Uma das coisas que mais ocupam o tempo dos professores durante as aulas é parar para dar esporro por causa da zueira tocada pelos alunos. Isso é extremamente irritante e estressante, quando o tempo deveria ser para ensinar. No mundo real, apenas ¼ desse tempo é para efetivamente ensinar, salvo se você anda drogando seus alunos, usando de hipnotismo ou coloca uma Magnum .44 sobre a mesa e diz “Do you fell Lucky, punk? Do ya?”
Uma pesquisa nos EUA resolveu tabular dados de quantas pessoas quantos alunos recebem punições por mau-comportamento. A pesquisa conclui que negros recebem mais punições por eles não serem advertidos antes várias vezes, coitadinhos.
A drª Kate M. Wegmann é professora do Departamento de Assistência Social da Universidade de Illinois. Segundo sua própria Bio, ela trabalha em um projeto qualitativo que examina as percepções de estereótipos de crianças do ensino fundamental no ambiente escolar e suas relações com o aprendizado, bem como analisa quantitativamente a intervenção baseada na escola para reduzir os efeitos da ameaça estereotipada em uma escola secundária diversificada e avaliar os efeitos dos serviços de saúde mental baseados na escola sobre o desempenho acadêmico e comportamento em seis escolas primárias urbanas de alta necessidade.
Genérico e palavrório bastante para você? Pois é. O que Wegmann faz é ficar coletando dsdos e dando palpite sobre o que possivelmente está acontecendo.
No seu trabalho, Wegmann e sua estagiária de luxo não-remunerada Brittanni Smith examinaram dados de mais de 4.100 alunos em 17 escolas. Os alunos estavam no Ensino Fundamental em escolas de duas comunidades da Carolina do Norte. O que elas repararam e que negros, apesar de não serem maioria da população do corpo discente (gostou dessa do “discente”, né?) eram os que mais acabavam ganhando uma visitinha na sala do Diretor e/ou suspensão. Culpado disso? Dos malvados dos professores que não ficavam insistindo que mau-comportamento não é algo bonito e o tio não gosta.
A pesquisa começou com entrevistas realizadas durante os anos letivos de 2009-2010, 2012–2013 e 2013–2014 com alunos sobre os vários tipos de conduta indevida que haviam praticado na escola nos últimos 30 dias, incluindo atrasos, atrasos nos trabalhos de casa, discussões com professores e porradaria entre eles e outros alunos, bem como a frequência dessas infrações. O tipo de coisa que você precisa avisar várias vezes que não é pra ser feita, certo?
Os alunos também foram questionados sobre os tipos de punições que receberam, incluindo advertências verbais de seus professores, avisos por escrito enviados para suas casas ou telefonemas para seus pais. Eles também relataram formas excludentes de disciplina que podem ter experimentado, como serem enviados para o escritório do diretor e suspensões.
Não, professores não foram entrevistados, mas a coisa começa a ficar engraçada agora.
Embora as pesquisadoras tenham verificado que alunos negros eram mais propensos do que seus colegas brancos a promoverem atos de indisciplina e posterior punição, elas apontaram que havia diferenças mais significativas na probabilidade de os estudantes negros receberem advertências escritas ou verbais. Ou seja, já não se dialogava mais e mandava logo pro vinagre.
Qualquer professor pode atestar isso. Tem aluno que não adianta mais você chamar a atenção.na primeira escorregada manda logo pra coordenação, direção, carta pros pais, telefonemas e suspensão. A suspensão não é uma punição pro aluno. É um favor que estão fazendo a ele, já que ele não quer estar no colégio e muito menos estar de maneira civilizada. A suspensão é uma punição pros pais tomarem vergonha, irem no colégio e tomarem um esporro, no que se pergunta se eles não educam a merda da tosqueira que colocaram no mundo.
Claro, ninguém vai admitir isso, mas é exatamente isso que acontece. Professor não tem que educar criança. Criança tem que ser educada em casa, e não importa se pai e mãe trabalha e não te tempo. Eu dou aula para classe média-alta/classe alta, com pai/mãe em casa, trabalhando menos horas e mesmo assim eu tenho uns maníacos em minha sala de aula. Que o papai e mamãe fazem? Levam num psicólogo, que por meio de um belo valor da consulta dá o diagnóstico que os ais querem (se não der, procura-se outro psicólogo que dará o laudo). Daí surgem uns diagnósticos de depressão infantil a rodo, quando o moleque/moleca tem apenas má-educação e o plano de psicologia a ser aplica é o plano de psicologia da Avaiana de Pau.
Wegmann e Smith analisaram os dados usando duas técnicas. Primeiro, eles calcularam e compararam as porcentagens de alunos negros ou brancos que relataram cada tipo de mau comportamento e quaisquer consequências disciplinares que sentissem. Este método foi usado em estudos anteriores para identificar disparidades de disciplina.
Usando essa técnica, eles descobriram que, enquanto os alunos negros compunham apenas 23% da população do estudo, esses estudantes respondiam por 37% das suspensões escolares e mais de 35% dos encaminhamentos para o diretor, orientador ou qualquer outro que fosse dar esporro neles. Claro, as duas pesquisadoras estão associando isso veladamente a racismo (basta ler nas entrelinhas), mas não tocam na hipótese de esses alunos serem mais propensos a atos de comportamento inaceitável perante uma sociedade organizada. Qual a fonte deste mau-comportamento? Ninguém parou para pesquisar. A pesquisa não foi a fundo, analisando todos os aspectos, entrevistando professores e outros profissionais de ensino dos referidos colégios.
Cerca de metade dos estudantes que relataram três ou mais suspensões ou que tiveram pelo menos três advertências enviadas ou chamadas para suas casas eram negros, de acordo com o estudo, que não parou para perguntar e tabular os motivos. Chegou atrasado? É preciso mesmo ficar falando que é pra chegar na hora? E se chegou atrasado, ainda mais sendo crianças, a culpa está mais nos toscos dos pais, mas aí estaremos atravancando a Narrativa, certo?
Usando uma segunda técnica de análise de dados chamada regressão logística binária, os pesquisadores investigaram disparidades por raça e sexo entre as infrações comportamentais e as formas de disciplina. Ao contrário do método tradicional de comparação de percentual, a regressão logística binária considera as características individuais, como o número e a frequência das infrações relatadas ao estimar as chances de receber uma forma de disciplina.
Independentemente do número ou da frequência de suas infrações, os estudantes negros eram menos propensos do que seus pares brancos a serem avisados ??sobre seus comportamentos na sala de aula ou em mensagens para seus pais, descobriram os pesquisadores. Provavelmente por serem reincidentes e sempre os mesmos. De novo, isso não foi tabulado.
Mesmo entre os alunos que relataram três ou mais incidentes de mau comportamento, os homens negros eram menos propensos do que os homens brancos a serem alertados por seus professores sobre má conduta. De novo, como professor dá pra se salientar algo. Tem duas que aquele aluno bom e tranquilo está surtado. Ou então porque ele viu que o coleguinha que pinta e borda faz e não acontece nada. Você, como professor, tenta fazer com que ele não vá pela má influência e dá um esporro maior que fica no verbal mesmo, já que esse aluno vai ver que não é pra fazer isso e não banca mais o maria-vai-com-as-outras. Já os outros psicopatas estão se lixando, e você não vai perder tempo chamando a atenção várias e várias e várias vezes. Eu sei que é chocante, mas professor é humano e tem paciência limitada.
Nesse ponto, a pesquisa dá uma virada que você chega a ficar tonto, pois a pesquisa apontou que as meninas negras não tinham maior probabilidade de serem suspensas do que as brancas (e muito menos que os meninos negros ou brancos), elas tinham maior probabilidade de serem advertidas verbalmente ou por escrito e de serem enviadas ao escritório do diretor para tipos similares e frequência de mau comportamento.
Péra. Afinal, o problema é com relação à etnia? Ou era perseguição a meninos? Androginia? Racismo com androginia? Afinal de contas o que está acontecendo? A tabulação não foi, de novo e de novo, analisar isso.
É aquela velha pesquisa tabulada com dados de uma parte e partindo para uma conclusão que diz que
o presente estudo demonstrou que as disparidades raciais / étnicas também estavam presentes ao considerar formas não-excludentes de disciplina. Além disso, infrações particulares foram associadas a uma probabilidade diferente de consequências disciplinares, dependendo se as infrações foram cometidas por um afro-americano ou um estudante branco.
Lembrando que meninas negras não tinham a mesma taxa de punição que meninos negros, meninos brancos e meninas brancas. Mas aí, como falei, faz mal para a Narrativa, deixa gente irrita e engorda. Melhor ficar só com os dados que interessam, certo?
Aí, quando falamos que pesquisas de Ciências Humanas são um lixo, reclamam. Pode não ser todas, mas a presente é pura manipulação de dados, que foram obtidos unilateralmente sem a real intenção de examinar as causas. Vendo só a consequência (ou parte dela, pois como um todo vai afetar o que se quer passar), fica mais fácil de defender uma posição. Isso não é nem má ciência. Não é ciência em absoluto.
A pesquisa foi publicada no periódico Children and Youth Services Review