Finlândia Informa: Ovo não faz bem, mas não te ferra. Ou sim, sei lá, ninguém sabe

Deixe-me checar aqui. Cura do Alzheimer? Não. Novo tratamento do autismo? Também não. Dá pra substituir remédios pela alimentação? Não, nad disso. O que estaremos publicando hoje. AH, SIM!

Bem, uma nova pesquisa mostra que o consumo de até um ovo por dia não está associada a um risco elevado de acidente vascular cerebral. Não é que ovo faça bem, mas não faz mal. Sim, esta é a nossa notícia de hoje: você não estará ferrado comendo um ovo por dia!

A drª Anna Abdollahi é pesquisadora do Instituto para Ciências Moleculares da Universidade da Finlândia. Longe de se vestir de verde e montar brinquedinhos para um coroa gordão, Abdollahi pesquisa a associação entre portadores do gene APOE4, que afeta o metabolismo do colesterol e é notavelmente comum entre a população finlandesa.

O gene apoE humano está localizado no braço longo do cromossomo 19, estando próximo aos genes TOMM40 e apoC1, dentro do loco RELB. O apoE é composto por quatro exons, distribuídos ao longo de 6.740 nucleotídeos no genoma humano. Retirando-se os introns, sobram apenas 1.156 pares de bases que compõem o mRNA que será transcrito, responsável pela tradução de três isoformas da proteína. A região transcrita de apoE possui uma grande quantidade de citosinas e guaninas (respectivamente 31,84% e 37,37% do mRNA transcrito) que, por formarem três ligações de hidrogênio na dupla fita de DNA, conferem à região uma estabilidade maior, dificultando dessa maneira o processo de amplificação e análise laboratorial deste gene pelo método da PCR (Polymerase Chain Reaction).

Você copiou isso de algum lugar, né?

Sim, daqui.

Fuck you!

O apoE humano está ligado a muitas ocorrências. Adivinhe uma delas. Sim, isso mesmo! Alzheimer, pois nenhuma notícia de saúde está completa se não colocarmos Alzheimer ou Autismo no assunto, mesmo que seja apenas para falar que comer ovo não fede nem cheira.

Quer dizer, cheira se for ovo cozido e principalmente com repolho, mas disperso-me

O fenótipo 4 da apolipoproteína E afeta significativamente o metabolismo do colesterol. Na Finlândia, onde a pesquisa foi feita, a prevalência de indivíduos portadores de APOE4, uma variante hereditária, é excepcionalmente alta, com aproximadamente um terço da população apresentando-se como portadores (por “um terço da população” entendemos que menor que a população do bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro). No entanto, dados de pesquisa sobre a associação entre uma alta ingestão de colesterol dietético e o risco de acidente vascular cerebral neste grupo populacional não estão disponíveis até o momento. Resumindo: ninguém sabe nada, mas tascou a pesquisa pra publicação assim mesmo porque… bem, por que não?

Os resultados da pesquisa apontaram que durante o acompanhamento de indivíduos com idade média de 21,2 ± 7,2 anos, houve 217 incidências de qualquer acidente vascular cerebral: 166 de AVC isquêmico e 55 de AVC hemorrágico. Comparando o maior quartil de ingestão de ovos com o mais baixo, os dados multivariáveis foram 0,81 para o acidente vascular cerebral total (95% CI: 0,54, 1,23; tendência P = 0,32), 0,84 para acidente vascular cerebral isquêmico (95% CI: 0,53, 1,34; tendência P = 0,44) e 0,75 para AVC hemorrágico (IC 95%: 0,32, 1,77; tendência P = 0,40). A pressão arterial diastólica foi 1,6 mm Hg (P-tendência = 0,04) menor no grupo com maiores percentuais de ingestão de ovo, mas não houve associações com a pressão arterial sistólica ou com a ingestão de colesterol. O fenótipo ApoE (32% tinham fenótipo apoE4) não modificou as associações.

Isso levou à conclusão que (rufem os tambores) o consumo de ovos e colesterol não foram associados ao risco de acidente vascular cerebral nesta coorte, independentemente do fenótipo da apoE. Embora que, os pesquisadores ressaltem que a generalização da pesquisa é enfraquecida pelo fato de a população do estudo não ter uma doença cardiovascular pré-existente no início e o tamanho da população do estudo ser relativamente pequeno.

Resumindo: ok., ninguém dos estudados teve um AVC ou Alzheimer ou seja lá que doença que vocês queiram, unicamente por terem comido o famigerado ovo. Só que a pesquisa mesmo aponta que é preciso um grupo maior, não os duzentos e tantos zé ruelas que foram submetidos aos testes.

Os resultados que não levaram a lugar nenhum foram publicados no American Journal of Clinical Nutrition e você pode usá-los para dizer à sua santa esposa que pode se encher de ovo que não pega nada. Só lembre que você não é finlandês, ok?

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