Deputados pobres de Goiás ganharão smartphones do erário público

André

Estamos no mundo 2.0, com uma política do século X. Enquanto os sans culottes trabalha dia e noite, a aristocracia precisa estar antenada aos novos modismos. E que modismo melhor seria do que ficar com a bunda pendurada nas malditas redes sociais, falando besteiras? Sendo assim, nada mais natural que os expressivos representantes da massa ignara quererem estar conectados 24/7 no mundo digital; e, para isso, precisam acessar seus Facebooks da vida e seus Twitters. Como são pobres, coitados, precisam ser subsidiados. Resultado? A Assembleia Legislativa de Goiás entrou com uma ordem de licitação para compra de smartphones para dar de presente aos digníssimos deputados.

Today is gatuno’s day. It’s Gaturday, Gaturday! Cry! Cry! Cry!

Enquanto você, seu idiota, fica preocupado se seu timinho imbecil ganhou algo no campeonato brasileiro, Luzia ficou em casa doente e você foi na horta ganhar algo no lugar dela. Enquanto você, seu imbecil, fica preocupado com o que sua sub-celebridade anda aprontando por aí ou se a Edicleuza Regina vai finalmente dar pro Romualdo Antônio na novela das 05:60 (um minuto pra daqui a pouco e quase seis), os políticos de Goiás mostram a que vieram. Como eles precisam ficar fazendo aquilo que o chefe do CPD de seu trabalho não permite fazer (salvo se você for o dono do pedaço, como o Lealcy), os digníssimos representantes do legislativo devem ter equipamentos (gadget is my ass!) para acessar as Interwebs.

Ciosos da necessidade dos deputados, vocês, goianenses*, mediante ação de seus representantes, decidiu abrir um processo licitatório para a compra de 108 smartphones com as especificações técnicas de um iPhone 4 com 16 GB de memória. O custo estimado pela Casa que temos que tolerar é de R$ 1.993,25 por cada aparelho, totalizando R$ 215.271,00. As informações são do jornal O Popular, reproduzido pelo Sindicato dos Trabalhadores do Setor Público Agrícola do Estado de Goiás – SINDIAGRI.

Os sans culottes continuam "sans".

A Assembleia Legislativa goianense* subiu nas tamancas e postou nota em seu site dizendo que não é bem assim e que a ralé estava exagerando. Eles esclareceram que não é que o telefone tenha que ser um iPhone, apesar das informações vindas da Imprensa Golpista — e tudo é imprensa golpista — dizem que as configurações deveriam incluir câmera para videoconferência de 5 megapixels e 16 GB de memória sapo, digo, RAM. A Assembleia ressalta que o número foi muito elevado e resolveram comprar apenas 76, de forma a atender os deputados mais necessitados, como uma forma de bolsa-escroque.

Como estamos em tempos de globalização, nada melhor do que ver o que nossos parceiros econômicos têm a oferecer. Eu sugiro um modelo 4G, de forma a estar preparado para internet de altíssima velocidade. E é dual chip, o que facilitará a vida de nossos (seus) representantes, já que são pobres e precisam aproveitar as promoções de diversas operadoras. Isso ajudaria muito aos goianenses*, pois o preço é bem competitivo e ajudaria a dar empregos aos nossos amigos brasileiros que vão trabalhar na China, em busca de condições melhores de trabalho.

Enquanto isso, em Minas Gerais, sendo um Estado da Federação muito o do riquíssimo, a Assembleia não quis saber. Elegeram Steve Jobs um modelo empresarial e vai jogar fora investir cerca de R$ 257 mil com iPads para deputados carentes e tirá-los do vício, ajudando-os a não mais pedir dinheiro no sinal ou vender bala nos ônibus. Sair da marginalidade ainda está fora dos planos, mas quem sabe um dia…? Se bem que podemos, mais uma vez, assegurar o emprego de brasileiros no exterior, comprando de outras fontes.

Para finalizar, uma pergunta: vocês sabem de quem é a culpa, não é?

*SIM, EU SEI!

19 comentários em “Deputados pobres de Goiás ganharão smartphones do erário público”

  1. É um ciclo vicioso.

    Políticos cortam verbas para educação
    > Logo, as pessoas são ignorantes e facilmente manipuláveis, discutindo política como se fosse futebol ou se preocupando com isso apenas nas eleições (isso quando não votam no número do primeiro santinho que acharem na rua)
    > Assim, os parasitas vão se perpetuando no poder e repetindo suas manobras > Como resultado, temos uma verdadeira “nobreza” que, se alimentando do sistema, obtêm seus presentinhos e benefícios extras, como o caso desse artigo…

    Ou acham que a educação brasileira se encontra nesse nível à toa?

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  3. Me faltam palavras. Não melhoram a educação, saúde, transporte, segurança, MAS “equipam” os deputados com iPhones. Que lindo. Nem deputados japoneses têm tantos benefícios. Aliás, é proibido o uso de celulares no prédio do parlamento. E no Brasil?

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  4. Aqui, no meu amado Ceará, optamos por coisas mais simples, como camionetas Hilux para (quase) todos os órgãos do governo.

    Os editais de concorrência praticamente definem a marca (pesquisem), que custam, para o governo, em média R$ 150.000,00.

    P.S.: “dizem que as configurações deveriam incluir câmera para videoconferência de 5 megapixels e 16 GB de memória sapo”

    Ao dizer isso, você me lembrou do tempo em que eu gerenciava uma assistência técnica autorizada da Itautec e da Olivetti:

    Chegou para o conserto uma calculadora de mesa que havia queimado após ser ligada.

    A ordem de serviço (de um técnico troll), dizia o seguinte: Problema na memória RÂ.

    O que ele realmente constatou: Havia uma râ (sapo) dentro da máquina de calcular (alguém lembra desse termo?) eletrocutada.

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  5. Finalmente um pequeno comentario sobre os tontos alienados pelo futebol(claro, desde criança sao bombardeados com isso: mas vejam sò, è o mesmo que acontece com as crianças nos paises muçulmanos)…

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  6. A sério, acha o que? Quem pode aproveita mesmo, até porque a boquinha pode durar pouco, ainda que se faça de tudo para que ela dure o máximo possível.

    A bem da verdade, o eleitor não tem culpa disso, até porque ele é só o infeliz que coloca o dedão para legitimar tal zorra.

    Poder é o que interessa… O resto é só conversa!

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      1. @André, aham… Senta lá.

        Logo de início, a decisão quanto a quem vai sair candidato sai dos PARTIDOS POLÍTICOS, dos quais a maioria das pessoas nem tem interesse em participar e nos quais a maioria dos gatos pingados que entram tendem a ficar como meros filiados ou ocasionalmente como massa de manobra para os grupos melhor consolidados lá dentro.

        Na prática, são os grupos políticos de maior força dentro desses verdadeiros consórcios eleitorais que definem quem vai sair candidato e quais candidaturas vão ser levadas a cabo, sempre considerando o potencial eleitoral do partido e a posição do mesmo em relação ao status quo.

        Nas eleições proporcionais, há a tendência de se organizar uma série de candidaturas de menor potencial eleitoral justamente com a intenção de puxar votos para a legenda e assim eleger os “cabeças de chapa”, no geral com melhores condições de bancar uma campanha e com um eleitorado mais sólido.

        A depender do caso, se faz uma coligação, na qual se ajunta um partido com o outro com o interesse de assim melhorar as chances dos partidos na eleição e manter um equilibrio nas forças políticas da coalizão eventualmente formada.

        Para o eleitor, só resta decidir entre as opções disponíveis, sendo que no geral, ele é conivente com o clientelismo (que lhe dá benefício imediato) e não tem praticamente nenhum discernimento quanto a como é organizado o processo eleitoral no Brasil.

        Isso é tão verdadeiro que em meio ao ambiente de alienação se colocam alternativas ainda piores do que o modelo existente hoje como uma panaceia para os problemas eleitorais existentes, sendo que duas das mais destacadas são o Voto Distrital e a Lista Fechada.

        Pela proposta do voto distrital tende a distorcer ainda mais a representatividade política ao subdividir os estados em “distritos” enquanto que pela proposta da lista fechada, se tem o famoso “voto vendado”, onde você vota na legenda sem ter a possibilidade de saber quais os candidatos por ela.

        Mals aê, mas nossa DEMOCRACIA é LIMITADA.

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        1. Logo de início, a decisão quanto a quem vai sair candidato sai dos PARTIDOS POLÍTICOS, dos quais a maioria das pessoas nem tem interesse em participar(…)

          I rest my case.

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          2. @André, desculpa ai se cometi algum erro na colocação, mas o texto foi longo e o humor também não estava bom.

            O fato é que a ética do mundo político é bem semelhante a ética da natureza.

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  7. O Brasil é um dos países do mundo em que menos se investe em infraestrutura.
    Além disso pagamos impostos altíssimos.

    E tudo isto para quê ?
    Para deputado usar ipod.

    É muita falta de sacanagem.

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