Analisando séries e filmes de super-heróis XII

Marvelflix: A tradição Marvel de odiar super-heróis

Depois que a Disney comprou a Marvel (mais especificamente, parte dela), ficou com um problema, e o problema é Kevin Feige, o manda-chuva todo-poderoso, que só não é Deus do mundo Marvel porque este é Jack Kirby.


Mesmo!

Feige ODEIA TV e muito mal suportou Agents of SHIELD por causa do retorno em termos de audiência. Já na série da Agente Carter, ele não teve dó. Um resuminho já que muito provavelmente não voltarei a falar dela: Agente Carter continua a vida depois que o Capitão América caiu nas águas geladas e congelou, entrando em animação suspensa, parte disso por causa do soro do super-soldado, mas Peggy Carter não sabia disso. Para ela e muitos, o Capitão já era, bau bau. E a única coisa que sobrou dele é seu sangue, para que possam tentar replicar o soro do super-soldado. Para Peggy, aquilo é como uma relíquia sagrada, e os agentes da HYDRA estão atrás desse sangue, o que faz a Agente Carter entrar em muita porradaria, como estas aqui:

Pois é. Marvel continua não sabendo fazer cena de luta. Impressionante!

O problema é que queriam que o Capitão aparecesse, mas ele estava lá tirando um ronco debaixo de toneladas de gelo. Pessoal não queria saber de uma história de muié heroína sem poderes e a série foi cancelada por falta de audiência, e não houve nenhum esforço do Feige em promover a série, provavelmente dando pulinhos de alegria quando cancelou.

Daí, em 2015, Netflix anuncia a estreia do Demolidor. Não o filme (sofrível) com o Ben Aflleck, mas outro ator. No caso, Charlie Cox como o Demolidor e Vincent D’Onofrio como o Rei do Crime. Sim, tinha cameo do Stan Lee em alguns cartazes e faziam leves menções à Batalha de Nova York, mas nunca diretamente. Falavam de “O Evento”, ou “O Cara que Segura o Martelo”.

Parecia que eles não tinham permissão da Disvel de fazer qualquer referência direta ao MCU, embora estranhamente pertençam ao MCU, ainda mais que em 2013, Bob Iger (o Manda-Chuva da Disney, acima do Kevin Feige, que é apenas pau mandado dele) anunciou que a trupe de Defensores poderiam se tornar filmes. Poderiam, mas não se tornaram, indo parar como séries com produção pela ABC, que pertence à Disney e produziu Agents of SHIELD. Sim, voltamos pra parte que o Feige odeia TV, mas teve que engolir isso. Ao mesmo tempo, não pareceu haver nenhum interesse em vincular de forma direta o universo Marvelflix, como eu chamo, à Disvel.

A série do Demolidor foi boa, até. O lado sombrio de Hell’s Kitchen de Nova York e o crime comendo solto com uma união de chefes de quadrilhas, com uma excelente primeira temporada. Netflix apresentou a Jessica Jones, Punho de Ferro e Luke Cage. Isso daria no crossover Defensores, mas algo começou a desandar e a desandar por causa do ódio patológico que a Marvel tem super-heróis, como eu falei antes.

Veio Jessica Jones, a super-heroína que não age como super-heroína. Pelo contrário, ela faz questão de não ser super-heroína. Não faz questão de ser heroína e muito menos super. Ela é uma investigadora, uma P.I., uma detetive, algo como o Batman sem ser o Batman, estando mais para um Magnum de jaqueta e calça rasgada. Uma série tipo noir, sem ser noir, com um supervilão interpretado pelo péssimo ator David Tennant, que acham ser grande coisa por ter atuado como dr. Who, uma outra série péssima que juram ser boa porque sim. O problema da Jessica Jones é que ela não precisava ser a Jessica Jones. Podiam ter colocado qualquer personagem para fazer um papel de detetive e mesmo seus “superpoderes” são apenas bater em gente, mas que se tivessem tirado ela e colocado a Ronda Rousey, não teria diferença nenhuma. A super-força da Jessica Jones não é super. O super-vilão poderia ser apenas um hipnotizador e a desculpa “ele traz um vírus que faz as pessoas obedecerem” é algo tão ridiculamente idiota que só faz a gente colocar a mão na testa e pensar como puderam aprovar isso.

Lembrem-se: super-heróis não podem ser super-heróis e super-vilões não podem ser super-vilões. O próprio Demolidor não parece ter os super-poderes dos quadrinhos e então vem o Punho de Ferro. Ele fala sobre um ricaço que vai para um lugar distante para treinar muito e se tornar um perito em artes marciais. Acho que vocês nunca viram este tipo de plot antes, certo?

O Punho de Ferro, junto com Shang Chi, foi uma forma da Marvel entrar no mercado americano com sua fascinação por Kung Fu.

O Punho de Ferro, protetor dos segredos místicos de K’un-L’um, lutador exímio, é apenas um zé ruela que apanha até de criança e cachaceiro na série da Marvelflix. O cara que passa ANOS treinando para ter autocontrole e dominar técnicas de luta corre como um boi brabo e apanha de todo mundo. Pelamordedeus, ele apanharia do Manabu Yamashi, o irmãozinho do Jiraya.


Vem pla polada, gaijin

Luke Cage é diferente. Eu considero a melhor série do Marvelflix. Ele tem superpoder, sabe disso, se faz valer disso e atua como leão de chácara do Harlem. A trilha sonora da primeira temporada é showzaço de bola e o vilão é ótimo, mas morre, entra outra vilã e depois um super vi…. ZZZZZZZzzzzzzzzzzzZZZZZZZzzzzzzzzz

Juntaram os quatro em Defensores, mas como sempre faltou mojo, com cenas de luta no padrão MCU. A série do Demolidor tinha boas cenas de luta (para padrão Marvel), mas os executivos devem ter ficado incomodados que o Demolidor se cansa, vai ficando lento, ofegante e cheio de cortes e hematomas. Não, não. Não podemos ofender as criancinhas marvetes pois elas não gostam de um super-herói que apanha e vence criminosos com determinação e treinamento, tem que vencer porque sim. O exemplo da Jessica Jones foi aplicado a todos e o Punho de Ferro foi a coroação da incompetência na filmagem e direção, com cenas patéticas, o que levou ao cancelamento de tudo.

Fora deste arco dos Defensores, Netflix ainda tentou emplacar uma série do Justiceiro. Ele demora quase metade da série para… bem, para agir como o Justiceiro. Chega ao final e fica meio que por isso mesmo, apesar das cenas de luta serem razoáveis, mas ainda faltando muito pro Justiçoflix SER o Justiceiro. A segunda temporada foi tão empolgante que a audiência caiu drasticamente, o que levou ao seu encerramento. Marvelflix não soube trabalhar com seus personagens. A raiva contra super-heróis sendo super e lutadores altamente trinados agindo feito toscos valentões fez com que mesmo o maior dos marvetes não gostasse daquilo, e olhem que marvete de MCU gosta de qualquer tranqueira. Os marvetes de quadrinhos lembram dos incríveis arcos destes personagens e não deram a menor atenção.

Parece que esta mania está acabando. WandaVision está uma série com muitas aprovações, o que não significa nada, já que pessoal adorou Pantera Negra e Guerra Civil. Obviamente, isso veio bem acima do Feige, que está muito infeliz tendo que tocar o projeto, já que depende dele para o filme do Dr. Estranho no Multiverso da Loucura; e se o Feige está infeliz, eu estou feliz.

Eu nem vi WandaVision ainda, apesar de já saber o que está acontecendo, sem eu me importar, já que não ligo pra spoilers, mas pouparei vocês disso, pois sei que alguns não gostam. Mas, querem saber? O que estão aplaudindo furiosamente não me impressionou. Não foi nada que CW já não tenha feito (CW, que tem orçamento de conserto de geladeira feito por curioso e não assistência técnica).

Mas Marvel kibando DC não é novidade, não é mesmo?

5 comentários em “Analisando séries e filmes de super-heróis XII

  1. Puts! Me lembrei que a primeira temporada de Demolidor tinha prometido tanto, lembro que assistir ela sem qualquer expectativa por conta dos filmes da Disvel (hehehe) dos Vingadores e me surpreendi com uma serie da Marvel com um personagem que toma um soco e sangra. Cabe uma menção honrosa daquela cena dele no corredor dando porra nos bandidos, que eu me recorde, essa cena foi “inspirada” (no bom estilo copia mas não faz igual) de um filme coreano, porém a cena é boa.

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  2. O Justiceiro foi mais Justiceiro na série do Demolidor do que na dele próprio, que focou mais em vingança contra milicos corruptos

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