Eu adoro invenções que melhorem a vida das pessoas. O problema é quando estas invenções são inventadas produzindo algo PIOR do que já se tem. Normalmente, isso é feito por gente que não entende nada sobre o que quer trabalhar, acabando num imenso facepalm, seguido de uma gargalhada, seguido de uma expressão "are you fuckin’g kidding me?".

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em parceria com o MIT e a Microsoft, idealizaram um monitor para ser usado por gente míope, hipermetrope e cegueta, dispensando o uso de óculos e lentes de contato. Ideia legal, não acha? Ok, você provou que não tem problemas de visão.

O dr. Brian A. Barsky é professor de CIência da Computação da Universidade da Califórnia. Como vocês podem ver na foto, ele não usa óculos.

O dr. Gordon Wetzstein é pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachussetts e professor da faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade de Stanford. Ele também não usa óculos.

Porque, se os dois aí USASSEM óculos, veriam que a ideia de uma tela que ajusta sua imagem mediante o problema de visão do seu usuário é a ideia mais ESTÚPIDA que existe!

A ideia até pode parecer legal, mas é prova de não ter conversado com ninguém que use óculos ou lente de contato (como eu, por exemplo). Quem usa óculos precisa usar óculos não apenas para ficar plantado na frente de uma tela qualquer. Precisamos ver tudo ao nosso redor. Aí, você tira o óculos e fica tranquilaço olhando para a tela do seu treco trequinológico (smartphone, iWhatever etc), até que você tem que olhar algo em sua volta, ou pra um pedaço de papel ou o que quer que seja que não o monitor.

Perguntem a qualquer pessoa com problemas oftalmológicos o que acontece se colocarem e tirarem o óculos a cada minuto, o que acontece com elas. (Dica: uma dor de cabeça dos infernos!). Além disso, qualquer um que USA óculos sabe que a posição do óculos no rosto muda como as imagens são formadas na retina, por isso, as óticas fazem o teste para ver como você usa o óculos, medindo a posição da pupila e a distância entre a lente e os olhos, de forma a passar as informações para quem irá fazer a lente. Ninguém usa sempre a mesma tela à mesma distância dos olhos.

Seus olhos, outrossim (adoro escrever e falar "outrossim"), não ficam paradinhos, eles se movimentam o tempo todo, porque enxergar mesmo, você só enxerga uma pequena área de forma nítida, o restante fica a cargo da visão periférica, menos nítida. Então, os olhos "varrem" o ambiente em todas as direções e o cérebro é que monta toda a imagem. Por isso temos ilusões de óptica, em que o cérebro perde parte das informações e acaba "inventando", preenchendo as lacunas (e isso não é só com os olhos, mas TODOS os sentidos).

Também há o caso (como eu) em que há diferenças de dioptrias nos olhos (ou seja, a lente esquerda é diferente da lente direita). Eles até sabem disso, mas parecem ter dado uma de João-Sem-Braço, passando por cima de detalhes pouco importantes(para eles, pelo menos). O pessoal que teve a brilhante ideia ou não sabe disso ou simplesmente está ignorando, o que não é lá muito honesto. Nem protótipo têm (prometeram para daqui a alguns ANOS!). Não é NADA diferente daqueles designers malucos que inventam mil e uma traquitanas, que não passam no teste do riso ao se depararem com algo chamado "leis da Física". No caso, o monitor legalzão aí é maneiro pela tecnologia, mas devemos entender que não ficamos 24h por dia SOMENTE vendo monitores.

Essa brilhante pesquisa, portanto, resistirá até quando construírem o primeiro protótipo e fizerem testes com as pessoas. Mas testes DIREITO, com a pessoa agindo como no seu dia-a-dia e não apenas "puxa, olhei pro monitor e ele se adequou à minha visão", ok? Enquanto isso, divirtam-se com o artigo científico (PDF) escrito por eles.

Fonte: Pai da Criança (tsc tsc) via Meio Bit