Grandes homens criam o menor marca-passo do mundo

Diariamente, várias pessoas possuem um pequeno dispositivo em seus peitos: um marca-passo, usado para regular a frequência cardíaca do paciente, cujo coração meio que “esquece” de bater (é uma licença poética, não encham o saco). Desenvolvido em 1958 pelo cirurgião cardíaco sueco Åke Senning, o primeiro marca-passo apresentava dimensões notavelmente grandes (em comparação aos modelos atuais); ele possuía um diâmetro de 55 milímetros e pesava de 60 gramas. A energia provinha de uma bateria primárias poderiam ter sido usados. As células de Ruben-Mallory com zinco como ânodo e óxido de mercúrio como despolarizador. Mais tarde, foram trocadas por baterias de níquel-cádmio.

Agora, temos modelos muito mais leves, e uma recente pesquisa apresentou um marca-passo incrivelmente pequeno e biodegradável, e ele será voltado para criancinhas.

Defeitos cardíacos congênitos afetam cerca de 1% dos recém-nascidos em todo o mundo, representando um desafio significativo para a medicina moderna. Muitos desses bebês enfrentam cirurgias de correção que exigem o uso de marca-passos temporários para regular a atividade cardíaca durante a recuperação. No entanto, os marca-passos tradicionais têm limitações: exigem implantes invasivos e cirurgias adicionais para serem removidos, o que aumenta os riscos de infecção, complicações cirúrgicas e custos hospitalares.

A necessidade de alternativas menos invasivas tem impulsionado a pesquisa na área. Este novo dispositivo não apenas atende a essa demanda, mas vai além, trazendo uma solução verdadeiramente inovadora.

O dr. John Rogers é físico-químico (com ele a oração e a paz) da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Rogers é professor de Ciência e Engenharia de Materiais e possui uma vasta experiência em desenvolver dispositivos médicos inovadores que integram tecnologia avançada com biologia humana.

Rogers, que não é parente do Steve (acho), e seus colaboradores criaram um marca-passo biodegradável que se dissolve no corpo após cumprir sua função. Não apenas isso, o lindinho (o marca-passo, não Rogers) é ativado por luz! A luz é emitida por um patch flexível colocado no peito do paciente, que monitora os batimentos cardíacos em tempo real. Quando detecta uma irregularidade, emite pulsos de luz que atravessam a pele e chegam ao marca-passo, corrigindo o ritmo cardíaco.

A escolha da luz como meio de ativação não é arbitrária. Diferentemente de impulsos elétricos convencionais, a luz é não invasiva e permite maior precisão, reduzindo os danos aos tecidos ao redor. Além disso, todos os materiais do dispositivo são biocompatíveis, garantindo que ele seja seguro e se decomponha sem causar danos ao corpo.

Eu realmente preciso dizer quais os benefícios dessa tecnologia para a cardiologia pediátrica? Preciso, né? Bem, haverá menos traumas, redução no número de intervenções cirúrgicas e maior conforto para os pequenos pacientes. No entanto, as implicações vão muito além, com a possibilidade de adaptar essa tecnologia para adultos que necessitam de marca-passos temporários, como em casos pós-cirúrgicos ou de infecções cardíacas.

Além disso, o conceito de dispositivos médicos biodegradáveis pode ser aplicado em várias outras áreas da saúde, desde sensores para monitoramento contínuo até implantes que entregam medicamentos diretamente em áreas específicas do corpo. A ideia de “tecnologia descartável dentro do corpo” reduz não só os custos hospitalares, mas também o impacto ambiental, abordando o problema crescente do lixo tecnológico.

Sim, tem videozinho:

A pesquisa foi publicada na Nature

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