
Ensinar não é fácil, ainda mais em certos cantões de Nossa Senhora de Deus Me Livre. Ser professor nunca foi fácil, e a briosa arte milenar de moldar mentes jovens, inspirar gerações e, claro, formar corações e mentes precisa ter um momentinho só pra si e aproveitar a pausa entre uma tabuada e outra pra dar um trato nos cabelos ao som de clássicos de Bollywood.
No meio da aula, claro, que ninguém é de ferro, muito menos os cabelos que, ó, quanta diferença. Lugar? Ora, vocês sabem qual é o meu lugar favorito!
O futuro da Índia está nas escolas, claro. Aquelas lindas criancinhas aprendendo bem. As escolas lá são tão foda que até ensinam Hindi. Vê se escola brasileira ensina isso! Não ensinam direito nem português. No assunto corrente, o caso da professora cabeleruda aconteceu na escola pública de Mundakheda Primary School, no distrito de Bulandshahr, no meu estado preferido: Uttar Pradesh!
No meio da aula, a professora decidiu que a prioridade do dia era hidratar as madeixas enquanto tocava “Bada Natkhat Hai Yeh”, uma canção que agora faz jus ao título mais do que nunca. O que significa? “(Ele/Ela) é muito travesso(a)”. Achei bem de acordo!
बुलंदशहर के कस्बा खुर्जा क्षेत्र में स्थित मुंडाखेड़ा के प्राथमिक विद्यालय में चल रही क्लास में सुकून से बालों में चंपी कर रही मैडम साथ ही स्पीकर बजा कर गाना सुन रही है
— Kreately.in (@KreatelyMedia) July 20, 2025
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O vídeo, que viralizou mais rápido que piolho em turma do jardim, mostra a ilustre educadora esparramada numa cadeira, num estado de tranquilidade zen digno de spa, lambuzando o couro cabeludo de óleo (não especificaram se era de cozinha, mas não duvido) enquanto as crianças… bem, as crianças olhavam. Estudavam? Só se fosse tricologia capilar.
O que mais impressiona não é nem a cena em si, mas o cenário: uma sala de aula decrépita, paredes descascando, um calor de 47ºC, sensação térmica de Ganesha me defenda, e nenhum ventilador, que se houve algum, deve ter sido quando Gandhi ainda era aluno. Parece até armadilha daquelas pegadinhas da televisão indiana. Obviamente, nos leva a uma reflexão importante: em tempos de precariedade educacional, talvez o óleo capilar seja o único recurso pedagógico mais disponível.
A reação nas redes sociais foi um espetáculo à parte. Teve indignação, teve deboche, teve gente dizendo que no colégio deles os professores descascam coentro e alho o dia inteiro, enquanto os “sahibs” tomam chá e fumam cigarro atrás da escola. Teve até quem sugerisse que, se era pra suspender os alunos da aula mesmo, que ao menos declarasse “período de jogos”, porque talvez brincar de pega-pega rendesse mais aprendizado do que assistir a um tutorial de beleza ao vivo.
Claro, o governo não deixou barato: o Departamento de Educação suspendeu a professora e abriu uma investigação. O que, convenhamos, é o equivalente administrativo de dizer “Olha, a gente finge que se importa, tá bom?”. Enquanto isso, a escola segue sendo o retrato vivo de um Estado que trata educação como nota de rodapé, só lembrada quando algo viraliza.
Mas sejamos justos: talvez ela só estivesse treinando para um concurso de dança do ventre escolar, em que o vencedor ganharia um ventilador funcionando ou, quem sabe, um giz inteiro. Ou talvez achasse mesmo que estava em casa, curtindo um domingo de manhã com rádio ligado e uma ideia na mão e óleo de coco na cabeça.
Nas outras salas as crianças estavam aprendendo mais? Sou capaz de apostar que não, mas quem se importa com detalhes?

Um comentário em “Professora Bollywood dá aula de autocuidado em típica sala de aula de interior”