Todo mundo gosta de borboletas. Eu prefiro as minhas com molho rosé. Elas são lindas, são incríveis, um espetáculo da Evolução. Suas camuflagem e mimetismo ajudam-nas a sobreviver por mais tempo, gerando mais descendentes. Elas já estavam aqui antes dos seres humanos aparecerem, o que é uma vantagem. Se alguém pisasse nela, tudo poderia ser diferente (quero ver quem pega a referência sem usar o Google).
Claro, borboletas são muito mainstreams. Há 150 milhões de anos, havia insetos da família Chrysopidae, que receberam o nome “kalligrammatids”. Alguns fósseis dessa gracinha foram analisados, e muitas semelhanças foram encontradas entre eles e as nossas borboletas.
O dr. Conrad Labandeira trabalha no Departamento de Paleobiologia do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian. Estava vivo e é muito velho, como yo momma, é com ele mesmo!
Com a contribuição do dr. Ren Dong da Capital Normal University em Pequim (eles chamam “Beijing”, azar o deles. É Pequim e acabou! Eu jamais teria um cachorro beijingnês, mas isso não tem nada a ver com o artigo), Labandeira meteu a mão em 20 fósseis de Kali Mah kalligrammatids, e o estudo revelou coisas interessantes, como a foto abaixo.
Prestaram atenção nas asas? A mesma disposição de padrões. Borboletas herdaram isso dos kalligrammatids? Muito pouco provável, já que há um hiato de mais de 50 milhões de anos entre elas. Mas esta mesma disposição de padrões lhes dá uma vantagem evolutiva semelhantes: ajuda a enganar predadores. Então, se não são parentes (próximos), como podem ter padrões semelhantes? Pelo mesmo motivo que tubarões e golfinhos têm um formato bem eficiente em termos de hidrodinâmica, sendo bem parecidos, apesar de um ser um peixe e o outro um mamífero. Chamamos isso de “evolução convergente”.
Estima-se que os kalligrammatids apareceram lá pelos idos de 165 milhões de anos A.E.C., indo gloriosamente para a vala evolutiva com o advento de flores diferentes das que eles estavam adaptados para se alimentar. A Seleção Natural dá, a Seleção Natural tira. Muito tempo depois é que surgiram o que nós conhecemos como borboletas. muito provavelmente descendentes de traças monocroáticas. Daí, padrões de cor foram aparecendo, conferindo-lhes (ou não) vantagens perante o ambiente circundante.
Os kalligrammatids também tinham diferentes padrões de coloração, além desses “pontos oculares”, mas todos acabaram indo sombriamente para o rodapé da História. Poucos deles foram fossilizados, e os fósseis nem ficaram em tão bom estado assim.
Os primeiros espécimes de kalligrammatid tinham, inclusive, mandíbulas capazes de mascar seus alimentos, mas o processo evolutivo acabou acarretando num tubo flexível. Quando novas espécies de flores surgiram, os kalligrammatid acabaram numa sinuca evolutiva. Tchau, tchau, sentiremos a sua falta.
O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B esperando vocfê lê-lo inteirinho. Tem até mais fotos dos fósseis.
“Elas já estavam aqui antes dos seres humanos aparecerem, o que é uma vantagem. Se alguém pisasse nela, tudo poderia ser diferente (quero ver quem pega a referência sem usar o Google).”
Efeito borboleta! E agora, ganho o que?
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Autor?
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Pensei que a referência era de O som do trovão…
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Congratulations!
Ray Bradbury na vei!
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Uhm lembro desse filme. Eles voltavam ao passado como lazer / negócio, mas alguém saiu da trilha e acabou pisando em uma borboleta, e, ao voltar para o futuro, o mesmo começou a mudar aos poucos em “ondas”. Nossa deu até vontade de assistir denovo.
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O filme mudou muito o conto.
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Tava procurando algo pra ler, acho que encontrei.
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