Pesquisadores estudam ratinhos com capacidade de regeneração

Quanto mais superior o ser vivo, menos capacidades legais ele tem. Salamandras, por exemplo, têm capacidade de regeneração, enquanto que as lagartixas apenas regeneram (e mal) suas caudas. No caso dos mamíferos, se perder um pedaço, já era! A não ser se você for um ratinho africano; nesse caso, você poderá ter alguma possibilidade de conseguir se regenerar.

Pesquisadores dos EUA estudam duas espécies de ratinhos – o Acomys kempi e o Acomys percivali) que possuem capacidades de regeneração. Curiosamente, esses ratinhos não são canadenses, mas africanos, apesar de não controlarem o tempo.

A drª. Ashley Seifert é pesquisadora do Departamento de Biologia da Universidade da Flórida. Sua especialidade é pesquisa do câncer, entre outras coisas. Agora, ela tem estudado roedores do gênero Acomys, cuja página da Wikipédia em português traz tudo o que você precisa saber. As duas espécies supra-citadas são encontradas no Quênia e possuem algo que você daria o braço para ter: capacidade de regenerar tecidos.

O A. kempi e o A. percivali (chamemos de Plic e Ploc, se você é fã de desenhos antigos) têm a pele muito frágil, que pode ser facilmente rompida. Isso parece alguma cagada que a Natureza fez, mas segundo Jurassic Park, a vida sempre dá um jeito, e a Seleção Natural (já de bloquinho na mão) percebeu que aquilo era uma vantagem quando Plic e Ploc eram atacados por algum predador. Eles de início têm pêlos (sim, com acento. Me processe) muito duros, quase como espinhos, mas sua pele é fraca, como dito. Num primeiro momento, Plic e Ploc se defendem com seus espinhos, para depois largar o coro e dar no pé. Isso poderia ter acontecido a alguns outros primos, só que estes tinham uma vantagem adaptativa: capacidade de regenerar tecidos.

Eles têm uma proporção muito maior de folículos – células responsáveis por gerar pêlos e cabelos. Em contrapartida, eles possuem menor quantidade de tecidos conjuntivos, responsáveis por segurar a pele e outros órgãos no lugar.

Vejam, não basta ter a capacidade de dar o couro (mas hein?), se você fica desprotegido, pois é isso que a pele é: uma barreira de proteção. Plic e Ploc foram agraciados com uma mutação genética que lhes deu essa capacidade de regenerar pele e até mesmo cartilagens, além disso, eles provavelmente têm algum sistema de defesa contra infecções superior e é isso que Seifert e seus colaboradores buscam. Sua pesquisa doi publicada no periódico Nature.

A recuperação de feridas e reconstrução de tecidos de forma rápida e eficiente é o sonho de qualquer um que trabalhe em um setor de emergência num hospital. A pesquisa versa sobre se seria possível outros mamíferos adquirirem esta capacidade, já que, muito provavelmente, os genes expressados que dão essa capacidade vieram de nossos ancestrais comuns com as salamandras, que estão lá, inativos.

Quando pensamos nas milhares de pessoas acidentadas, que sofreram queimaduras de 2º e 3º graus, gente que sofreu de doenças degenerativas e etc., vemos a importância que dois ratinhos carecas podem ter, capazes de se regenerarem em apenas 3 dias. Eles não ficam carecas por muito tempo, mas a pesquisa não visa curar a sua calvície, filho. Continua passando creme de babosa que um dia acontece um milagre aí (ou não).

A idéia de regeneração membros inteiros em seres humanos pode parecer exagero, mas a medicina regenerativa tem feito grandes avanços na última década, com bexigas cultivada em laboratório, tubos em células-tronco entre outras coisas.

Claro, tudo isso não passa de ficção científica. O homem não tem nenhum parentesco com outros animais, já que Evolução não existe. Teremos que enfrentar a triste realidade que muitos insetos, répteis e anfíbios têm capacidades em seu código genético que nunca teremos, pois não temos um só nucleotídeo semelhante ao deles… Sorte nossa que esqueceram de contar isso ao processo evolutivo por seleção natural, e é graças a isso que ainda temos chance, ao lado de milhões de dólares desperdiçados em Ciência, ao invés de mandar um Big Mac pra Etiópia.

20 comentários em “Pesquisadores estudam ratinhos com capacidade de regeneração

  1. É lendo matérias como essa que cada vez mais acredito que a imortalidade, um dia, será uma realidade para qualquer animal vivente. Obviamente, dominando métodos de regeneração, já poderemos começar a discutir sobre a capacidade de o mesmo ser utilizado em órgãos inteiros. Será uma ferramenta extremamente importante para os médicos de pronto-socorro e espero que esses ratinhos tenha as respostas. :smile:

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    1. @Victor B.M, imortalidade não é algo economicamente viável, num certo momento temos que devolver nossos átomos para onde eles vieram, afim de dar continuidade ao ciclo da biosfera. Se um dia virar moda essa de imortalidade, certamente teremos uma guerra ou uma praga fabricada, afim de “reciclar” a raça humana.

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      1. @GusC, Talvez não seja viável se pensarmos em manter o corpo todo para sempre.Mas,e se um dia for possivel transferir o cérebro para um um corpo artificial?Ou quem sabe,até mesmo conectado a um programa de realidade virtual?

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        1. @ze marcio, creio que quando chegarmos nesse nível, o cérebro artificial já estará bem desenvolvido e será muito menos suscetível a erros como nosso cérebro biológico. Portanto, inviável manter um cérebro biológico vivo por mais tempo. Indo mais a fundo no assunto (que obviamente não passa de ficção), acho mais pertinente um cérebro artificial como um backup de um bioloógico, porém com imperfeições corrigidas.
          Aí sim, 100% viável e independente de matéria orgânica para se alimentar, mas apenas energia.

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      2. @GusC,

        Acredito que quando nossa medicina estiver tão avançada ao ponto de nos proporcionar uma vida mais longínqua, ou mesmo eterna, também será possível o povoamento de outros planetas, até porque em alguns séculos muita matéria prima estará escassa, então é uma questão de necessidade. Com o conhecimento de ondas (ordens) enviadas pelo nosso cérebro, é bem provável que codifiquemos tudo isso em algoritmos e e armazenemos em um chip, a tendência é tornarmos uma espécie de cyborg mesmo. O nosso conhecimento de nanotecnologia também será fundamental para ajudar na cura de várias doenças, como o entupimento dos vasos sanguíneos. Já li matérias em várias revistas, sobre estudos direcionados para a construção de órgãos artificiais. Será que teremos uma impressora com essa função?

        Eu sei que por enquanto é somente ficção científica, mas como um legítimo futurista, eu direciono minha visão para o “infinito e além”. :lol:

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        1. Acredito que quando nossa medicina estiver tão avançada ao ponto de nos proporcionar uma vida mais longínqua,…

          Teremos 20 bilhões de habitantes. Hoje em dia não temos nem acesso decente a médicos de clínica geral, quanto mais para aumentar a longevidade.

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          1. @André,

            Como tudo que é bom, acaba se tornando, infelizmente, acessível apenas para uma pequena parcela de pessoas. Isso nos leva à uma nova discussão.

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  2. Como sabemos, a ciência nunca vai conseguir a tal regeneração de membros amputados, por exemplo. Já Jesus sim! Ops, peraí…

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  3. As pessoas falaram como imortalidade seria bom, mas se esquecem de um pequeno detalhe: evolução através da variabilidade genética. Ano passado o Dr. André Martins da USP rodou uma simulação em que haviam duas populações: uma mortal e outra imortal. Após várias gerações, os mortais se adaptavam às mudanças do ambiente, enquanto os imortais permaneciam iguais e não se reproduziam.

    O artigo está aqui: http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0024328

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    1. @Ronaldo Gogoni,

      Embora não consiga imaginar limites quando o assunto é ciência, tendo em vista as conquistas em tão pouco tempo, o que o Dr. André defende tem sim sua fração de realidade. E claro, não há como imaginar o assunto imortalidade como unanimidade. As crenças religiosas, ou mesmo o conformismo, também a falta de logística a tornará inviável para isso. Então, num mundo em que o homem tem o domínio da vida, duas espécies (mortais e imortais), um evoluindo naturalmente, o outro apenas se limitando à “trocar peças” de seu corpo, tenderá à ter fortes diferenças ideológicas entre os mesmos, e conhecendo a história humana, culminará em segregação mesmo.

      E essa questão de adaptação, claro, favorecerá os indivíduos mortais, mas quem sabe estudos não se direcionem para diminuir os efeitos da adaptação interrompida dos imperecíveis.

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  4. Regeneração completa de tecidos, maravilhoso! Mas eu fiquei mais atenta na parte “regeneração de cartilagem”, os benefícios são imensuráveis.

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    1. Vi sim. Além de ser um método extremamente eficaz, é barato, menos doloroso e rápido. Só tem vantagens. Agora só Zeus sabe quando trarão a técnica para o Brasil.

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