O caso do Iluminado de BMW e (mar de) Lama Espiritual

No cardápio do absurdo humano, sempre sobra espaço para mais um prato requentado; e o que poderia ser mais absurdo do que um clérigo agindo como… bem, você sabe como. O personagem da vez é Swami Chaitanyananda Saraswati, ex-chefe de um instituto de pesquisa em Délhi, outrora apresentado como guia espiritual, agora está como protagonista de um enredo que mistura novela ruim, pornografia de camelô e chantagem emocional, acabando por ver Buda nascer quadrado no xilindró.

A tragédia já vinha anunciada. A fórmula é conhecida: discursos sobre humildade, desapego, vida simples. O pacote básico de autoajuda temperado com sânscrito e incenso barato. Os fiéis, como sempre, são um bando de manés e acreditaram. Mesmo porque, é muito confortável acreditar que alguém tem respostas fáceis para a complexidade da vida. Enquanto isso, nos bastidores, o Swami cultivava uma rotina menos “iluminada”: mensagens obscenas, assédio a alunas, chantagens com bolsas de estudo. De 32 estudantes, 17 já confirmaram abusos e contatos indesejados. Uma pedagogia do assédio travestida de espiritualidade.

E quando a polícia resolveu abrir o baú de relíquias do guru, o cenário só piorou. O celular dele trouxe à tona uma magnífica coletânea de coisas não muito ligadas a uma vida religiosa: fotografias com aeromoças, prints de perfis femininos, conversas de WhatsApp dignas de um cafajeste de aplicativo barato que faria Nelson Rodrigues esconder o rosto escandalizado.

MAS CALMA! Vai piorar, porque você sabe que SEMPRE piora: uma busca no instituto revelou CDs pornográficos, um brinquedinho sexual e fotografias forjadas ao lado de nomes como Barack Obama, Narendra Modi e David Cameron. Sim, ele fabricava a própria aura de prestígio com Photoshop de quinta categoria. Porque nada diz “iluminação espiritual” como fingir amizade com chefes de Estado.

As últimas celebridades com as quais ele tirou foto:

E para coroar a ópera bufa, o mestre do desapego espiritual rodava por aí em um BMW com placa VIP. É a humildade seletiva: para os fiéis, jejum e renúncia; para ele, banco de couro e ar-condicionado digital. Humilde como aquele Cofrão do Tio Patinhas é um cofre de porquinho de pobre. A simplicidade era só mais um produto à venda, uma vitrine de engodo.

O instituto que que o tosco chefiava, claro, tratou de cortar os laços logo após a bomba estourar. Como sempre, a instituição finge surpresa, lava as mãos e se comporta como aquele amigo que jura nunca ter ido à festa justamente depois que a polícia invade a festa e manda um “se fode aí, mermão, sei de nada”.

O saldo é grotesco: espiritualidade transformada em mercadoria, fé transformada em isca, confiança transformada em moeda de chantagem. Ele misturou mantras com obscenidades, filosofia com pornografia, devoção com manipulação. E ainda assim, durante os interrogatórios, só responde quando confrontado com provas na cara, como um adolescente preguiçoso pego colando na prova.

O retrato final é este: apenas mais um líder religioso se comportando como a maioria dos demais líderes religiosos.


Fonte: India Today

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