Dois sóis facilitam o surgimento de vida em outros planetas?

A Terra não tem nada de especial em relação aos outros planetas. Eles simplesmente deram um azar danado. Marte tomou tanto no quengo que acabou perdendo sua atmosfera, já que sua baixa gravidade não conseguiu segurar o ar lá. Vênus, por outro lado, acabou com um efeito estufa tão sinistro que nenhuma sonda dura lá mais que alguns minutos, dada a altíssima temperatura em sua atmosfera densa e corrosiva (a saber, Vênus é o planeta mais quente do sistema solar, mesmo não sendo o que está mais próximo do Sol). Algum planeta teria (mas não obrigatoriamente) que estar numa zona de conforto. No caso, é este planetinha aqui, por mais que tenha passado por percalços, seguidos de inúmeras extinções em massa. Estamos aqui por pura sorte, entretanto.

Agora, cientistas de várias universidades estudam se a existência de duas estrelas principais (como o nosso Sol) poderia ajudar que possa haver vida em planetas extra-solares.

Eu já expliquei anteriormente o que é o Goldilock Zone, a área  mais propícia em termos de condições para que um planeta possa sustentar vida (de acordo com os nossos parâmetros, é claro).

O dr. Jorge Zuluaga é físico da Universidade de Antióquia, que não fica em Antióquia, Turquia, e sim na rua 67, nº 52-46. Bloco 6, em Medellín, Colômbia. Neste endereço, no escritório 414, funciona o FACom, o Grupo de Física e Astrofísica Computacional. O dr. Zuluaga, cujo site é muito maneiro, e seus colaboradores descobriram um mecanismo físico que poderia fazer estrelas binárias serem mais hospitaleiras para a sustentação de vida em seus planetas ??do que aqueles que são iluminados por estrelas individuais. A descoberta pode significar uma modificação nas estimativas do número de planetas potencialmente aptos em sustentar vida na galáxia e no futuro a seleção de alvos para a busca de vida em outros lugares.

Planetas pertencentes a um sistema binário possuem uma área do tipo Goldilock Zone melhor do que o nosso pobre sistema solar aqui. Mas os planetas nesta região precisam cumprir outras condições para ser considerado realmente habitáveis, já que não basta sustentar vida. Até a minha meia usada e meu umbigo sustentam vida (por sinal, mais inteligentes do que o que eu estou acostumado em ver em muitas reuniões pedagógicas). Além de estar no lugar certo, o planeta deve ter uma atmosfera densa e húmida, onde o calor pode ser preso e a água pode condensar à superfície. Foi aí que Marte se ferrou e Vênus resolveu mostrar o dedo médio.

Manter uma atmosfera digna é um verdadeiro desafio para qualquer planeta jovem. Durante os primeiros dias de sistemas estelares e planetários, o espaço em torno de estrelas torna-se cheia de radiação de alta energia (luz ultravioleta extrema e raios-X). Esta luz de alta energia é produzida pela estrela jovem recém-nascida e de rotação rápida. Nosso Sol foi uma dessas, cuja rotação era cinco vezes mais rápida. Esta velocidade é diminuída com o passar do tempo e ainda esta diminuindo, mas a grande escala de tempo evolvida nos impede de3 acompanhar isso em tempo real.

Em sistemas binários, estão sujeitas a condições semelhantes às descritas acima, mas de acordo com a pesquisa de Zuluaga e seus companheiros demonstram que a segunda estrela do sistema binário ajuda a compensar vários fatores, como a influência térmica e magnética, onde3 os planetas acabam não estando sujeitos ao bombardeamento massivo de partículas de alta energia. Em outras palavras, uma estrela acaba fornecendo um escudo protetor contra os efeitos da outra estrela, ambas agindo mutuamente uma sobre a outra. O Universo é bizarro, não? O trabalho foi publicado no periódico Astrophysical Journal Letters.

Se tudo fosse perfeitinho, evento natural não seria, já que um sistema planejado por alguma força inteligente teria visto o óbvio: apesar de sistemas binários os períodos de rotação das estrelas estarem em sincronia, sistemas binários que possuem órbitas próximas ou são formados por estrelas de massa pequena (pequena em termos de estrelas, é óbvio), as velocidades de rotação são muito elevadas. Nesse caso, a estrela será essencialmente "sempre jovem" em termos de atividade magnética, implicando que as fases violentas poderiam ser de maior duração, mandando o planetinha feliz conhecer o Inferno. Estes sistemas, portanto, são bem piores para hospedar vida, a ponto de fazer Vênus um lugar bem mais aprazível para se passar as férias.

O Universo continua sabendo o que é. Ainda não temos a resposta definitiva para a pergunta "como podemos ter certeza sobre onde podemos encontrar vida?" Pelo menos, com a atual pesquisa, sabemos um pouco mais, temos maiores e melhores indícios. Podemos finalmente encontrar um planeta capaz de sustentar vida. Não implica que encontraremos o ET telefonando para casa ou um bando de insetos prontos para jogar um meteoro na gente. Pelo menos, temos que pensar se seus habitantes não estão todos ligando os secadores de cabelo ao mesmo tempo.

2 comentários em “Dois sóis facilitam o surgimento de vida em outros planetas?

  1. Sempre que leio sobre sistema binário imagino como seriam as estações do ano e como seria a órbita de tal planeta. Mesmo as duas estrelas tendo suas rotações sincronizadas, a ação de força sobre o planeta não seria diferente em parte da órbita?

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  2. Tal possibilidade me encanta desde minha infância, onde já possuia inteligência suficiente para suspeitar que, se algo tão vasto quanto o universo só sustentasse vida em nosso ínfimo planetinha azul, seria um grande desperdício… Quanto a esses parâmetros utilizados para mensurar a probabilidade de um planeta possuir vida, eles são retirados apenas de suposições feitas por nós baseadas em locais onde já encontramos vida, mas como a notória “Serratia liquefaciens” provou, há organismos que podem sobreviver em condições extremas.

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