Textos digitais são mais fáceis de serem lidos por dislexos do que em outras mídias

Em 5000 anos de escrita, ainda não inventaram nada melhor que papel. Há muito, muito, MUITO tempo eu escuto que os computadores tornariam o papel obsoleto. Bem, nunca se gastou tanto papel depois do invento dos computadores pessoais, cérebros eletrônicos, PC, microcomputadores e, hoje, computadores (tudo a mesma bagaça!). A única coisa que a moderna informática particular (eu também quero inventar termos. Não enche!) foi uma profusão de garranchos e português pessimamente escrito, já que papel não tem corretor ortográfico (que na maioria das vezes não serve para nada, de qualquer forma). Analisem, o papel é TÃO importante ainda, que leitores de livros digitais imitam papel, o inverso não é verdadeiro.

Entretanto, eu não sou um ludita (cujo termo é várias vezes empregado de forma errônea, assim como "maquiavélico". Deixemos isso para outro dia). Simplesmente, o papel é a suprema perfeição, mas até mesmo a perfeição precisa de uma mãozinha. Pesquisadores descobriram que a leitura em de livros eletrônicos mostrou-se mais fácil para dislexos. Mas eu achei alguns errinhos básicos, como sempre.

Lendo um artigo da Ars Technica, vi uma pesquisa que apontava que dislexos conseguem ler mais facilmente em e-readers. Pelo menos, foi isso que o título da matéria disse: E-readers prove easy on the eye for some dyslexics

Entendo "e-reader" como um dispositivo para ler livros em formato digital (e não "eletrônico", meus queridos. Livro em formato eletrônico me parece um monte de diodos, capacitores, transístores etc arrumados para formar palavras). Assim, qualquer leitor de livros em formato digital (ou e-reader, e-book reader ou Kindle, mesmo, já que Kindle é a nova Gillette, se me compreendem) daria uma experiência de leitura melhor do que nosso amigo papel. Entretanto, a pesquisa não usou estes leitores de livros digitais. Eles usaram um iPod Touch, com aplicativo próprio para a leitura de arquivos.

A dislexia é uma deficiência (eu chamo logo de "doença", mas as pessoas adoram colocar paninhos quentes) que gera

(…) dificuldades na área da leitura, escrita e soletração, que pode também ser acompanhada de outras dificuldades, como, por exemplo, na distinção entre esquerda e direita, na percepção de dimensões (distâncias, espaços, tamanhos, valores), na realização de operações aritméticas.

Isso vem na Wikipédia, que alega que as causas envolvidas na dislexia é genética, hormônios durante a gravidez, influência familiar, sistema educacional, socialização, idioma e cultura estão envolvidos na dislexia.

Claro, escola deixa as crianças dislexas. Ok! Bem, é a Wikipédia, oque mais vocês queriam?

Fatalmente, dislexos têm sérios problemas de leitura. As letras e palavras se misturam e, para um dislexo, 1234 é a mesma coisa que 1243. Além disso, dislexos apresentam alterações na memória, alterações na memória de séries e sequências, orientação direita-esquerda, linguagem escrita, dificuldades em matemática, confusão com relação às tarefas escolares, pobreza de vocabulário, escassez de conhecimentos prévios etc.

Ou seja, 99% dos meus alunos são dislexos.

O dr. Matthew H. Schneps é cientista, doutor em Física pelo MIT e (Deus o livre!) está bem longe de ser pedagogo. Ainda assim, ele chefia o Laboratório de Aprendizado Visual e diretor do Centro de Ciência Educacional, que fica no Centro para Astrofísica do instituto Harvard-Smithsonian.

Mas não é só isso. Se houvesse uma justiça divina, Schneps sem nenhuma outra pessoa seria dislexa. Existem pessoas dislexas e Schneps é uma delas. No vídeo abaixo ele fala um pouco sobre suas experiências e dificuldades:


Vejam os outros depoimentos. São emocionantes!

Em um artigo publicado na PLoS One, Schneps e seus colaboradores testaram em alguns adolescentes uma nova técnica de apresentar textos. Usando um iPod Touch, os pesquisadores descobriram que os alunos conseguiam ler muito melhor do que em papel. O segredo? O texto era apresentado em poucas linhas com poucas palavras por linha, não ultrapassando 3 palavras por linha, cerca de 9 linhas por página. Não, não foi usado um dispositivo próprio para leitura de livros digitais, como o título (e a imagem de abertura) da Ars Technica deu a entender.

Lendo o artigo (e eu na larga maioria das vezes sempre leio o artigo original), vi a técnica. Claro que com menos texto por página, com menos letras por linha, a leitura fica mais fácil, já que é menos coisas para confundir o cérebro do dislexo.

Claro, eu acharia um saco ler assim. Eu até leio bem mais rápido com texto em papel, depois texto em tablet/e-reader e depois computador. Ler textos compridos na tela de um celular é um tormento pra mim. Acho um saco. Mas, obviamente, eu não posso ser a peça reguladora da humanidade (infelizmente). Como eu não sou dislexo, não posso ser levado me conta. É como eu dizer "andar com uma muleta não faz vantagem nenhuma a mim" (só se for bengala, para eu andar pelos corredores e dizer "Oi, eu dou o dr. House").

Agora, dislexos podem ter as mesmas (ou quase) chances que uma pessoa dita "normal", se é que isso existe. Com a técnica do dr. Schneps, há a possibilidade de dislexos não se confundirem tanto, só faltam obras adaptadas para isso, o que não é fácil, pois há uma imensa falta de livros em formato digital para várias plataformas. mas, pelo menos, o chute inicial foi dado.

3 comentários em “Textos digitais são mais fáceis de serem lidos por dislexos do que em outras mídias

  1. Pelo o que sei existe alguns diferentes termos de problemas com aprendizagem, são três: a Dificuldade de Aprendizagem é um problema com fatores extrínsecos, que não afetam áreas do cérebro, e são passageiros. Outra é o Transtorno de Aprendizagem, no qual, são intrínsecos, afetam regiões do cérebro e são genéticos, como: dislexia, discalculia, disgrafia, entre outras. A dislexia é uma doença? Nas normas técnicas da ciência é sim, ela está fora dos padrões de normalidade e a pessoa que é disléxica será a vida toda, não há cura, bom, até o momento. Mas porque a dislexia não é dita como doença? Existem muitas coisas que quando são apropriadas pelo senso comum ao invés de esclarecimentos ocorre o contrário, gera um desconhecimento e preconceito por parte de algumas pessoas. Os disléxicos sofrem muito, são rotulados de burros, se sentem inferiores por não conseguirem aprender da forma convencional. Imagina você no 8° ano ler como uma criança do 1º ano, por mais que vc se esforce? Deve ser terrível! Mas os disléxicos são pessoas inteligentes capazes de aprender de outra forma, e usam técnicas para ler, assimilar e compreender o texto. Quanto mais cedo saber sobre esse problema melhor será a capacidade da pessoa viver com este transtorno. Já li que Albert Einstein era disléxico, apesar de eu não ter fontes seguras sobre essa informação. Os disléxicos podem se tornar excelentes profissionais. Existem alguns níveis deste transtorno que varia de pessoa, pra pessoa. Não dá pra saber que a pessoa é disléxica sem fazer testes com um profissional capacitado pra isso, não é só porque uma criança, por exemplo, apresenta problemas com a leitura que é disléxica. Se vc ouvir alguma pedagoga falar que aquela criança é disléxica, manda-a pastar, pois ela não fez nenhum teste, acompanhamento técnico para afirmar isso. Por fim, a Deficiência de Aprendizagem que são genéticas, como: síndrome de down, autismo, entre outras.
    Dei explicações simples, pois até o momento é isso que aprendi..rs Mas já dá pra ter uma ideia e compreender as diferenças entre esses problemas.

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      1. @André, Desculpe se deu a entender que relacionei a síndrome de down e o autismo com se fossem problemas de aprendizagem. No caso, quis dizer que, essas doenças genéticas são classificadas no estudo dos problemas de aprendizagem na “categoria”: Deficiência de Aprendizagem. Só dei um exemplo. Compreendeu?

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