As diferenças dos cérebros humanos e demais macacos não são apenas o tamanho

Dá para perceber bem a diferença entre humanos e outros primatas só de olhar pra eles (embora não tanto se pegarmos apenas os comentários de portais de notícia). A principal diferença está no desenvolvimento do cérebro, embora a quase totalidade do cérebro seja parecida. Parecida, mas não igual. Mas quando e em que parte do cérebro começaram as mudanças? Bem, é o que uma pesquisa pretende explicar.

O dr. Nenad Sestan é professor de Neurociência no Departamento de Neurociência da Universidade Yale. Ele não está interessado no que você tem na cabeça. Ele iria lhe encaminhar para o Departamento de Gastroenterologia. De acordo com sua pesquisa, todas as regiões do cérebro humano possuem assinaturas moleculares muito semelhantes às todos os primatas. Ok, beleza. Cadê a diferença? Está em algumas regiões que possuem padrões de atividade genética distintamente humanos, isto é, um Puma é parecido com um Porsche (pergunte ao seu pai), mas na hora de meter o pé o acelerador é que você percebe a diferença.

Da mesma forma, não basta que quase todas as assinaturas moleculares sejam parecidas. Na hora da bagaça toda funcionar é que começam as diferenças, e estas diferenças vêm por causa de marcadores genéticos que humanos tem e o restante da macacada não.

Sestan fez uma análise profunda nos tecidos cerebrais de humanos, chimpanzés e outros macacos. A pesquisa mostrou que não é uma questão que tamanho é documento ou deixa de ser. Sim, é, mas não só isso. O cérebro humano não só é maior que o de seus ancestrais proto-humanos, como é maior que os dos seus primos. E não, o Homem não veio do Macaco. Ambos tiveram um ancestral comum, que não era humano nem macaco e nem nuteleiro de YouTube.

A pesquisa mostrou que os cérebros humanos são três vezes maiores, têm muitas mais células e, portanto, maior poder de processamento. Tecncamente não apenas por ser maior, mas como as células trabalham juntas formando ligações sinápticas e processando informações.

Diferenças distintas foram encontradas em regiões do cérebro como no cerebelo, em que pesquisadores descobriram que gene ZP2 era ativo apenas em cerebelo humano, mesmo o referido gene já ter sido associado à seleção de esperma por óvulos humanos. O que esse gene tá fazendo lá? Ninguém sabe. Por que? Ninguém sabe. Por que não está nos outros primatas? Também ninguém sabe. AINDA. Mas é fato que esse gene está lá, atuando numa região específica, enquanto os demais cérebros dos outros primatas não possuem esta ativação. Capricho divino em ser diferentão em alguma coisa? Poderia ter feito do zero. Por que não fez?

Achou que é tudo muito legal, certo? Bem, além disso, Sestan e seu pessoal encontraram níveis bem mais altos de expressão do gene MET, que está ligado à desordem do espectro autista, no córtex pré-frontal humano em comparação com os outros primatas testados; ou seja, estamos mais propensos a termos autismo do que um chimpanzé. Capricho divino? Sadismo de um Projetista Inteligente? Coisas que a Seleção Natural apronta por ser guiada por processos bioquímicos e não porque haja algum planejamento.

A pesquisa foi publicada na Science

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