As pessoas de um modo geral se maravilham com o surgimento da vida na Terra. Ok, eu também sou uma delas, mas quando a gente aprende um pouco sobre Química, vemos que muitas coisas não são tão mágicas quanto parecem. É interessante como uma ciência que surgiu com viés ocultista e/ou mágico acabasse por tirar o viés mágico do mundo.
A pergunta deriva, depois, para saber porque as coisas são assim, porque o mundo parece "preferir" por substâncias químicas com determinada conformação e não outra. A resposta pode estar não exatamente aqui na Terra, mas em corpos vindos dos confins do Universo.
A NASA é especializada em tudo o que acontece na estratosfera e acima. Se algo voa, cai ou ambos ao mesmo tempo. Atualmente, as pessoas acham que a NASA gasta seus recursos produzindo travesseiros, mas não é bem assim (a bem da verdade, a espuma vicoelástica foi desenvolvida em 1966, mas nunca foi usada nos foguetes. Alguma alma curiosa achou que ele poderia ser usado em travesseiros. Enquanto isso, você acha que esta espuma é alguma novidade tecnológica.
Uma das chaves para a intrincada história da vida na Terra não foi achada em nenhum travesseiro, e sim em fragmentos de meteoritos que caíram em um lago congelado, no Canadá, o Lago Tagish.
Em 18 de janeiro de 2000, um meteorito estava em plena rota de colisão com a Terra. Às 16:43, hora local, o meteorito estava bem em cima do lago Tagish e explodiu em uma miríade de fragmentos.
O dr. Daniel Glavin é um astrobiólogo da NASA Goddard Space Flight Center (GSFC), com uma ênfase de pesquisa em química orgânica e análise de meteorito. Ele lidera uma pesquisa em que analisa os aminoácidos presentes nos fragmentos de meteoritos do Lago Tagish, o qual dá uma nova visão sobre o que, como e onde aconteceu para que a vida pudesse ter aparecido. Uma das questões principais é sobre as estruturas espaciais dos isômeros obtidos.
Se você estudou um mínimo de Química Orgânica no colégio, sabe que determinadas cadeias carbônicas possuem diferentes configurações. É fenômeno chamado Isomeria, a qual, caso você não tenha aprendido no colégio, poderá saber tudo a respeito por meio deste artigo bem abrangente da Wikipédia Lusófona.
Curiosamente, entidades isoméricas levógiras estão em maior quantidade que as dextrógiras. Os aminoácidos assim formados geraram proteínas, que se combinaram e se tornaram o seu cunhado. Claro, depois de alguns bilhõezinhos de anos. Isso pode parecer informação inútil, mas deve-se levar em mente que as proteínas formadas são mais estáveis e, por isso, puderam ser os tijolos básicos da vida. A Seleção Natural em nível molecular determinou qual substância seria formada. Milagre? Não, Química.
De acordo com o dr. Jason Dworkin, co-autor do estudo, a lateralidade observada em moléculas biológicas é uma propriedade importante para os processos de reconhecimento molecular e é pensado para ser um pré-requisito para a vida.
A equipe confirmou que os aminoácidos foram provavelmente criados no Espaço através da análise isotópica. Como boa parte dos aminoácidos encontrados são derivados de Carbonbo-13, que normalmente é produzido no espaço, a probabilidade de eles teremn vindo "lá de cima" é alta. Eu, segundo meu modo de ver, é pouco para fundamentar o princípio da panspermia, onde a vida teria vindo do Espaço, pelo simples motivo que não teria caído aqui unicamente, sem que esses aminoácidos tenham aparecido aqui diretamente.
Talvez reforce que possa haver vida em outros rincões do Universo, mas é pouco para se pensar em homenzinhos verdes com tentáculos, prontos para sair de detrás de Marte para vir aqui nos dar "olá". A pesquisa será publicada no periódico Meteoritics and Planetary Science.
Fonte: NASA
