Quando quiseram determinar Pi por força de lei

Você está familiarizado com o π, o famoso número irracional que é a razão entre a medida do comprimento de uma circunferência e o seu diâmetro. Você sabe, o valor é 3,14… ou é assim que arredonda, pois o valor dele é mais complicado ainda. Pensando nisso, alguns tentaram simplificar, nem que seja sob a forma de Lei, que foi o que tentaram fazer no estado norte-americano de Indiana, estabelecendo que o valor de π era 3,2 e fim de papo.

Ok, eu concordo, o valor de π é um problema desde os antigos gregos. Como eles eram péssimos aritméticos, detestavam números irracionais, pois eles não têm fim depois da vírgula. O problema é que os antigos gregos não tinham um sistema numérico; por isso, eles sempre foram melhores na álgebra, já que fazer uma conta de somar era um inferno, e o mesmo com os romanos, cujo sistema numérico era para dar títulos e documentar arquivos, mas conta mesmo não rolava.

Egípcios, mesopotâmios e vários outros povos antigos investigaram o π, mas o miserável é torturante por ser uma dízima não periódica, ou seja, sua sequência infinita de algarismos não se repete. Os gregos tentaram de tudo para ser certinho, já que, como bons geômetras, eles queriam resolver na base do compasso e esquadro, mas sem sucesso. Arquimedes, até conseguiu cegar mais próximo, mas Arquimedes era Arquimedes, né? Precisou dos hindus, árabes e chineses investigarem melhor. Mesmo porque, eles praticamente inventaram a aritmética como você conhece até hoje.

Em 1897, um projeto de lei de Indiana, que ficou conhecido como Indiana Pi Bill (nome oficial: House Bill No. 246, Indiana State Legislature, 1897, ou Projeto de Lei nº 246 da sessão de 1897 da Assembleia Geral de Indiana) foi uma das tentativas mais bizarras para se estabelecer uma verdade matemática, indo na base da canetada.

Ok, apesar do nome, não era bem uma lei dizendo qual era o valor de π, mas a determinação de um método para a quadratura do círculo, o tipo de coisa que os gregos não conseguiram, mas o matemático amador Edward J. Goodwin achou que ia dar muito certo. O problema é que isso implica em alguns corolários (como eram chamados nos antigos livros de matemática) um tanto desconcertantes, como π ter valor 3,2.

O projeto nunca se tornou lei, devido à intervenção do professor C. A. Waldo, da Universidade de Purdue, que estava presente na legislatura no dia em que o projeto de lei passou para votação. Como era um tempo antes do jornalismo de rede social os jornais não perdoaram, e Goodwin virou piada geral.

Fika Dika: Não inventa algo no campo que você não domina, ainda mais quando se tratar de números irracionais.

4 comentários em “Quando quiseram determinar Pi por força de lei

  1. Eu sou muito pasmada com o π. Às vezes eu fico pensando se, justamente porque nunca se chegará ao fim dos números depois da vírgula, é possível que uma dízima periódica de um porrilhao de números ainda vai ser descoberta.

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    1. Isso aí não vai acontecer. E não vai pois já foram feitas várias demonstrações que o Pi (bem como o e, a constante de Euler, que vale 2,718281828459045235360287…) são números irracionais.

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  2. E não é que realmente aconteceu essa história de decretar o valor de PI na base da canetada? Pois a única vez que ouvi falar disso foi num desses sites de fake news, mas quando fake news eram usadas por humoristas para entretenimento, e não por capachos de políticos para denegrir inimigos ou fazer o seu gado de idiota.

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