Mundo ético: Abelhas mumificam besouros ainda vivos

Os seres humanos acumulam séculos de barbárie. Desde apedrejar crianças por terem sido estupradas até emparedamento vivo durante a Idade Média, sem esquecer de mutilação para evitar "virar os olhinhos", o Homem mostrou a qual nível ele pode descer. Sorte que isso seja minoria atualmente, pois as sociedades evoluem com o tempo e princípios éticos v]ao se desenvolvendo, nem que seja de forma bem lenta. Claro está que isso é apenas devido ao nosso modo tosco de ser, pois, no mundo natural, tal coisa é inexistente. Por exemplo, uma abelha jamais apedrejaria um besouro, por exemplo. Se o distinto coleóptero invadir uma colmeia, JAMAIS uma abelhinha o mataria. Elas preferem mumificá-lo vivo.

Bem-vindos a mais um capítulo Vegan sobre como a Natureza é ética, perfeita e incapaz de escravizar, matar ou causar mal a outro ser vivo, pois tais coisas são somente características humanas.

No mundo divinamente planejado, animais e plantas (de acordo com a Bíblia, não existem outros tipos de seres vivos) foram desenhados por uma criatura inteligente. Tão inteligente que abelhas ao lhe picarem perdem metade da bunda (sim, eu sei) já que seus ferrões são farpados, enquanto que vespas foram planejadas por Satã, que as presenteou com ferrões lisos, os quais não mutilam os queridos himenópteros e estes podem continuar lhe picando. (em tempo: "himenóptero" não tem nada a ver com estruturas morfológicas de certas fêmeas.)

Como nenhum planejamento está livre de erros (principalmente os que já estão muito errados), algumas abelhas não possuem ferrões, como a Trigona carbonaria, uma abelha sem ferrão que abunda na Austrália. Esta desgraça, apesar de não poder te ferrar, pode ferrar de outras formas. Que o diga os pobres (mas nem tanto) besouros africanos que invadem as suas colmeias. Como sempre, a Natureza mostra a sua ética no referido besouro, ao invadir as colmeias de modo a roubar a comida armazenada pelas abelhinhas, matar as larvas e barbarizar geral.

Somente nos desenhos da Disney distintas espécies cuidam um dos outros, traçando laços de amizade. A verdade é que a guerra é previamente declarada e nenhum dos dois lados pensa em ceder (por motivos óbvios). Enquanto na África o besourão faz e acontece, na Austrália a colmeia é mais embaixo, digamos assim.

Ei! Como assim Austrália? Besouros saem de férias? Eles foram pegar onda lá?

No, you fool! O que acontece é que mediante ações humanas (ou nem sempre) acontece de uma espécie sair de seu habitat e ir parar num habitat completamente diferente. São as chamadas espécies invasoras. Há casos onde a espécie chega e começa a causar desequilíbrio ecológico, espalhando-se que nem notícia ruim, dizimando espécies nativas. Em outros casos, a espécie não se adapta, como foi o caso dos camelos importados no tempo do Brasil Imperial, para serem usados no Nordeste (não, não estou inventando).

O Aethina tumida, também chamado de Pequeno Escaravelho da Colmeia, é o que eu chamo de Besouro Espírito-de-Porco. O lazarento,biltre, desgraçado e pulha é uma das atuais pragas que afetam colmeias pelo mundo todo, desde o Egito até Portugal, dizimando colônias inteiras nas Américas, até que chegou na Austrália. Só que na terra dos cangurus ele se deu mal. Como dito, as T. carbonaria não possuem ferrões, mas as abelhinhas estavam adaptadas para contornar este problema. A solução encontrada pelas operárias foi envolver o tratante com uma mistura de lama pegajosa, cera e resina, mumificando-o vivo. Para todo o sempre! MUAAHAHAHAHAHAHAHA!

Como eu disse no artigo que explicava porque os besouros podiam voar, destronando aquela boçalidade de "leis da aerodinâmica", besouros possuem duas configurações.Uma com os élitros e as asas abertas e outra, todo fechadinho, parecendo um tanque de guerra. Quando as abelhas atacam, o besouro se fecha e isso sela o seu destino… nos dois sentidos. As abelhas os envolvem com uma mistura de cera, resina e lama. Esta mistura endurece, ferrando o besouro mesmo sem terem usado ferrões (ah, os trocadilhos… Quem pode viver sem eles?).

Desde 2008, Mark K. Greco doutorando na University of Western Sidney (convenhamos, traduzir para Universidade de Sidney Ocidental fica horrível) estuda a relação entra as duas espécies, publicando um artigo no periódico Naturwissenschaften, tendo sido previamente publicada na Nature Precedings (que não é indexada) e depois na Scientific American.  No artigo, Greco pesquisou como se dá o processo de contra-ataque do império abelhudo, onde a imobilização se dá em cerca de 10 minutos, de forma individual, enquanto que as abelhas africanas apenas isolam os besouros numa câmara e fecham-los lá dentro. A forma diferenciada que as abelhas australianas executam é mais eficiente, pois as abelhas trabalham em conjunto, cada uma atacando uma vítima, concentrando o ataque e tendo melhor resposta na resolução do problema.

Greco usou a técnica de tomografia computadorizada para mapear a colmeia sob ataque, obtendo um mapa em 3 dimensões do que ocorre lá dentro, conforme vídeo abaixo:

http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f8/1399191810

Outras informações podem ser obtidas pelo vídeo gravado pelo Dr. Jamie Ellis, da Universidade da Flórida:

12 comentários em “Mundo ético: Abelhas mumificam besouros ainda vivos

  1. As abelhas já são uns dos animais que mais mais matam humanos no mundo e ainda fazem isso? MEDO! De qualquer maneira elas devem continuar existindo, senão como fica o meu melzinho :mrgreen:

    Claro que não é só isso que me faz gostar das abelhas. Me impressiona a sua organização (eu sei que é uma substância que faz elas serem assim).

    PS: eu li o link da menina apedrejada e fiquei horrorizado tanto com a notícia como a página de comentários. Caraca! Como era zoneada! :shock:

    Curtir

  2. Caramba! Eu que já admirava as abelhas só por serem seres organizados, principalmente se comparados com seres vivos inteligentes e evoluídos como nós humanos (cof,cof),agora admiro pelo métodos éticos de como acabar com um invasor. Brilhante!

    Obrigado ao André, por postar o link do artigo falando sobre o voo do besouro que eu até então desconhecia.

    Curtir

  3. mto bom o artigo como de costume, só tenho um adendo, vc fez um jogo de palavras e acabou digitando errado XD
    se liga
    “Esta desgraça, apesar de não poder te ferrar, pode ferrar de outras formas.”
    acho que vc ia escrever “… apesar de não poder te ferrOar …” e acabou faltando um “O”.
    anyway excelente artigo continue assim adoro abelhas, são uns dos seres mais fascinantes do mundo (apesar de meio suicidas, mas quem sou eu pra questionar o genial projetista que projeta animais pra se matarem ao protejer sua propria comunidade[sarcasm mode {on}])

    Curtir

  4. Considerando que é interesse dos humanos que as abelhas se dêem bem nesta contenda, acho que as questões interessantes são:

    O comportamento é aprendido ou herdado – e se é possível fazer que outras colônias (domesticadas, no caso) aprendam o comportamento (misturando com as que conhecem, por exemplo);

    Outra coisa seria verificar se humanos poderiam induzir animais a aprender truques contra predadores.

    Uma observação final: este fato prorroga a data do fim do mundo, pois parece que as abelhas não vão acabar tão cedo…

    Curtir

    1. @Fátima, Definitivamente. Vegans, principalmente, que dizem que o mundo natural é “LiNdUxUu i nÓiX kI xOmOs mAuXx” :roll: . Deixe-me calar a boca porque, com este nick, é capaz de levarem isso a sério, colocando-me em uma cápsula para suplemento alimentar. :???:

      Curtir

  5. Adorei o fato de um escaravelho ser mumificado! Não podia ser mais egípcio.

    Fiquei maravilhada com a inteligência de tais abelhas, mas tive mais medo. A propósito, outra praga que houve na Austrália foram os coelhos. Lembro que a praga ficou tão descontrolada a ponto de precisarem matar centenas de coelhos sem que houvesse consumo humano.

    Os Vegetarianos e Vegans podem ver o episódio como mais uma história vil, cruel e mortifera do ser humano contra a natureza e tal. Eles nem pensam nos pobres agricultores que perderam hortas particulares ou até plantações municipais.

    Curtir

    1. @Mari.,
      Nessa dos coelhos australianos os vegans gostariam de saber que os malvados australianos usaram até guerra biológica para controlar a praga.
      Os cabras usaram o vírus da mixomatose infecciosa (êba, “produto” brasileiro) para acabar com os bichos.

      Curtir

      1. @Joseph K, Como brasileiro é cruel… Utiliza-se da doença mais comum dos bichinhos peludinhos e dentucinhos para exterminá-los. Fiquei sensibilizada com o fato, Joseph. Agora terei medo que a carne de coelho importada possa estar contaminada com radiação (?) vai que, né? Paranóia humana não tem limites. Muito menos a falta de inteligência.

        Curtir

        1. @Mari.,
          Ah, não, quando disse que era “produto” brasileiro quis dizer que o vírus é nativo daqui, e os australianos “importaram” a doença para acabar com os coelhos de lá, que são de outra variedade e muito sensíveis à doença (era 99% de morte, no início, mas agora deve estar por volta de 90%, viva a “seleção natural”).
          “Eu não sou paranóico. O paranóico ACHA que é perseguido, eu SEI.”

          Curtir

Deixar mensagem para André Cancelar resposta