Evolução, você sabe, seleciona aqueles que estão melhor adaptados de forma a viver por mais tempo e gerar descendentes. Você pode pensar que isso é algo solitário, mas não é, pois enquanto você está evoluindo (você, espécie. Não necessariamente você, você), outra espécie também está. Se você depende da outra espécie. Serão selecionados os que, juntos, evoluírem de forma a um ajudar o outro. Este é o conceito de Coevolução, em que a pressão seletiva favorecerá duas ou mais espécies que adquirirem capacidades que beneficiem ambos. Caso contrário, um vai pra vala evolutiva.
Um perfeito exemplo disso são insetos polinizadores e flores. Alguns insetos são ótimos para polinizar, desde que sejam atraídos. A pressão seletiva selecionará a flor que melhor atender ao polinizador. Tem flores, por exemplo, que têm cheiro de carne podre, o tipo de coisa que abelhinha fofa odeia, mas moscas adoram, como acontece com a flor-cadáver (Rafflesia cantleyi).
O processo é conhecido, mas ainda há dúvidas. Por exemplo, a flor inteira se adapta a um polinizador ou apenas algumas partes da flor evoluem para se ajustarem a um polinizador, enquanto outras partes da flor podem permanecer inalteradas?
A drª Agnes Dellinger é pesquisadora do Departamento de Pesquisa de Botânica e Biodiversidade da Universidade de Viena. Agnes estuda sistemas polinizadores e liderou uma pesquisa que estudou flores de 30 espécies de um grupo de plantas tropicais (Merianieae) dos Andes. Os resultados mostraram que cada uma dessas espécies de plantas se adaptou à polinização por abelhas, pássaros, morcegos ou roedores de formas diferentes. Bem, deveria ter sido da mesma maneira, certo? Biologia não é ciência exata.
Como toda pesquisa fica mais divertida usando CT Scan usando raios-X, por que não usá-lo? A equipe de Dellinger meteu as plantas na máquina e, com isso, produziu modelos 3D dessas flores e usou métodos geométricos-morfométricos para analisar as diferenças no formato das flores entre espécies com diferentes polinizadores.
Praticamente, ficaram com uma régua (ainda que não exatamente uma régua do jeito que você está pensando) medindo todas as dimensões das flores para analisar as diferenças. Essa parte já não foi tão divertida.
Dellinger e seu pessoal demonstraram que as formas das flores evoluíram em adaptação aos polinizadores distintos, mas que a evolução das formas das flores não foi homogênea em toda a flor, ou seja, foi cumulativa, um pouquinho aqui, depois um pouquinho dali. Em particular, as pétalas, as quais se adaptaram aos diferentes polinizadores mais rapidamente do que o resto da flor, em que os órgãos reprodutivos evoluíram mais lentamente.
A pesquisa é inovadora, já que procurou analisar toda a forma tridimensional da flor, e se você ficou interessado (vai, diz que ficou. Me engane!), você pode ler o artigo completo no periódico Communications Biology.