Olá, como estão todos vocês? Estou com dor de consciência, sabem? Eu mal tenho entrado na Internet. Soube que teve uns problemas nos EUA, o Primeiro-Energúmeno falou algo que eu não sei, mas imagino, os níveis de contaminação de corona-vírus muito provavelmente aumentaram, morreu algum famoso e 2021 entrou já naquela base (eu não sei o que é “naquela base”, mas todo mundo diz isso) e eu… bem…
Eu não sei o que está acontecendo, e não me importo! Estou naquele maravilhoso limbo que vocês, gente culta, politizada, preocupada e antenada com as atualidades torcem o nariz e chamam “alienação”. Sim, sou um alienado e estou feliz.
Eu não quero saber o que está acontecendo nos EUA. Não me importo. Claro, vocês, politizados, bradarão que é preciso saber pois o preço do dólar influenciará o preço dos itens no supermercado. Não é que vocês estejam errados, é que não fará diferença eu saber ou não, pois a conta será a mesma. A moça da caixa do mercado não me dará desconto mediante uma sabatina sobre cultura geral. Ela não quer saber também, ela mesma não sabe, mas sabe o preço das coisas e só isso basta. Acho que só basta para mim, também.
Dizem que a ignorância é uma bênção, e acho que nem é tudo isso. Ignorância é relativa. Eu sei muitas coisas, ignoro como está a condição sócio-política do Malawi. Vocês nem sabem onde fica o Malawi, eu sei que fica na África e para mim é o suficiente. Para mim, Malawi ou Estados Unidos da América faz o mesmo efeito em termos de importância que eu dou, não irei viajar para nenhum dos dois lugares; mesmo porque, viajando eu já estou, e onde estou ninguém se importa.
Sou apenas o tiozão alienado que vocês tanto odeiam, com a diferença que não mando mensagens para o WhatsApp, porque nem para isso eu designo algum micrograma de preocupação. Eu sou a parcela da população que vocês se dizem preocupados, mas ao mesmo tempo odeiam, enquanto sou a parte da população que sequer se importa com a existência de vocês.
Sou a parcela da população com os pés sujos de areia da praia, pele um tanto ardida pelo sol, olhando pro mar, e conversando com uns caiçaras de pouca instrução e sem o menor interesse em política internacional, mas conversam muito bem sobre pesca de camarão e a melhor isca para pegar siris.
Peço desculpas a todos vocês. Gostaria de prometer que iria me interessar mais pelo que acontece no mundo como vocês, mas vocês são muito melhores que eu, um pobre coitado oprimido pelo Sistema e controlado pela grande mídia que eu sequer vejo. Que bom para o mundo que haja tantos de vocês e tão poucos eus. Assim, eu fico em paz na praia, com poucas pessoas. Vocês, os alfas, têm maiores preocupações. Eu jamais teria condições de ser vocês. Ser um gama tem suas vantagens.
Eu compartilho do sentimento. Apesar de não estar na praia (posto que não posso viajar e, de qualquer forma, não gosto de praia), estou obrando e andando pra notícias. Minha criatividade e produtividade melhoraram muito.
Eu apenas sei de algumas notícias por causa do meu blog preferido, que destaca toda sexta e todo sábado (às vezes mais ainda) – planejo um “detox” com ebooks e Netflix (depois de desfocar da Wikipédia), só não sei para quando…
Descansar e ligar o F-se de vez em quando é muito bom. Bom “suco” para você!
Fiquei totalmente offline quase um mês. Recesso no trabalho. Só agora voltei e não senti falta de nada. Enfim, de qualquer forma o mundo continua girando.
Boa e velha essência de um blog.