Pane no som vira bruxaria e acaba em morte

Se você já se irritou quando o Spotify travou no meio da sua música favorita, você não é o único. Claro, você é uma pessoa minimamente normalCitation Needed se ficar só no xingamento, mas alguns realmente perdem a noção o equilíbrio e, obviamente regado no álcool, acham que isso é alguma manifestação demoníaca. Acho que andaram vendo muito filme de terror. O resultado? O homem foi morto a pancadas e a esposa, quase queimada viva. Uma explicação tecnológica simples virou roteiro de Salem 1692 – edição remix com autotune. Praticamente uma tragédia de proporções shakespearianas, se Shakespeare fosse roteirista de filme B e tivesse uma imaginação particularmente sombria fazendo o VU da Insanidade ir pro 11.

Os acontecimentos acontecidos aconteceram em Panchugarh Musahari, uma vila perdida no estado de Bihar, na Índia. É um parecido com… sei lá… Curitiba, mas sem fazer muito frio lá. Estava rolando a maior festa de aniversário. Era só um sábado à noite com música alta. Gente dançando, som estrondando, aquela alegria de aldeia que tenta transformar pó de estrada em festa. Até que o sistema de som dá um soluço, uma travada, o famoso bug. Em qualquer canto do planeta, isso significaria alguém chutando o estabilizador, xingando o DJ ou simplesmente reclamando do técnico. Mas em Bihar, Índia, a lógica decidiu pedir aposentadoria precoce e abrir caminho para a insanidade coletiva: “o som parou, logo foi bruxaria”.

É, pois, é! O que para qualquer ser humano com dois neurônios seria um problema de fio solto, para a multidão foi magia negra. E daí para o linchamento, a distância é curtíssima. O alvo? Um casal de 55 e 50 anos, Gaya e Samudri, acusados de sabotarem o som com seus supostos superpoderes malignos.

A cena tem contornos de reality show do Apocalipse. Imaginem a sequência: caixas de som falham, alguém grita “é feitiçaria!”, o coro acompanha, o bode expiatório é escolhido e, em minutos, o baile vira tribunal medieval. Não há juízes, não há provas, só uma turba animada e a certeza de que, se a música parou, alguém tem pacto com o diabo. A modernidade chegou com smartphones na mão, mas a mentalidade ficou estacionada na Idade Média, rodando em loop eterno de superstição.

E antes que você pense “ah, mas é um caso isolado”, não: em Purnia, em julho, cinco pessoas de uma mesma família foram queimadas vivas também acusadas de bruxaria. Isso em 2025, com foguetes pousando sozinhos, sequenciamento genético e carros que estacionam sem motorista. Enquanto uns planejam colonizar Marte, outros ainda estão convencidos de que ruído no microfone é sinal de feitiço. O planeta inteiro é um enorme hospício, só que sem a ala de contenção.

A lógica dos linchadores seguiu uma linha de raciocínio que faria Sherlock Holmes ter um derrame: som parou, deve ser bruxaria, vamos matar os bruxos. Simples assim. Gaya e sua esposa foram arrastados de casa, espancados, tiveram a cabeça raspada, foram untados com pasta de cal e desfilados pela vila usando colares feitos de sandálias, uma humilhação pública que parece ter sido desenhada por algum comitê especializado em criar o máximo de crueldade possível. É como se a vizinhança tivesse se reunido para um brainstorming do mal: “Como podemos tornar isso mais degradante? Alguém sugeriu as sandálias no pescoço? Ótima ideia, Arjun!”

Agora, pensem comigo: se todo glitch for feitiçaria, ferrou, irmãozinho! Desde tela azul do Windows, Wi-Fi caindo na sexta-feira, celular travando bem na hora do Pix e a cremosa dando uma olhada no que você tem salvo no histórico, a única coisa responsável por isso é ela: a feitiçaria!

E, claro, vem a polícia depois, atrasada como sempre, prendendo alguns, abrindo inquérito, prometendo “medidas enérgicas”. É bem pitoresco: prender meia dúzia numa população inteira que ainda acha que Spotify offline é sinal de macumba. Mas tudo bem, é a crença deles, não podemos criticar.

Saravá, mizifgrrrrchhhhhhhshhhhhpoimpoimpoimuuuuuurrrrgraa


Fonte: DH (não vou escrever Deccan Herald)

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