Como o cérebro culpa e é compreensivo mediante ações e como elas são apresentadas

A sabedoria popular, que muita das vezes se mostra burra, criou frases de efeito, em que muitas delas acabam parando no principal meio de divulgação de cultura: para-choques de caminhões. Sabem aquelas frases de efeito tipo “quando acerto ninguém se lembra, quando erro não me deixam esquecer”? Bem, talvez nesse caso seja uma verdade, e isso pode ter explicação científica.

Uma nova pesquisa estuda um bug esquisito de nosso cérebro: Por que somos bem rápidos em culpar as pessoas por suas ações, mas ao mesmo tempo somos mais lentos para dar-lhes crédito?

Lawrence Ngo é doutorando do Departamento de Psicologia da Universidade Duke, nos EUA. Ele está interessado nos mecanismos neurais de interações sociais no contexto da moralidade, e como a compreensão desses mecanismos pode informar como os pesquisadores abordar o diagnóstico e tratamento de transtornos mentais.

Esse parágrafo está na bio de Lawrence da Arábia Ngo. O que ele estuda é como nós agimos mediante questões éticas e morais frente aos erros e acertos de outras pessoas, e como isso pode nos auxiliar a diagnosticar quem está com parafuso solto.

Ok, como Ngo fez isso? Como julgamentos são questões muito subjetivas, vamos tentar outra abordagem. Como esse negócio de psicologia é legal, mas para entender o cérebro é preciso ver o que se passa dentro dele, Ngo largou Freud de lado e partiu pra neurociência e ver se consegue explicar por que as pessoas são propensas a ase posicionar negativamente com relação a ações intencionais mas compreensivas a acontecimentos tidos como “não-intencional”.

Qualquer ação questionável que fique comprovada que foi uma atitude consciente do seu perpetrador é visto como algo execrável. Mas se o cara ergue os ombros, faz carinha de coitado e inclina as sobrancelhas, boa parte das pessoas ficará propensa que ele não é tão FDP assim. Algo tipo shit happens. Ngo usa o exemplo de um CEO de uma empresa que sabe que determinada ação dessa empresa fará uma cagada no meio ambiente e no ambiente inteiro (nunca me canso dessa piada). Seria como o caso hipotético de… sei lá. Uma empresa de mineração, por exemplo, que constrói várias barragens e pouco se importa se o acúmulo de lama tóxica lá será contida para sempre ou não. A única coisa que este CEO dá importância é o lucro.

Curiosamente, o CEO Fidamãe que caga e anda pra caca que fez no meio ambiente foi acusado coo culpado em 82% dos casos, em que o pessoal reiterou que o sujeito teve uma atitude deliberada. Mas quando os pesquisadores substituíram a sentença, dizendo que o CEO queria ajudar o meio-ambiente, mas acabou prejudicando, denotando inocência na atitude, ainda que ele visasse lucro, apenas 23% consideraram as ações do CEO intencionais e reprováveis. O que isso lhes lembra? O velho jogo de marketing de reescrever frases, usando termos mais suaves, fazendo com que os otários caiam na conversa mole.

Por exemplo, o recente caso do WhatsApp que a Justiça mandou bloquear por 48h. Todo mundo chilicou porque era censura (eu vi até usarem fotos do tempo da ditadura militar para ilustrar isso), estavam cerceando o direito das pessoas blábláblá. Qual a treta? A Justiça tinha avisado DUAS VEZES à direção do WhatsApp (que pertence ao Facebook e tem escritório aqui no Brasil), que fornecesse os dados de certos indivíduos de moral duvidosa que andaram pulando a cerca das leis. Como o WhatsApp defecou e se locomoveu, a Justiça mandou bloquear aquela bagaça. O que aconteceu? Os usuários tiveram chiliques. uns disseram que era culpa do PT porque não queria que soubéssemos o que estavam tramando, que seria a instauração e uma ditadura comunista. Outros disseram que era para favorecer o filho do Lula, já que ele seria dono do Telegram, aplicativo que concorre com o WhatsApp.

Poucos foram os que entenderam que a Justiça fez uso de instrumentos legais, previsto em leis. Mas não! Zuckabala apareceu com aquela cara de bonzinho e todo mundo o desculpou. Agora, com a liminar cassada, ele posa como herói. Pouquíssimos entenderam que a empresa foi punida, porque, meus queridos, ficar 2 dias desconectado afeta, não você, seu idiota! Afeta a EMPRESA. Com os usuários aconteceu o seguinte: pessoal correu pro Telegram, já que estavam que nem viciados sem sua droga, com a crise de abstinência batendo forte. No Brasil do jeitinho, não importa o motivo que levou a Justiça a tomar a decisão. Brasileiro quer direitos e não deveres e respeitar as leis só as que lhe são favoráveis, eternizando a cada dia a Lei de Gérson. Alguns espertões usaram VPN, para continuar com seus vícios. Depois vão reclamar, claro.

Voltando à notícia que estou mais preocupado, que é a pesquisa de Ngo, o que ele e seus colaboradores perceberam é que as pessoas usam dois mecanismos diferentes para julgar o grau de intencionalidade de uma ação. Se a ação produziu um efeito negativo, os participantes estavam mais propensos a recorrer a áreas do cérebro envolvidas no processamento da emoção (em particular, a amígdala). Quanto maior a reação emocional do participante relatou ter, mais forte essa reação ativava a sua amígdala. Mas se uma ação produzia um efeito positivo, a amígdala quase não era ativada. Isso faz com que a resposta emocional negativa seja sempre bem mais rápida que a resposta emocional positiva.

A pesquisa foi publicada no periódico Scientific Reports, e você poderá ler na íntegra AQUI. Divirta-se

3 comentários em “Como o cérebro culpa e é compreensivo mediante ações e como elas são apresentadas

  1. Estou chocado, não sabia que o filho do Lula era dono do Telegram! kkk cpz

    Excelente artigo! Isso explica porque as memórias negativas são geralmente mais fortes do que as positivas =)

    Curtir

  2. P.S. Isso explica até porque a maioria dos ocidentais adora um deus morto zumbi e o objeto de seu “SQN” martírio!

    Duvido que se na ele tivesse simplesmente batido as botas alguém lembraria da estória dele ;)

    Curtir

  3. Então foi por isso que o WhatsApp foi bloqueado? Como de costume, o filho da puta do Mark Zuckerberg ficando bem na foto.

    Sobre isso do pessoal recorrer a VPN, Telegram, Viber, Zapzap e concorrentes mostra porque existem clínicas de reabilitação para dependentes de Internet. Mas já estou começando a desviar do assunto do artigo.

    No fim das contas, é mais uma mostra do que acontece quando o sistema límbico toma conta da situação.

    Curtir

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s