Nosso cérebro faz muita coisa, e a maioria você nem sabe. Por exemplo, você está respirando agora. Agora, você vai inspirar, expirar, inspirar, expirar… agora se vira aí pra mandar pro automático de novo :)

Lembre-se da fenilcetonúria.

Para fazer tudo isso, nossa querida gelatina gasta 20% de toda energia consumida pelo seu corpo inteiro. Sim, isso mesmo! 1/5 de toda energia do seu corpo vai pro cérebro, excetuando casos especiais, como criacionistas, ufeiros e o pessoal que acha que fosfoetanolamina foi proibida pelos illuminatis das companhias farmacêuticas.

Com tanto gasto de energia, o cérebro acaba arrumando algum jeito de diminuir esse gasto. E uma das formas encontradas é… esquecendo informações.

O dr. Germund Hesslow é professor do Departamento de Aprendizado Associativo no Departamento de Ciência Médica Experimental na Universidade de Lund, Suécia. Ele estuda a forma como nossos queridos cérebros não só possuem mecanismos de aprendizagem, mas também como acontece o processo de esquecimento que o cérebro acha desnecessário. É como Paul Valéry disse uma vez.

Parte do que leio, eu esqueço. É preciso que muito se leia para que algo se esqueça. O que sobrar é o que chamamos de "cultura".

Bem, para que e por que esses esquecimentos acontecem? Para Hesslow, isso estaria relacionado à administração de gasto de energia. Ele argumenta que em presença de dois estímulos concorrentes (ao mesmo tempo) os resultados de processamento de informação são piores do que apenas um estímulo. Bem, o cérebro recebe zilhões de estímulos a cada nanossegundo e ele tem que trabalhar o melhor possível para dar atenção a tudo,. e isso requer muita energia.

De acordo com a pesquisa de Hesslow e seus colaboradores, quando o cérebro "aprende" com determinado estímulo, ele cessa aquilo para dar maior atenção a outros estímulos, esquecendo momentaneamente do que está fazendo. Esse negócio de pessoas multitarefas há muito tempo foi provado como mentira.

O cerebrão, então, cria meios de freiar sobre o mecanismo de aprendizagem, e quanto mais você aprende, maior é messe freio. Assim, os neurônios param de fazer associações para, então, o cérebro dedicar todos os seus joules de energia ara processar outros tipos de informação.

A pesquisa foi publicada na PNAS e… ela é importante? Bem, eu acho que toda pesquisa é importante, mas essa aqui pode ter uma importância que não é vista a um primeiro olhar. Pense que se eu desenvolver técnicas para ensinar ao cérebro que o que eu estou estudando é sim importante, ele não apagará de forma mais importante. Seu cérebro organiza as coisas por ordem de importância que nós mesmos damos. Por isso você memoriza algumas coisa mais fáceis que outras. por exemplo, um médico lembrará mais fácil da doença que eu mencionei no segundo parágrafo e que você leu  esqueceu.

Sim, eu sei ler mentes.

Dessa forma, ao organizarmos nossos pensamentos, estaremos organizando nossas memórias. Porque, vocês sabem, a eritoblastose fetal que mencionei no segundo parágrafo é uma doença séria. ;)