Pesquisador otimista acha que o mundo está menos violento

O mundo parece ter ficado um pouco melhor. Nada de muita agitação ou conflito. Nada de gente se exterminando em níveis que chegam à boçalidade. O mundo está tranquilíssimo perto do que ele era. Ao menos, é isso que o psicólogo (sim, eu sei) Steven Pinker acha. Para ele, faz uns 500 anos que o mundo está se tornando um lugar cada vez mais seguro para se viver, e a raça humana nunca foi tão pouco violenta. Ele defende isto com números que mostram como as guerras e mortes estão diminuindo em todo mundo. É realmente isso que acontece?

A comparação com outras épocas da humanidade é canhestra. Os números podem ser claros ao afirmar isso, mas a Matemática é ardilosa e pode-se provar qualquer coisa com a Matemática, inclusive que a Matemática está errada. De fato, não posso dizer que não haja mais tantos conflitos como antigamente, o que eu sinceramente acho estranho.

Pinker argumenta que antigamente, como nos tempos dos grandes impérios da Antiguidade, os imperadores mantinham a paz com mão-de-ferro, aniquilando vilarejos e matando indiscriminadamente, e que hoje eles seriam acusados por crimes de guerra. Eu discordo desta visão e por motivos simples. Primeiramente, vejamos o caso de Alexandre da Macedônia. Ok, ele saiu pegando todo mundo de porrada no seu caminho para os confins da Terra. sendo pupilo do idiota do Aristóteles, Alexandre acreditou naquela conversa que a Terra era chata feito pizza, o que causou sérios problemas com seus soldados, pois estes estavam na base do "pombas, este mundo não acaba, não?". Quando Alexandre chegou com todo o seu exército (meio andrajoso, já que meio que se perdeu no deserto) em frente ao Egito. O pessoal deu uma sacada no tamanhão da infantaria e viu o tímido exército que tinham. A época dos grandes reis do Egito tinha terminado. Assim, espertamente, enviaram Alexandre para falar com os sacerdotes do templo. eles disseram que iam consultar os deuses para saber se Alexandre era reencarnação de algum faraó. Qual não foi a esperada surpresa que sim, Xandinho, você é reencarnação de Rá. pode assumir o trono, meu filho.

Alexandre marchou rumo ao Oriente. Chegou na Pérsia e Dario, com seu imenso exército, levou um piau da Cavalaria dos Companheiros. Força bruta? O exército de Dario dispunha de mais de 200 MIL homens. Alexandre? "Só" 50 mil, mas muito disciplinados, bem treinados, bem armados e dispunham das maiores armas gregas: as estratégias militares de Alexandre, as quais ainda são empregadas hoje. Dario fugiu com o rabo entre as pernas, mas foi preso pelos seus próprios homens. Foi morto e entregue a Alexandre, crentes que iam cair nas graças do nanico. Alexandre quicou nas sandálias e mandou matar os manés que assassinaram Dario. Indo em direção à Índia, Alexandre, em meio a época das monções, vence Poro, rei hindu. Alexandre pergunta  a Poro como ele quer ser tratado e Pro responde: Como um rei! Alexandre ordena que ninguém fizesse mal a Poro ou às suas mulheres e filhos. Estes foram respeitados.

Tempo passou e chegou Roma. Roma tinha um certo problema com Cartago e o discurso venenoso de Catão sentenciou a cidade: Delenda est Cartago ("Cartago Precisa ir pra Vala", ou quase isso). Cartago foi riscada do mapa numa das maiores chacinas comandadas por Roma, que ainda não era o império que dominaria o mundo. A bem da verdade, ela ainda era uma república. Só seria um Império com a ascensão de Cio Júlio César.

Falando em César, Roma andava apanhando de um monte de tribos espalhadas pelas Hébridas. A Gália Cisalpina correu com, nada menos, que DOIS exércitos romanos. DOIS! Os camponeses desse lugarzinho que ninguém daria nada, mostrou o dedo médio para uma das maiores potências militares da História. Os antigos celtas irlandeses adubaram suas plantações com sangue romano, comandados por Vercigentorix (cujo nome significa Rei Supremo dos Guerreiros). Caio Júlio Cesar chega lá e fala pros que ainda estavam lá: Não vai subir ninguém. Eu tô no comando aqui, porra! (em latim isso fica deliciosamente engraçado). Vercingentorix é derrotado, é mandado para Roma, César acaba se tornando imperador e é sucedido por mais 11.

Temos exemplos de grandes reis humilhados por forças menores e menos expressivas em contexto numérico. Mas números dizem poucas coisas. 300 espartanos e alguns gregos deram o inferno de presente para Xerxes. Este venceu, para depois ser expulso das ilhas gregas, para que elas pudessem voltar à sua vidinha normal matando-se mutuamente.

Só no século XX tivemos: Guerra dos Boxers, Guerra dos Boers, Guerra Russo-Japonesa, Guerra dos Balcãs, Primeira Guerra Mundial, Guerra Civil Russa, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, Primeira Guerra da Indochina, Primeira Guerra Caxemira, Guerra da Independência da Irlanda, Guerra da Coréia, Guerra da Argélia, Guerra do Suez, Guerra Colonial Portuguesa, Guerra do Vietnã, Segunda Guerra Caxemira, Guerra da Independência da Namíbia, Guerra dos Seis Dias, Guerra do Yom Kipur, Ocupação soviética do Afeganistão, Guerra Irã-Iraque, Guerra das Malvinas, Guerra do Golfo, Primeira Guerra da Chechênia, Guerra do Kosovo e Segunda Guerra da Chechênia. Ufa. E eu só citei algumas.

Há uma sensível diferença aí. As guerras são mais numerosas pois há mais países. As guerras já não duram tanto, como a guerra dos 100 anos (que demorou 114 anos, a ponto de vagabundo estar se matando sem nem saber o motivo). Na lista não estava mencionado a Guerra Fria, já que não foi uma guerra declarada. Isso FEZ diferença. Foi na base do "o colega do colégio veio com uma barra de ferro para cima de você, e você mostrou para ele um trezoitão. Você não ia dar um tiro nele acima de certa distância e ele não ia tentar te bater de frente. Você não daria as costas e ele não chegaria perto o suficiente para ser alvo fácil".´Houve um equilíbrio de forças. Também descartei o objeto "terrorismo" da Equação, pois isso não foi inventado hoje.

Quando a blitzkrieg chegou na Polônia, fez de maneira tão absurdamente rápida (justificando seu nome) que não deu muito tempo pra selvageria. O gueto de Varsóvia ficou irritado e disse "Not on My Watch" e provocou sérias crises de úlcera em Jürgen Stroop.

Os japas resolveram radicalizar e bombardearam Pearl Harbor. Yamamoto tinha dito que era burrice fazer isso, mas ninguém consulta a nós, os gênios. A base foi atacada e o resultado disso foi duas bombas atômicas entregue em domicílio. Resultado: Japoro se lendeu, né?

O que fica entendido disso. O mundo não está mais tranquilo. está sob ameaça. Não tanto a ameaça que vivemos nos anos 80, esperando que os Minutemen caísse por todo canto ou uma Bomba Tzar explodisse no quintal. Filmes retratando o fim do mundo numa hecatombe nuclear não faltaram na segunda metade do século XX. Cinicamente, Juvenal estava certo ao dizer Si Vis Pacem Para Bellvm. Se queres a paz, prepara-te para a guerra. Não foram os filósofos que nos trouxeram a paz. Foi o medo e a insegurança. O medo de qualquer hora isso tudo acabe. O 11 de setembro mostrou às pessoas que elas não estão seguras, pois algum maluco pode conseguir fazer o impensável e mandar milhares de pessoas para a Terra dos Pés Juntos de uma vez só. A retaliação faz com que essas mesmas pessoas respirem mais uma vez enquanto leva terror à OUTRAS pessoas.

Não foi a Educação e solidariedade que nos deu isso que temos hoje. Foi o medo e a paranoia. Se estivéssemos gozando de períodos mais calmos, tirar vistos seria mais fácil e o pessoal da TSA não estaria com suas incríveis luvinhas azuis prontos para examinar todas as suas cavidades. Mas, de repente, este é seu significado de felicidade. Coisa de psicólogo, vai saber.


Fontes: Veja e Folha. Coisas da Imprensa Golpista. Este texto foi patrocinado pelos Illuminati, mas não ligue pro cara atrás da cortina.

3 comentários em “Pesquisador otimista acha que o mundo está menos violento

  1. O Pinker trabalha com números relativos e não absolutos como historiadores como Eric Hobsbawm. Eu, apesar de ser profundo admirador dos estudos em neruciência, psicologia evolutiva e ciências cognitivas que ele realiza, realmente discordo de Pinker nesse ponto, pois acho que não se relativiza a violência e tampouco a vida humana.

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  2. Só no século XX tivemos: Guerra dos Boxers, Guerra dos Boers, Guerra Russo-Japonesa, Guerra dos Balcãs, Primeira Guerra Mundial, Guerra Civil Russa, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, Primeira Guerra da Indochina, Primeira Guerra Caxemira, Guerra da Independência da Irlanda, Guerra da Coréia, Guerra da Argélia, Guerra do Suez, Guerra Colonial Portuguesa, Guerra do Vietnã, Segunda Guerra Caxemira, Guerra da Independência da Namíbia, Guerra dos Seis Dias, Guerra do Yom Kipur, Ocupação soviética do Afeganistão, Guerra Irã-Iraque, Guerra das Malvinas, Guerra do Golfo, Primeira Guerra da Chechênia, Guerra do Kosovo e Segunda Guerra da Chechênia. Ufa. E eu só citei algumas.

    Isso sem contar o crescimento exponencial da violência urbana, do narcotráfico, ditaduras totalitárias como o nazismo e etc…

    Concordo com o colega acima, não se pode relativizar violência quando envolve a vida humana.
    Complicado tirar conclusões tão simplistas como “o mundo está menos violento” desconsiderando a realidade atual do lado mais obscuro da sociedade, e meio que ignorando a história “explosiva” do séc. XX.

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