Plásticos são uma solução que se tornou um problema. Seus fragmentos, chamados “microplásticos” estão zanzando pelo oceano e, ao que parece, proibir sacolas de supermercado, canudinhos de refrigerante e copos plásticos não fez a menor diferença. Provavelmente, que a fonte de plásticos não é isso, mas todo mundo ficou com consciência tranquila de “fizemalgumacoisa”. Só que a quantidade de plásticos não para de crescer e já está formando um solo oceano por cima do solo oceânico, e isso vai dar muito, mas muito ruim!
Claro, isso também não é novidade, e apesar de se saber que os microplásticos permeiam o fundo do mar, os processos que controlam sua dispersão e concentração lá nas profundezas oceânicos são m mistério total. Sim, isso mesmo. Não se sabe direito o que ou como está acontecendo.
O dr. Ian Kane é geólogo e está interessado em tudo que seja geológico. Ele é pesquisador do Departamento de Ciências da Terra e do Ambiente, vinculado ao Instituto de Pesquisa Ambiental de Manchester, da Universidade de Manchester. O principal interesse dele agora é saber como os sedimentos, incluindo grãos minerais, fragmentos orgânicos e material antropogênico (como microplástico), são movidos pela superfície da Terra e para onde acabam para isso, ele estuda a circulação termoalina.
Circulação termoalina é circulação das águas dos oceanos em escala global. Ela acontece por causa de diferentes densidades, temperatura e salinidade das águas em todo o globo, o que faz com que apareça uma corrente marítma na superfície e mas profundezas dos oceanos.
A pesquisa do cidadão Kane mostra como ocorrem extensas acumulações de sedimentos no fundo do mar, bem como grandes quantidades de microplásticos, e monitorando esta sedimentação e depósito, pesquisadores podem monitorar a distribuição de microplásticos, em que alguns pontos foi medido o absurdo espalhamento de 1,9 milhão de peças de microplástico em uma camada de 5 cm de espessura, cobrindo apenas um metro quadrado, os níveis mais altos de microplásticos já registrados no fundo do oceano!
Achou ruim? Que fofo você, pois vai piorar: a desconfiança de Kane é que esse lixão de plásticos oceânico é apenas a “ponta do Nuremberg” (ou iceberg, Rosenberg… ah, é tudo judeu!). Ou seja, ele acha que se fuçar direitinho, vai encontrar muito mais.
Kane e seu pessoal foram lá para a região do Mediterrâneo, mais especificamente no mar Tirreno, ou você achou que ele iria sair de casa para pesquisar no Piscinão de Ramos? Lá, estudaram as correntes subaquáticas e os desvios de sedimentos no fundo do mar. Ao partir para analisar as amostras de sedimentos, começou o serviço de corno, digo, dos estagiários: separar os microplásticos dos sedimentos e conta-los sob microscópios, analisando-os em seguida por meio de espectroscopia de infravermelho para descobrir que tipos de polímeros plásticos estavam lá.
Muito provavelmente, você está amaldiçoando todo tipo de copinho de pRástico e canudinhos (sachê de catchup e mostarda nunca são lembrados), mas é aqui que pessoal vai cair do cavalo: A maioria dos microplásticos encontrados no fundo do mar são fibras de roupas e tecidos em geral. Não, aquele canudinho que você usou e fiou com dor de consciência não fez a menor diferença! Sim, você é um otário que acreditou em imbecis surtados com um graveto numa tartaruga.
A pesquisa foi publicada na Science e está com conteúdo aberto