Nada pior que fanatismo, que leva a atos absurdos e insanos. Um exemplo disso aconteceu no Japão, em 20 de março de 1995, no que ficou conhecido como Ataque ao Metrô de Tóquio. O motivo do atentado? Não foi por fronteiras ou por libertação de presos políticos. Simplesmente por causa de religião, aquela coisa que religiosos dizem ser muito importante para fazer as pessoas mais éticas, sem a qual cairíamos na barbárie.
Chizuo Matsumoto era um inútil. Como todos os inúteis da sua espécie, ele tinha um ridículo vazio existencial, e como todo maluco inútil com vazio existencial, ele tinha altos sonhos. O erudito T. E. Lawrence dizia que todos os homens sonham, mas não igualmente. Aqueles que sonham durante a noite nos poeirentos recessos de suas mentes, acordam durante o dia para descobrir que era vaidade. Entretanto, os que sonham de dia são homens perigosos, pois podem agir em seus sonhos com os olhos abertos para torná-los possíveis. Chizuo era um desses homens e sonhou que ele seria uma espécie de Messias.
Mudou seu nome para Shoko Asahara e fundou a seita Aum Shinrikyo ou Verdade Suprema, uma seita apocalipsista que fez uma salada teológica misturando desde escrituras Vajrayana, a Bíblia e em outros textos sagrados de diferentes fontes, que juntos não faziam um puto de sentido. Até mesmo a Bíblia tem uma certa coerência, mas esta bosta de Verdade Suprema era um frankestein teológico. Asahara, com isso, se declara ser uma mistura de Cristo com Buda, alegando ser o único verdadeiramente iluminado do Japão. Sua missão era levar os pecados dos outros, podia transferir o poder espiritual para seus seguidores… vocês sabem. O mesmo lenga-lenga religioso que todos esses toscos metidos a líderes religiosos pregam.
Como todo líder apocalipsista, Asahara previu – OLHA QUE INÉDITO! – o fim do mundo. E – OLHA QUE INÉDITO DE NOVO! – o mundo estava caminhando para conflitos extremos e a elite judaica e maçônica iria levar o mundo para a Terceira Guerra Mundial, a qual seria encabeçada pela família real britânica, holandeses e outras religiões que não concordavam com aquele maluco. Isso lembra algo a vocês? Sim, todas as outras religiões fanáticas. Quando crente louco vier lhe dizer que o mundo acabará em chamas e haverá uma guerra do Armagedom, não ria. Se ele tiver condições, ele fará a mesma coisa que Asahara fez, é só uma questão de oportunidade.
A oportunidade de Asahara veio quando ele conseguiu coroar o maior ataque terrorista de Tóquio. Ele já tinha feito outros ataques, como o de Matsumoto, em 1994, com o uso de uma forma impura de gás sarin, um gás neurotóxico criado em 1938 que a Convenção de Genebra achou que era hardcore demais. Neste ataque, oito pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas, mas isso não foi tão brutal e violento quanto o ataque terrorista com gás tóxico sarin ao metrô de Tóquio, ocorrido em 20 de março de 1995, em que testemunhas relataram ter vistos pacotes na linha do metrô vazando uma fumaça e, logo depois, sentindo emanações ardentes atingindo seus olhos. A toxina atingiu as vítimas em questão de segundos, deixando-as sufocadas e vomitando, algumas cegas e paralisadas. O gás ceifou a vida de 13 pessoas, deixando 6.000 feridas.
Investigação da polícia levou até o psicótico do Asahara e de litros envolvidos e ele foi condenado à morte. No Japão, ainda usam enforcamento, e isso até seria pouco, embora uma injeção letal talvez fosse tão irônico quanto pouco justo perto do que as pessoas passaram no metrô.
A pena de morte não trouxe os 13 mortos deste atentado (29, somando com os outros) de volta, nem teria como ou sequer foi pensado nisso. Vingança? Talvez. Punição? Com certeza! Talvez como um lembrete do que um louco megalomaníaco com alguns milhares de seguidores possam ser capazes de fazer, com o escudo protetor de ser apenas uma religião, aquilo que eu considero ser um câncer sociológico que mais mal trouxe à humanidade do que bem, e não me venha citar partes lindinhas do seu livro religioso favorito, fingindo que não viu as partes pérfidas e cruéis. Você pode não ter lido, mas um maníaco lerá e fará por onde aquilo acontecer.
Hoje seria uma sexta insana, mas a insanidade foi coroada numa segunda-feira, quando inocentes foram mortos por alguém que se julgou o caminho, a verdade e a vida.