Morte nunca é agradável. Salvo se for de algum rato, barata ou van que corta o seu carro, vindo pelo acostamento. Normalmente, a família fica com a cabeça cheia e, com isso, acaba-se esquecendo uma coisa: e se o falecido(a) tinha uma prótese w/ou implante médico? O que se faz com eles?
Se formos pensar bem, é uma pergunta intrigante. São milhões de peças como próteses de membros como braços e pernas, silicone para os seios, marca-passos e até dente postiço. Parafusos, pedaços de titânio para substituir ossos etc. Para onde vai tudo isso depois que a gente morre? Para o caixão? Algumas modelos que tem por aí, depois que morrerem, virarão uma poça de silicone.
Tudo isso vai pro ambiente e causará poluição. Entretanto, quem está a fim de usar uma perna postiça que já pertencera a alguém? Um órgão outrora vivo é uma coisa. Uma prótese de mão é outra. Não é um órgão vivo e pertenceu a alguém. Será que deu azar e, por isso, a pessoa morreu? Cruz credo! Dispositivos inertes , como implantes mamários e os substitutos não tendem a ser removidos após a morte, em grande parte porque não há nenhuma razão para fazê-lo , e eles representam pouca ameaça ao meio ambiente. Mesmo assim, é acúmulo de material caro, que poderia ser reaproveitado. Ou será que não? Mas qual seria a saída? Reaproveitar? Desmontar e reciclar? Mandar pro ferro velho para que vire outra coisa? Decoração?
Daqui a milênios, quando os futuros arqueólogos estiverem estudando nossas reminiscências, como carros, próteses e o robozinho David, verão braços, pernas, bolas de silicone que não saberão ao certo para que serviam e a Monique Evans.
Isso levando em conta o Brasil que é o país onde mais se faz cirurgias plásticas estéticas do mundo. E ainda dizem que a mulher brasileira é a mais bonita do planeta. Se fosse precisariam tanta cirurgia plástica. Ah, mas a vaidade… meu pecado favorito! Sempre a vaidade fará com que as pessoas se submetam à tortura por livre e espontânea vontade.
Normalmente, marca-passos são retirados depois que a pessoa morre. Eu, entretanto, nunca soube oque se faz com eles. A família gastou uma grana preta, farão o que? Vender? Entidades como a Pace4Life recolhem marca-passos usados para posterior doação; e sim, temos videozinho:?
Os marca-passos são testados, esterilizados e enviados para pessoas pobres, em países em desenvolvimento, já que na Inglaterra, o sistema de saúde público não é… como direi… a tristeza que é o nosso aqui. Mesmo aqueles que compraram o aparelho sabem que não farão muito com o bicho depois que o dono bateu as botas. Doar o marca-passo é como doar o próprio coração do sujeito, ou qualquer outro órgão. Não dará uma vida 100% ao futuro dono, mas é melhor que estar numa mesa de aço e coberto por um lençol.
Há uma pesquisa acompanhou 53 pacientes de um hospital em Mumbai, Índia, que receberam os marca-passos usados por dois anos. Não foi apresentado nenhum problema como rejeição (por motivos óbvios) ou infecção, já que os aparelhos foram esterilizados direito. Taí a saída.
Mas também levando em conta que estamos lidando com seres humanos, creio que alguém pagará bons milhares de dólares para ter os implantes de silicone de alguma famosa que tenha retirado-os por alguma questão de saúde (ou porque estava sem grana). Tipo: Por 200 mil reais, você poderia implantar o silicone que outrora pertencera à Danielle Winnitz.
Aqui no Brasil, não encontrei nenhum movimento de doação dessas peças. Com a nossa burocracia e modus operandi, tenho até medo do que pode acontecer, como o paciente precisar de um marca-passo e instalarem uma mão biônica no lugar.
Fonte: BBC Future