A Arábia Saudita é um dos países mais severos no uso da Sharia, a Lei Islâmica. Como eu já cansei de repetir, no mundo islâmico, a Lei que dita as normas civis e penais é o Alcorão, posto que tais países são teocracias. Juízes julgam os processos mediante o que vem escrito no livro de Alá, escrito por sabe-se lá quem, mas é atribuído a Maomé no século VI, ditado pelo próprio Alá. Deixando mitologias de lado, uma nova polêmica vem com o vento do deserto quando um homem, por causa de uma briga, pode ser sentenciado a ter a sua espinha dorsal deliberadamente lesionada e perder os movimentos da cintura pra baixo.
Mancando de volta ao seu cotidiano, esta é sua SEXTA INSANA!
Na cidade de Tabuk, na Arábia Saudita (que, ao que me contaram, é que nem o Acre: dizem que existe, mas as pessoas têm dúvidas), um homem brigou com outro. Coisa normal entre indivíduos de muito músculo, pouco cérebro e muito haxixe na ideia. Só que um deles sacou uma faca e atacou o outro. O resultado da briga foi que Abdul-Aziz al-Mutairi, de 22 anos, ficou paralisado e perdeu um pé nessa briga, que ocorreu há dois anos. O nome do outro homem não foi divulgado.
O agressor foi preso e condenado a 14 meses de xilindró, vendo Alá nascer quadrado. Após 7 meses, ele recebeu anistia e, imagino eu, os familiares do agredido não ficaram muito felizes. Dessa forma, o agredido entrou com um recurso nos tribunais de lá exigindo uma punição condizente com o crime, isto é, que o agressor também tenha sua coluna lesionada, de forma que ele fique paralítico também. E é aqui que o caldo engrossa, a sopa entorna e a porca só não torce o rabo, porque estamos falando de islâmicos e porco é coisa de Sheitan.
Devemos ver tudo isso com cuidado. De início, vamos examinar o corpo de leis. Tudo bem que eu considero teocracias a coisa mais retardada e anacrônica que existe. Ser regido por um livro religioso que vai decidir qual a cor de sua cueca é a coisa mais louca que uma mente totalmente insana pode imaginar. Ainda assim é a legislação de lá e o povo, pelo visto, é bem tosco e tem que ser regrado na base da mão-de-ferro. Isso me faz parecer um monstro, mas vamos imaginar o bando de malucos que surgem lá, dispostos a se amarrar num monte de explosivos, crente que vão pro Céu, sentar no colo de Alá e ter 72 virgens à disposição. Foi na base do “prendo-e-arrebento” que colocaram moral lá. Os tempos da civilidade e cultura islâmica decaíram até chegarem praticamente à barbárie. Ao meu ver, só a grana do petróleo não fez aquela coisa chamada “Oriente-Médio” descambar pra selvageria ainda. Mas observem uma coisa importante: petróleo é recurso não renovável.
A Sharia, ainda que tenhamos muitas objeções, é uma realidade e ela faculta ao ofendido perdoar de vez o ofensor (em troca por uma substanciosa compensação, claro) ou exigir a pena que melhor se adeque a isso, muitas vezes escolhendo o tão famoso “olho por olho”.
Olho por olho, e o mundo acabará cego.
– Mahatma Gandhi
Como o jovem se manteve inflexível em sua decisão, o juiz não teve outra alternativa, senão seguir a lei. Com isso, consultou alguns hospitais para saber se o procedimento era possível (óbvio que sim). O Hospital Especializado Rei Faisal, da capital Riad, respondeu em carta à Corte que “causar tal mal não seria possível” por razões também éticas. Outro hospital consultado informou que, sim, era possível cortar a espinha dorsal, mas ainda não sabia se estava preparado para tal procedimento. Médicos costumam dar um que-se-dane para as leis, já que normalmente eles visam apenas o paciente. Eu acho muito difícil que um médico se prontifique a isso, razões éticas não faltam.
Por outro lado, e a vítima? Dinheiro poderia restaurar-lhe os movimentos? Pesquisa em células-tronco? Não foi divulgado quão profunda foi sua lesão, e segundo me parece, o problema está em perpetrar dor ao agressor; sendo assim, pouco importa se al-Mutairi pode voltar a andar ou não. Ele quer pura vingança, ao invés de fazer o outro pagar pelo seu erro. E eu não estou entrando no ponto sobre como se deu essa briga… Assim, o que está se tentando fazer é convencer a vítima a aceitar perdoar o agressor, mas parece que isso não vai acontecer, pois o próprio irmão divulgou um memorando de um hospital que afirmava que tal procedimento era possível e não se importaria em fazê-lo. Sim, eu sei que isso é meio suspeito.
O rei Abdullah está tentando modernizar o país e tirar o tanto de poder que os clérigos muçulmanos possuem e promover uma revisão nas leis do país, mas é complicado quando o próprio povo ainda vive sob um sistema tribal da Idade Média. E eu falo isso em sentido literal, pois muitas brigas acontecem por dissenções entre membros das tribos. Como mudar todo o país então? O próprio Alcorão diz: Não se pode mudar o mundo enquanto o homem não mudar a si mesmo.
Fonte: BBC Brasil

É por isso que eles permitem aos homens terem até 4 mulheres, já que se a regra fosse monogamia, eles não conseguiriam ter filhos suficientes pra compensar as vítimas da lei do deus do haxixe de escremento de vaca
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André, qual a punição perfeita com o objetivo de educar as pessoas a não cometer este tipo de ato? Prisão, prisão perpétua, morte, revidar na mesma moeda, o que?
Eu sempre tive confusões em pensar sobre este assunto.
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Não sei. Não conheço os detalhes do crime. E mesmo que conhecesse, não saberia dar uma resposta adequada. Eu sou a favor da pena de morte em certos casos, mas o meio termo não é aleijar alguém. É muito complicado.
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Se o mesmo caso tivesse ocorrido no Brasil: Joãozinho, autor do ato delituoso seria, provavelmente, condenado de dois a oito anos de reclusão, na esfera criminal. Na esfera civil, provavelmente seria condenado a pagar uma indenização de +- 100.000 reais, decorrente dos danos materiais e morais, mais a pensão vitalícia. Isso sem contar, honorários de sucumbência, custas processuais, etc e etc, tudo devidamente atualizado monetariamente. Considerando que um processo nestes termos demora uma média de 12 anos p/ transitar em julgado, não quero nem ver a conta final.
Bom, não sei vcs, mas o Joãozinho não tem 100.000 reais livrinhos, na conta bancária, nem tá com vontade de passar uma temporada na cadeia servindo de mulherzinha. Sei lá, talvez ele escolhesse ficar numa cadeira de rodas. Com muita sorte, ele poderia ser cobaia de novas técnicas medicinais e quem sabe ser feliz um dia novamente. :shock:
Considerando o estrago moral e patrimonial que o sistema judiciário brasileiro pode fazer a um indivíduo, penso que há uma certa coincidência nos resultados práticos, dos dois casos.
Concluindo, sou totalmente contra a prática da lei de talião, mas não posso ignorar o fato de que mesmo em um ordenamento “moderno” como o nosso, a sanção pode, em muitos casos, gerar um efeito diverso do pretendido.
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Errado ou não, aquele povo tem o seu sistema jurídico, que, conforme afirmado pelo autor do post, está adequado às referências culturais daquela sociedade.
O que vemos é uma mistura de tutela estatal com a antiga lei do talião, que basicamente visava a pacificação do tecido social por intermédio da vingança.
Não podemos esperar que o direito se transforme da mesma forma e no mesmo tempo para culturas tão distintas umas das outras.
O sistema jurídico brasileiro, na letra da lei, é admirável e desenvolvido, mas basta olharmos para as penitenciárias e perceberemos que há algo de muito errado.
O sistema penal americano pode parecer justo e eficaz para alguns, mas uma olhada de perto mostrará que lá eles também tem suas excrescências.
Não estou defendendo as teocracias, e muito menos a lei do talião.
O que estou dizendo é: Se esta prática pacifica o tecido social daquele povo, então que assim seja. Quando houver um real incômodo, tenham certeza, a própria sociedade de lá promoverá as mudanças necessárias.
Não se muda a realidade social apenas com a impressão de belas normas jurídicas, já dizia Ferdinand Lassale e Konrad Hesse.
Carlos Jefferson Chase
http://www.chase4077.wordpress.com
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Não acho que o crime cometido mereça tamanha punição. No entanto,fico pensando,se não seria melhor se as leis brasileiras punissem com tal rigor. Imagine,um certo pai e uma certa madrasta sendo jogados da janela do quinto andar para pagarem o que fizeram com uma criança.Não seria má idéia.
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Epicuro uma vez disse:
“A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem”
O que eu entendo disso é que, em todos nós, vingança e justiça se confundem e é muito difícil (se não impossível) separar um do outro.
Diferentes pessoas e assim diferentes sociedades encaram a justiça (e também a vingança) sob óticas diversas.
O que é justiça e como ela deve ser imposta é um assunto extremamente delicado e ridiculamente extenso. Cada sociedade fez isso de uma forma particular ao longo da história e hoje cada Estado tem seu conjunto de leis e seu sistema para sua aplicação. A maior parte dos países as leis não consideram a pena de morte justiça, mas em outros países, sim. De país para país a severidade de um crime varia também.
Acredito que no fim das contas julgar as leis de um país de cultura e valores tão diversos dos nossos, usando dos nossos conceitos de justiça e certo e errado, é complicado para dizer o mínimo.
Acredito que os países teocráticos precisam rever suas leis? Sim. Mas essas coisas não mudam da noite pro dia e nem podem ser feitas de cima para baixo, mas tem que representar uma vontade genuína da sociedade. Para haver mudança na sociedade é necessário que ela a aceite. Se a mudança for forçada, ela resistirá e, eventualmente, reverterá essas mudanças.
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Ainda prefiro o eterno Ramón Valdez (1923-1988), vulgo Seu Madruga:
“A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”.
Talião é para os fracos! :twisted:
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