Eu gosto destes títulos genéricos que se você tem um comportamento saudável, esse comportamento será… bem, saudável. Estou adorando esta linha de títulos. Se G1 pode, eu também posso, e como G1 tem muito mais acesso, sei lá, o titulo deve ter uma participação nessa parte.

O pior é que é exatamente isso o que uma pesquisa procura correlacionar: será que ter hábits saudáveis ajuda a pessoa a ter menor risco de demência, tendo uma vida melhor? Puxa! Qual será a resposta?

A drª Elzbieta Kuzma é pesquisadora em Neuroepidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter. Ela tem experiência em neuropsicologia, com especialização na avaliação da demência. Então, se você anda se esquecendo da coisa e sujando o fraldão, provavelmente você seria o cara que despertaria o interesse dela. Vai fundo, rapaz!

Kuzma conduziu um estudo apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em 2019, que descobriu que o risco de demência era 32% menor em pessoas com alto risco genético por terem seguido um estilo de vida saudável, em comparação com aqueles que tinham um estilo de vida pouco saudável.

Ou seja, estilo de vida saudável faz bem, pessoal. Recomendo!
Kuzma e seu pessoal analisou dados de 196.383 adultos de ascendência europeia com 60 anos ou mais do UK Biomank. O UK Biobank tem o objetivo de melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento de uma ampla gama de doenças graves e potencialmente fatais como câncer, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral , diabetes, artrite, osteoporose, distúrbios oculares, depressão e formas de demência.

O Biobank é um grande banco de dados genético com informações de 500.000 pessoas com idade entre 40-69 anos. Os voluntários forneceram amostras de sangue, urina e saliva para análise futura, informações detalhadas sobre si mesmos e concordaram em ter sua saúde acompanhada de perto, formando um imenso banco de consulta para pesquisas como a da drª Kuzma.

Como todos os dados desses voluntários estão à disposição, era só fazer um cruzamento de informações, e daí sai uma legião de pesquisas (pois elas poderão ser muitas). No caso da pesquisa a qual estamos aqui tagarelando, os pesquisadores identificaram 1.769 casos de demência durante um período de acompanhamento de oito anos. A equipe agrupou os participantes naqueles com alto, intermediário e baixo risco genético para demência.

Para avaliar o risco genético, os pesquisadores analisaram dados publicados anteriormente e identificaram todos os fatores de risco genéticos conhecidos para a doença de Alzheimer. Cada fator de risco genético foi ponderado de acordo com a força de sua associação com a doença de Alzheimer.

Para avaliar o estilo de vida, Kuzma e seus colaboradores agruparam os participantes em categorias favoráveis, intermediárias e desfavoráveis, com base em sua dieta autorreferida, atividade física, tabagismo e consumo de álcool. Os pesquisadores consideraram que não há tabagismo atual, atividade física regular, dieta saudável e consumo moderado de álcool como comportamentos saudáveis. A equipe descobriu que viver um estilo de vida saudável estava associado a um risco reduzido de demência em todos os grupos de risco genético.

Obviamente, esta pesquisa tem alguns problemas. O estilo de vida dos voluntários é auto-descritivo, ou seja, eles mesmos disseram, sem um acompanhamento com este nível de detalhe. Deveria, mas não teve. São limitações que não diminuem a importância de um modo de vida saudável, mas mostra que nem sempre podemos ter todos os dados à nossa disposição, e dados obtidos por observação rigorosa são sempre preferíveis.

A pesquisa foi publicada no periódico Journal of the American Medical Association