA!

Homeopatia, segundo o mito, se baseia em tratar a doença por meio de diluições sucessivas do que causa a doença. Então, eles farão como? Baterão uma Canabis no liquidificador e começarão a diluir? Fumarão o baseado e darão baforadas em água para diluir? Como será feito isso? Cocaína é alcaloide, não se dissolve em água facilmente. Usarão agente ativo de superfície?

De acordo com o Projeto Crack da Copa, digo, CocaCrack (parece nome de banda dos anos 80), a homeopatia poderá garantir que o usuário se livre das drogas sem os sintomas de abstinência, num projeto pioneiro no país que testará o tratamento alternativo em 120 cracudos. Essa pesquisa foi desenvolvida com base em estudos do dr. Ubiratan Cardinalli Adler, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Bem, vamos ver os trabalhos do dr. Adler para ver a quantas andam o avanço de sua pesquisa.

Em 2009, o dr. Adler publicou um artigo chamado Homeopathic Individualized Q-Potencies versus Fluoxetine for Moderate to Severe Depression: Double-Blind, Randomized Non-Inferiority Trial, uma pesquisa duplo-cego comparando tratamento de depressão usando fluoxetina e com tratamento homeopático. Eu não achei nada sobre isso no The Lancet ou no New England Journal of Medicine. Este magnífico trabalho foi publicado no importantíssimo periódico chamado Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, em que por menos de 2300 dólares, você pode publicar seu artiguinho lá. Pelo Research Geate, seu fator de impacto é de 1,09. O do The Lancet é de mais de 8.

Vamos ler a discussão dos resultados.

Neste estudo, pacientes ambulatoriais sofrendo de depressão foram aleatoriamente designados para um tratamento duplo-cego com Q-potências homeopáticas individualizadas ou fluoxetina. A análise de não-inferioridade indicou que as Q-potências homeopáticas não foram inferiores em comparação à fluoxetina no tratamento desta amostra de pacientes ambulatoriais com depressão moderada a grave.

Ok. Não houve diferença. Prossigamos.

Este é o primeiro estudo randomizado controlado duplo-cego com um número razoável de indivíduos para tirar conclusões sobre o tratamento homeopático da depressão, tanto quanto é do nosso conhecimento. De fato, uma recente revisão sistemática encontrou apenas dois ensaios clínicos randomizados que examinaram o uso da homeopatia no tratamento da depressão, um de baixa qualidade metodológica (não-cego) e outro com dificuldades de recrutamento: onze participantes foram incluídos e apenas três completaram o estudo.

Ele se refere ao paper de 2005 “The feasibility of a randomised, placebo-controlled clinical trial of homeopathic treatment of depression in general practice” (A viabilidade de um ensaio clínico randomizado e controlado por placebo sobre o tratamento homeopático da depressão na clínica geral) na prestigiosa revista Homeopathy (cuja conclusão foi: “Uma tentativa deste desenho na prática geral não é viável, devido a dificuldades de recrutamento, muitas delas ligadas à preferência do paciente. Diferentes abordagens são necessárias para recrutar números de pacientes adequados para ensaios desse tipo”. Pois é. Sem conclusão.)

Mas o legal mesmo é ler isso aqui:

O uso de placebo não foi incluído no presente estudo porque não foi autorizado pelo Conselho Nacional de Ética. Embora as intervenções com placebo estejam associadas à resposta média ou taxas de remissão de ~ 35%, um efeito placebo não pode ser descartado, já que as potências Q homeopáticas foram comparadas com um antidepressivo e “está se tornando cada vez mais difícil. provar que os antidepressivos – mesmo antidepressivos bem estabelecidos – funcionam melhor que o placebo em ensaios clínicos ”.

Ele acabou de dizer que o ensaio dele não tem conclusão alguma pois pode muito bem ser efeito placebo, ainda mais que os testes usando placebo-placebo (e não homeopatia-placebo) não diferem em nada do uso de remédios anti-depressivos. Isso aliado ao fato que o paciente que sofre de depressão vai ter que passar por terapia. Só remedinho não ajuda e… você leu a parte que ele diz que não difere homeopatia do efeito placebo? Shooooooow, né?

Em 2012, dr. Adler publicou o artigo Homeopathic potencies of Opium in alcohol dependence : exploratory open-label study no periódico International Journal of High Dilution Research. Este periódico tem fator de impacto igual 0,35 no Research Gate.

A maravilhosa conclusão foi:

Dada a natureza exploratória do estudo, o pequeno tamanho da amostra e a ausência de grupo controle, nenhuma conclusão sobre a eficácia do ópio no tratamento da dependência de álcool pode ser tirada, no entanto, esses resultados justificam o recrutamento de amostras maiores para realizar estudos controlados randomizados.

É um paper socrático: Concluí que não concluí nada.

Em 2013, o dr. Adler publicou o artigo “Homeopatia na fissura por cocaína-crack: estudo randomizado, duplo-cego e placebo controlado”, na Revista de Psiquiatria Clínica, cujo fator de impacto é 0,24.

Quais os resultados?

Dos 42 pacientes, apenas 23 (54,8%) retornaram pelo menos uma vez, sendo, portanto, considerados para a análise estatística. Destes, 12 (52%) foram aleatoriamente alocados para o grupo 1 (homeopatia) e 11 (48%), para o grupo 2 (placebo). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos em relação à eficácia (Escala de Fissura por Cocaína de Minnesota) ou efeitos colaterais (registrados segundo a escala de efeitos adversos da Sociedade Escandinava de Psicofarmacologia).

Repetindo: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos em relação à eficácia

Em todos os artigos o efeito placebo é nítido. Não há diferença NENHUMA. E sabem quanto este “projeto” em Itajaí custará? Cem mil… CEM MIL DÓLARES! De onde vem esta grana? Do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde. Eu estou pagando para tratar cracudo com merda de placebo!

MAS ESPEREM!

A mudança de protocolo exigirá, nos próximos meses, treinamento dos profissionais da atenção básica de saúde para selecionar pacientes e coletar os dados da pesquisa. Isso gera custos, gera gastos, gera grana saindo do erário para preparar gente que vai dar placebo pra cracudo. Se o resultado de Itajaí for positivo (o que NUNCA foi comprovado nos papers do dr. Adlere, mas vão considerar positivo mesmo assim), este LIXO será levado à saúde pública em outras cidades no país.

Que maravilha, hein? Já não bastava dar homeopatia pra pessoas, passaram a dar homeopatia para vacas e agora para cracudo. Que ótimo! Sem NENHUMA comprovação científica.


Fonte: NSC Total, via Cardoso, que me manda este monte de merda só porque sabe que eu sou atraído por este tipo de postagem como insetinho vai pra luz.

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